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Contando e Cantando

Djavan privilegia a memória no novo disco, Vidas pra Contar

ANTÔNIO DO AMARAL ROCHA Publicado em 07/12/2015, às 15h01 - Atualizado em 23/12/2015, às 20h51

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Músico fala sobre a vida dele e dos outros em álbum - MURILLO MEIRELLES/DIVULGAÇÃO
Músico fala sobre a vida dele e dos outros em álbum - MURILLO MEIRELLES/DIVULGAÇÃO

Vidas pra Contar, recém-lançado trabalho do cantor e compositor alagoano Djavan, mostra a faceta mais pessoal do artista, trazendo à tona vivências e lembranças, especialmente da vida dele no Nordeste, em 12 faixas autorais. Ele diz que não chega a ser necessariamente um álbum baseado apenas em fatos reais, apesar de ser, segundo afirma, seu projeto “mais autobiográfico”. “Eu invento situações com as quais as pessoas se identificam ou não”, conta Djavan. “Tive vontade de falar da minha mãe, da influência dela sobre mim em relação à música e das memórias do Nordeste. Quis dar luz à minha memória afetiva.”

De onde veio o nome do trabalho?
Este título, Vidas pra Contar, é porque estou mesmo falando de vidas, da minha vida, da vida da minha mãe, da vida do homem no contexto político e social dos novos tempos.

Há temas recorrentes nele?
O amor é um tema recorrente universal, rege todas as canções do mundo. E esse tema talvez seja o mais difícil de abordar exatamente por essa recorrência tão grande. Você está sempre desafiado a trazer novas nuances, novas sensações, abranger outras questões que envolvam o encontro e o desencontro, o amor não correspondido, o pré-amor, o amor adolescente, o amor maduro, o desamor. É um universo inesgotável de inspiração.

Você não costuma fazer parcerias. Tem alguma razão específica para isso?
Acho que parceria é uma coisa que envolve o mínimo de relação. Você tem que estar com a pessoa, ter alguma coisa que seja compatível. Eu faço sozinho porque sempre fiz sozinho, desde o início, e gosto disso. Tive poucas parcerias, mas tive. Em um universo de 300 músicas, umas dez delas são em parceria.

Quanto de importância você dá aos seus prêmios Grammy Latino?
Minha relação com o Grammy é antiga. Recebi o primeiro em 2000, com a canção “Acelerou”. Em 2010, ganhei o [prêmio] de Melhor Disco por Ária e, em 2015, pelo conjunto da obra. É um verdadeiro presente para quem trabalha fazendo música há 40 anos.

Falou-se bastante sobre racismo nos últimos tempos, mas pouca coisa mudou. A sociedade brasileira ainda é muito preconceituosa?
O preconceito, sobretudo racial, está na cultura do brasileiro. É enraizado e começou na formação da sociedade, com a vinda dos portugueses e dos escravos. Ali se formou o conceito de que o negro era intelectualmente inferior e que existia só para servir. Eu fui vítima de racismo quando fui preso em São Paulo, em 1979. Os guardas diziam: ‘Esse negro vai cantar na cadeia com esse cabelo estranho’. Foi algo violento, dando a conotação de que a [razão para a] prisão era apenas o fato de eu ser negro