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Três dimensões a olhos nus

Descartando competição com a Apple, Nintendo lança console portátil que simula imagens em 3D sem a utilização de óculos especiais

Por Pablo Miyazawa, de Nova York Publicado em 20/01/2011, às 15h35

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Nintendo 3DS, o primeiro console portátil que simula 3D sem o uso de óculos especiais - Divulgação
Nintendo 3DS, o primeiro console portátil que simula 3D sem o uso de óculos especiais - Divulgação

Cabe no bolso, possui três câmeras, giroscópio e acelerômetros embutidos, duas telas (uma sensível ao toque), acesso à internet. Poderia ser um novo modelo de iPhone... se possuísse o recurso de telefone. Mas não é, afinal de contas, a fabricante Nintendo não está interessada em adentrar no mercado de celulares multimídia dominado hoje pela Apple. Ao contrário, a empresa japonesa parece apenas motivada a confirmar um domínio no mercado de videogames portáteis que já se estende por mais de 20 anos.

O aparelho descrito no parágrafo anterior é o Nintendo 3DS, um console de bolso com duas telas (DS é a sigla para "dual screen"), cujos recursos foram revelados em um evento para a imprensa em Nova York, na quarta-feira, 19. Em relação ao DS, o console portátil lançado anteriormente pela Nintendo, o 3DS traz um recurso extra que vem sendo alardeado pelo fabricante como "a próxima grande revolução": a tridimensionalidade sem a necessidade da utilização de óculos especiais. Graças a uma esperta manipulação de telas e imagens desfocadas, o videogame simula imagens em 3D em sua tela superior, enquanto a inferior mantém os recursos de sensibilidade ao toque.

No evento, ocorrido em uma manhã com temperatura abaixo de zero em um restaurante no bairro do Soho, o presidente da Nintendo, Reggie Fils-Aime, alardeou os features únicos do produto, que deve ajudar a manter a onipresença da empresa nesse segmento desde meados da década de 80, quando lançou os minigames da série "Game & Watch" e, anos mais tarde, o console de bolso Game Boy. "Não é só diversão, é imersão", ele declarou, dando a entender que o 3DS deveria ser interpretado pelo mercado não apenas como uma máquina de jogos, mas como um gadget diferenciado em relação aos outros portáteis semelhantes. Na prática, porém, o 3DS é o que parece ser: um videogame de bolso com recursos avançados, mas cujo principal propósito é rodar jogos, e não muito mais do que isso.

O recurso 3D seria algo como "a cereja do bolo": experienciada apenas por quem estiver jogando (vista de longe, parece que a tela está simplesmente borrada), a sensação de tridimensionalidade do 3DS existe graças a uma intrincada ilusão de ótica que oferece a impressão de falsa profundidade a olho nu. Um botão regulador colabora no ajuste da intensidade do efeito (ou pode desligá-lo por completo), uma vez que cada usuário percebe o recurso de maneiras diferentes. A tridimensionalidade, porém, só funciona em games criados especialmente para a utilização no 3DS, como Kid Icarus Uprising, Nintendogs + Cats, The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D e Pro Evolution Soccer 2011 3D. A empresa garante que mais de 30 games serão lançados nos três primeiros meses de vendas do portátil.

Nos Estados Unidos, a máquina tem previsão de lançamento para 27 de março, ao preço sugerido de US$ 249,99 (mesmo valor de lançamento do console Wii em novembro de 2006, também fabricado pela Nintendo). No Brasil, deverá chegar "nas semanas seguintes", segundo representantes da empresa, a preço ainda não definido. A novidade para o mercado brasileiro é o fato de o aparelho trazer a opção de menus em português já em sua primeira versão, algo inédito em se tratando de um lançamento de console da fabricante japonesa no país. "Se você olhar todos os recursos possíveis no aparelho, dá para ver que temos a possibilidade de capturar a atenção de outros tipos de consumidores", explica Bill van Zyll, diretor da unidade da América Latina da Nintendo. "Mas não acho que estejamos competindo com qualquer outra empresa. Afinal, todo mundo hoje é um potencial jogador de videogame."