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Barco Ancorado

Depois de ascender como a problemática Effy na série Skins, Kaya Scodelario encontra estabilidade nos mares do novo Piratas do Caribe

Lucas Brêda Publicado em 25/05/2017, às 17h46 - Atualizado às 17h47

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Kaya Scodelario
 - Rebecca Miller/Disney/Divulgação
Kaya Scodelario - Rebecca Miller/Disney/Divulgação

"Me pediram para falar em inglês porque querem entender o que eu estou dizendo”, avisa Kaya Scodelario, de 25 anos, baixando o tom da voz e pronunciando um português cristalino como os olhos azuis que sobressaem em seu rosto. A atriz está em Londres, onde foi criada, protegida do frio no quarto de um hotel cinco estrelas no centro da cidade, em um dos eventos para divulgar seu próximo projeto, Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar. O quinto filme da bilionária saga tem estreia mundial marcada para o fim de maio.

Kaya é fluente na língua portuguesa por ter sido criada pela mãe, brasileira que se mudou para a Inglaterra no começo dos anos 1990 e de quem ela carrega o sobrenome. Depois de ganhar notoriedade com o trabalho na série Skins, em 2014 a atriz se tornou um dos principais nomes da franquia Maze Runner – Correr ou Morrer, parte da onda recente de adaptações cinematográficas de livros voltados ao público jovem. Mesmo com o apelo popular da trilogia, que deve ser encerrada em 2018, Kaya não está acostumada à grandeza que envolve um trabalho como Piratas do Caribe. “Fiz o teste para este papel com alguns amigos de Maze Runner”, recorda, voltando a usar o inglês com sotaque britânico. “Eles ficavam achando que seria uma doideira eu entrar para o elenco de um filme como esse, até porque Maze Runner parece grandioso, mas nós rodamos tudo muito rápido.”

A Vingança de Salazar chega aos cinemas seis anos depois de Navegando em Águas Misteriosas (2011) e quase uma década e meia após a estreia da franquia, A Maldição do Pérola Negra (2003), quando Kaya tinha 11 anos. Johnny Depp volta ao papel do Capitão Jack Sparrow, desta vez enfrentando não só os piratas fantasmas liderados pelo velho inimigo Capitão Salazar (Javier Bardem) como também uma imagem manchada pelas acusações de agressão física contra a ex-esposa, Amber Heard (o caso foi resolvido fora dos tribunais, e ela retirou a queixa contra

o ator). As gravações do novo Piratas do Caribe ocorreram no primeiro semestre de 2015, antes do escândalo.

“Eles meio que se chocam no início”, Kaya comenta sobre a relação da personagem dela, a astrônoma Carina Smyth, com o capitão Sparrow. “Carina é uma mulher da ciência e ele acredita no sobrenatural. Mas os dois precisam um do outro, por isso ficam unidos, mesmo não se dando tão bem durante a jornada”, explica. “Depp mergulha fundo no personagem – até nas cenas mais idiotas ou amalucadas, está sempre de corpo inteiro. Além de ser legal de trabalhar junto. Até mostrei palavras em português a ele: ensinei ‘saudade’ [risos].”

“Saudade” é uma palavra que representou muito do que a atriz sentiu nos mais de seis meses em que o filme foi rodado, em uma vila construída em Gold Coast, na Austrália. Ela se lembra das fartas refeições do set (“Em Skins, a gente levava nossa própria comida”), mas também da dificuldade de ficar longe do comediante norte-americano Benjamin Walker, com quem se casaria e teria um filho em 2016, estabilizando-se após um passado recheado de inseguranças. “Gostava de atuar, mas nunca imaginei que fosse possível para alguém como eu”, confessa. “[Parecia que] você tinha que ser perfeita e conhecer alguém [importante para ter sucesso].”

Criada pela mãe, Kaya sofreu bullying na adolescência e só fez um teste para Skins, aos 14 anos, porque uma professora apontou o talento dela na dramaturgia. “Interpretar Effy foi exaustivo”, relembra Kaya, que hoje carrega pouco da personalidade atrevida e perturbada da marcante personagem da série. “Era muito difícil, ela tinha muitos problemas, enfrentou muita coisa. Eu precisava seguir em frente.” Por maior que seja a exigência física de estar em um blockbuster da Disney (as cenas nadando em alto-mar serviram como uma prova de resistência), dar vida a Carina foi sinônimo da busca pelo conforto mental que Kaya almejava após o universo nebuloso de Skins. “Fiquei muito tempo no mundo da Effy, precisava superar aquilo e me encontrar novamente.”