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Última noite do Porão do Rock prioriza atrações internacionais, mas são as nacionais que atraem mais público

Mesmo que Mark Lanegan, The Mono Men e Suicidal Tendencies fossem os shows principais, quem conseguiu o maior público da noite foram os Paralamas do Sucesso

Adriana Cruxen Publicado em 01/09/2013, às 14h28 - Atualizado em 10/09/2013, às 14h20

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Lobão no Porão do Rock 2013 - Cara Preta Comunicação/Divulgação
Lobão no Porão do Rock 2013 - Cara Preta Comunicação/Divulgação

O local era o mesmo, os palcos não mudaram de lugar e os horários eram semelhantes. Desta forma, teve início o segundo e último dia de Porão do Rock 2013 com a banda Saurios (DF), que trouxe familiares e amigos para garantir seu público. O trio tocou músicas próprias e fez uma versão de “Ainda é Cedo” (Legião Urbana). Assim que o Saurios terminou de tocar, o pequeno público que se fazia presente deu alguns passos para o lado, onde outra banda local começava seu show no palco BRB, o The EgoRaptors. O duo (guitarra/bateria) mostrou repertório em inglês e grande semelhança com o White Stripes, uma de suas influências. O esquema de palcos laterais funcionou bem para o festival, pois o público não precisa ficar esperando ociosamente a troca de equipamentos das bandas.

Veja a cobertura da Rolling Stone Brasil no festival Porão do Rock de 2012.

Sexi Fi

Às 19h50, como estava previsto na programação, o Sexy Fi começou a tocar. De acordo com Ivan Bicudo (guitarra/teclado), o grupo tem esse nome divertido porque ‘fi’ é uma gíria típica de Brasília, usada com carinho como diminutivo de filho. E o sexy? “O sexy é porque a gente é sexy”, brincou o guitarrista.

O repertório apresentado faz parte do disco Nunca Te Vi de Boa, lançado em 2012. A banda experimenta ritmos brasileiros sem deixar de lado seu estilo próprio. O público presente estava de prontidão em frente ao palco BRB, esperando o Paralamas, mas acompanhava o Sexy Fi de longe.

Paralamas do Sucesso

O Paralamas do Sucesso subiu ao palco BRB às 20h25 com o show que consolida seus 30 anos de carreira. Com incontáveis sucessos, o trio formado por Herbert Vianna (guitarra e voz), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) agradeceu ao público da capital: “É uma alegria imensa estar aqui com vocês”, disse Vianna, com toda a delicadeza de sua voz macia. O público, animadíssimo, correspondia a todos os chamados da banda, que saudou a equipe técnica, trabalhadora incansável do festival.

Em um clima de bastante descontração, com muito ska e rock and roll, o trio seguia admirado, vendo todas as músicas cantadas pelos fãs. “Vocês estão cansados?”, questionava o vocalista, que sorria quando ouvia o “Não’’ em alto e bom tom.

Sucessos como ‘’Óculos’’, ‘’Lanterna dos Afogados’’ e ‘’Meu Erro” foram cantados em coro e pela plateia, extasiada, e o Paralamas, evidentemente, deixou o palco ovacionado pelo público.

Krisiun

Enquanto o Paralamas encantava com a fala mansa e educada de Herbert Vianna, o Krisiun subia ao palco Budweiser com toda a voracidade de que uma banda de metal deve se orgulhar. Maior ícone do metal nacional dedicado à exportação, os gaúchos anunciavam: “Vamos fazer barulho porque o show aqui é pra bater cabeça”. Neste momento, os fãs, insanos, iniciaram as rodas de pogo.

Não é a primeira vez que a banda passa pelo festival independente de Brasília. Aliás, essa já é a quarta apresentação do grupo no PDR.

O show estava tão enérgico, que a grade que separava a área VIP do palco quase foi ao chão. Os fãs, nervosos, gritavam “derruba”. Sobrou para os seguranças.

Mark Lanegan

Era para ser mais que um show intimista. O público parecia ansioso. O ex-vocalista do Screaming Trees subiu ao palco UniCeub com 30 minutos de atraso, disposto a fazer um show descompromissado.

Acompanhado de dois outros músicos, que intercalavam guitarra e violão, era evidente que a apresentação teria um viés acústico. A voz rouca e encorpada de Mark impressionava até os mais desatentos.

O repertório mesclou seu trabalho novo solo, Imitations, que será lançado ainda este mês, e seu disco com versões de groove. Mas foi com hits do Screaming Trees que o trio arrancou palmas do público.

