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O espetáculo final

This Is It transforma ensaios de Michael Jackson em megashow e acaba com a dúvida: o Rei do Pop ainda podia cantar e dançar como antigamente

Por Paulo Terron Publicado em 28/10/2009, às 19h22

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Michael Jackson, em cena de <i>This Is It</i> - Kevin Mazur
Michael Jackson, em cena de <i>This Is It</i> - Kevin Mazur

O mais triste de This Is It, o documentário que registra os ensaios para a (nunca concretizada) temporada de mesmo nome, é saber que Michael Jackson provavelmente poderia ter uma carreira longa e produtiva, caso se livrasse de parte de seu perfeccionismo e totalmente de sua excentricidade. A cada pequeno movimento das mãos, gingado de quadril, o músico se tornava algo maior - o Rei do Pop.

Tecnicamente, o filme é um amontoado de imagens irregulares. Câmeras de alta definição se misturam às tradicionais, dando um efeito que remete a uma montagem pirata, não-oficial. O talento do diretor Kenny Ortega está exatamente em conseguir transformar uma massa desuniforme em um espetáculo que faz sentido - e que prende a atenção do espectador durante quase duas horas.

Só não dá para esperar a perfeição que Jackson buscava. Muitas das músicas não são cantadas na íntegra e os efeitos visuais estavam longe de ser finalizados quando o astro morreu. Para dar uma ideia de como seriam, Ortega às vezes recorre a imagens computadorizadas - como em "Earth Song", quando uma animação mostra que um trator gigantesco surgiria por trás do cantor, no palco.

Outro momento marcante é o planejamento para a execução de "Thriller", com imagens que seriam em 3D (e não são, na versão lançada agora) de monstros saindo de suas covas e uma aranha mecânica que entra no palco para revelar, de seu interior, Michael Jackson.

Imaginar a grandiosidade que um show desses poderia atingir é divertido, mas os melhores momentos de This Is It são os pequenos detalhes, aqueles que Jackson nunca permitiria que se tornassem públicos se ele estivesse vivo: a preocupação obsessiva em ser amoroso com os companheiros de trabalho, mesmo quando os cobra; o domínio vocal que muita gente duvidava que ele ainda tivesse (destaque especial para "Human Nature" e "I Just Can't Stop Loving You", que começam intimistas e terminam virando hinos de estádio); a empolgação quase infantil do músico ao testar a grua que o levaria para perto da plateia (o diretor Ortega, preocupado, precisa pedir para que ele se segure durante o primeiro teste).

Se a ideia era transformar o cinema em um ambiente de show, Ortega conseguiu. Ao fim das músicas surge aquela vontade de aplaudir. E resta a tristeza da constatação de que nunca haverá um bis.