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Tom Zé chama Caetano para "briga" intelectual

Em show em SP, cantor disse que "o Brasil de Caetano e o meu não são o mesmo", trazendo à tona debate travado em blogs

Por Antônio do Amaral Rocha Publicado em 26/11/2008, às 12h42

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"O Brasil de Caetano e o meu não são o mesmo", afirmou Tom Zé
"O Brasil de Caetano e o meu não são o mesmo", afirmou Tom Zé

Neste domingo, 23, o show de Tom Zé que tinha duração prevista de 1 hora e meia avançou para duas horas, não só por causa da música. No fim do espetáculo, Tom começou a agradecer a presença de amigos conhecidos e jornalistas e trouxe para a cena um "desentendimento" que até aquele momento estava restrito ao blog de Caetano Veloso e ao seu.

Em referência aos elogios que Caetano escreveu sobre o CD Estudando a Bossa (apresentado no show; leia abaixo), Tom respondeu, em sua página, que aceitava as palavras, "afinal qualquer um pode gostar", mas disse que não poderia "voltar ao colo dos baianos, porque em momentos de dificuldades na carreira não teve a ajuda deles". Citando amigos que o ajudaram, prosseguiu: "Por causa desses e de outros tantos que aqui esqueço, eu não posso aceitar agora o seu colo e do grupo baiano, que durante todos esses anos me separaram até do que era meu, enquanto gozavam todo o prestígio e privilégios".

No show deste domingo, o cantor declarou que "o Brasil de Caetano e o meu não são o mesmo", e acrescentou que não queria falar do conterrâneo (apesar de um "Caetano, vai tomar no cu!"), que o achava genial, mas que não podia aceitar e nem entender esse súbito acolhimento.

Show desconstruído

Alternando temas do seu novo CD Estudando a Bossa e músicas conhecidas do seu repertório, entre elas "Augusta, Angélica e Consolação" e "Brigitte Bardot", Tom Zé foi irônico e genial no show de encerramento de sua mini-temporada no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, neste domingo, 23.

Tom Zé surgiu "lamentando que fosse fazer um show com canções", numa referência aos shows anteriores em que esse formato nem sempre está presente, a não ser nas concessões que faz, cantando uma e outra de seu repertório antigo.

Para platéia lotada, Tom já entrou no palco com o diabo no corpo, desfazendo aquele clímax usual dos astros da música. Só, no palco vazio, apresentou os músicos que ainda iam entrar, contando uma pequena história de cada um (Lauro Léllis, bateria; Daniel Maia, guitarra e vocal; Cristina Carneiro, teclados e vocal; Jarbas Mariz, bandolim, percussão e vocal; Luanda, vocal; Renato Léllis, baixo e vocal e Felipe Alves, baixo e vocal).

A banda de Tom é afiadíssima, tanto nos backing vocals quanto nas execuções, e nada dá errado. O vocal de Luanda é um destaque no show - ela que faz as vozes das 12 cantoras que estão no CD e ausentes no palco. A única convidada da noite foi Anellis Assumpção, que repetiu a sua performance cool do CD em duas faixas: "Solvador Bahia de Caymmi" e "Outra Insensatez, Poe", que no disco traz David Byrne.

Tom Zé fez o público cantar junto, ensaiou o coro, fez a repetição e, irônico, elogiou a platéia. Ao identificar momentos belos nas canções, fez a banda repetir somente aqueles pedacinhos. Mudou o figurino no palco por três vezes com a ajuda das vocalistas e, ao cantar e zombar do formato-show, desconstruiu o espetáculo, inclusive desmontando, literalmente, um violão. O que se viu foi um bem-humorado bate-papo regado a música.