Escondido atrás de seu boné, Lanegan em nenhum momento interagiu com a plateia, que com o tempo cansou, acompanhando o show sem reação, totalmente dispersa. De fato, a apresentação introspectiva do músico não foi feit para um festival.

Mark Lanegan falou à Rolling Stone Brasil sobre a participação no Porão do Rock.)

Galinha Preta

Frango, vocalista do Galinha Preta, personalidade do cerrado, subiu ao palco e anunciou que sua banda estava completando 10 anos de carreira. Carreira, aliás, que teve início no próprio Porão. ‘’Mesmo assim a gente não é porra nenhuma’’, completou.

O Galinha Preta foi formado em 2002, e tem na formação atual Frango Kaos (voz, samples e guitarra), Bruno Tartalho (baixo), Japonês (guitarra) e Guilherme Tanner (bateria).

A banda é famosa por fazer um hardcore tosco e ruim que, de tão ruim, acaba sendo muito bom. Suas apresentações são sempre divertidas e memoráveis.

The Mono Men

Já era 1h da manhã quando The Mono Men subiu ao palco, com poucos minutos de atraso. Excursionando pela primeira vez pela América Latina, a banda se apresentou em Brasília, sendo que a turnê ainda passará por Goiânia e Buenos Aires. O grupo está de volta à ativa após 15 anos de hiato.

Com um show extremamente garage, com pitadas de punk rock e elementos do grunge, a banda norte-americana fez a plateia dançar durante uma hora no palco UniCeub. Mesmo estando com público menor do que o do conterrâneo Mark Lanegan, a plateia era muito mais animada.

A banda tem dez discos lançados e o último de inéditas é de 1998. O setlist apresentado no Porão teve faixas como “Testify”, “Stop Draggin’ Me Down” e “Right Now”.

O show agradou, apesar de ter sido para os poucos que não quiseram ver o Suicidal Tendencies, headliner do palco bate-cabeça.

Em entrevista após o show, o quarteto se mostrou ansioso para produzir material novo.

Suicidal Tendencies

Era 1h30 quando Cyco Miko e sua trupe subiram ao palco. Apenas meia hora de atraso, nada que tenha feito ninguém pensar em ir embora, afinal, era o Suicidal. A banda de punk trashcore teve o maior público daquele palco no PDR 2013 e enlouqueceu os fãs do início ao fim.

Parecia uma jam session. Quem quisesse, podia subir ao palco para cantar com a banda. E não deu outra: muita gente subiu.

O público, histérico, berrava ST, ST (diminutivo de Suicidal Tendencies), e em cada canto que se olhava havia uma roda pogo com cabeludos voando.

Mesmo tendo lançado disco novo este ano (13), o ST apostou em um repertório só de clássicas no festival.

Lobão

Depois de muitas vaias pelo atraso de 40 minutos (em virtude da apresentação do Suicidal Tendencies, que ainda tocava no momento, fazendo muito barulho) o irreverente Lobão, headliner do palco BRB e última atração do PDR 2013, subiu ao palco às 02h40 da madrugada. O público ainda estava ali, firme e forte, aguentando, e só esperando que o setlist incluísse os sucessos que todo mundo conhece e queria ouvir.

A primeira canção tocada, "Eu Não Vou deixar", inédita, ele cantou direcionada a Pablo Capilé, gestor do circuito Fora do Eixo e tema de muitos debates nos últimos tempos.

No entanto, o show começou morno. Lobão se mostrou irritado, reclamou do som e não interagiu com os fãs. Aos poucos, o músico e sua banda foram se entrosando, a apresentação foi melhorando e a plateia saiu da inércia.

O repertório foi bem variado, mas como cabe aos festivais, os hits foram priorizados. Ao sussurrar as baladas “Vou Te Levar” e “Me Chama”, Lobão conseguiu reconquistar o público, e daí em diante foi só alegria. Ele parecia finalmente satisfeito. “Tá bacaninha”, afirmou, segundos antes de tirar o fôlego da plateia com o sucesso “Vida Louca Vida”.

Após cantar o hit “Vida Bandida”, ele deu tchau, mas minutos depois voltou ao palco, sozinho, (voz e violão), e homenageou Cazuza com a canção “Mal Nenhum”. Em seguida, arriscou uma versão própria para a música “Help!”, dos Beatles.

Lobão encerrou a noite e o festival muito bem com a música "Essa Noite Não” e fez todo mundo pular cantando “Corações Psicodélicos”. Alguns fãs incondicionais compararam Lobão ao vinho: quanto mais velho, melhor ele fica.