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Masters of Sex une sexo e ótimos atores na melhor estreia do ano

Rob Sheffield | Tradução: Ligia Fonseca Publicado em 08/11/2013, às 09h08 - Atualizado em 21/02/2014, às 18h38

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DOUTORA DA ALEGRIA
Lizzy Caplan é a pioneira sexual Virginia Johnson - craig blankenhorn/showtime
DOUTORA DA ALEGRIA Lizzy Caplan é a pioneira sexual Virginia Johnson - craig blankenhorn/showtime

Saint Louis, 1957: dois cientistas realizam experimentos sobre a sexualidade humana. O doutor William Masters (Michael Sheen) e Virginia Johnson (Lizzy Caplan) levam voluntários para o laboratório, conectam eletrodos neles e os veem se masturbar. Os dois têm uma experiência quase sexual durante a situação, gritando de forma selvagem um para o outro: “Falo a 9,6 centímetros!”, “Aumento testicular!” “Fase orgástica!”. E vão ficando com mais calor do que qualquer um dos testados.

Masters of Sex é o melhor novo programa deste ano, por pelo menos 9,6 cm de diferença. É um Mad Men da ciência, contando a história real da equipe que abalou a sociedade norte-americana ao estudar o comportamento sexual humano. Tem muita nudez, na grande tradição do canal Showtime (no Brasil, a série é transmitida pela HBO) – gemidos, respiração pesada e tudo o mais. Também tem a atmosfera dos anos 50 – os carros, o cabelo, a moda. Só que, como em Mad Men, o cenário é só o pano de fundo para uma história cheia de calor sexual e intriga emocional.

O doutor Masters é um acadêmico que quer entender o mecanismo biológico da ereção – na universidade, o chamam de “líder da medicina safada”. Quando enfrenta perguntas desconcertantes (por que uma mulher fingiria o orgasmo?), ele percebe que precisa de ajuda. É aí que entra a nova assistente, Virginia, uma mãe divorciada duas vezes e cantora de bar. Não é uma doutora – nem tem diploma universitário –, mas entende um pouco sobre como o sexo funciona.

Uma boa parte de Masters of Sex deve a Lizzy Caplan, que consegue tornar qualquer projeto dez vezes melhor simplesmente por estar lá. A esta altura da carreira, parece que ela pode fazer qualquer coisa. Até foi uma crítica de rock em A Ressaca, e qualquer pessoa que consiga fazer críticos de rock parecerem sexy está em uma frequência totalmente diferente do mundo. Como Virginia Johnson, ela é uma mulher moderna, à frente do tempo, e relaxa o doutor, cujo interesse no coito é estritamente científico – ele não entende nada da libido da própria esposa. Fica de pijama durante o sexo e não consegue entender por que ela quer ver Elvis balançando os quadris no The Ed Sullivan Show.

Como Mad Men, Masters of Sex é, na verdade, uma história sobre a solidão norte-americana. O programa explora como vivemos com nossos segredos, o quão longe vamos para escondê-los, os extremos dolorosos que arriscamos por uma chance de dividi-los com outra pessoa. A doce Virginia e o gelado William são revolucionários sexuais, ousadamente abrindo o caminho para os liberais anos 60. Só que, como indivíduos, arcam com o peso de suas próprias memórias ruins e históricos familiares. Quando se conhecem, são dois adultos solitários, mas quanto mais trabalham juntos, mais começam a se sentir como seres humanos completos. Por ser um cientista, Masters fica tentando resolver o mistério de por que ele é tão atraído por Virginia – quer estudá-la, sem qualquer risco emocional. Ele quer entender tudo: por que os detalhes técnicos do sexo se embaralham em tantas emoções humanas complicadas? Só que esse é um mistério que a ciência ainda não desvendou.