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Cleo Pires se apresenta como “bandida” e “cobra venenosa” no primeiro lançamento musical da carreira

“Se viver minha vida, me divertir, ser quem eu sou e não ter preconceitos é ser ‘bandida’, então sou tudo isso”, diz a atriz, dando início à trajetória como cantora

Lucas Brêda Publicado em 19/04/2018, às 19h07 - Atualizado às 19h13

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Cleo Pires - Divulgação
Cleo Pires - Divulgação

Cleo Pires compõe desde os 12 anos. “Escrevia mais para mim, mas nada musicado”, ela conta, em entrevista de divulgação do EP Jungle Kid, primeira empreitada dela na música. Em setembro do ano passado, a atriz decidiu levar mais a sério a “brincadeira” de criar canções originais, assim como o pai, Fábio Júnior, o padrasto, Orlando Morais, e o irmão, Fiuk. “Quando eu e o Guto [Guerra, produtor do compacto] começamos, não havia nenhuma pretensão de lançar, era uma coisa que eu precisava fazer, porque era uma paixão, para ver como eu me saía nesse universo. Só que, quando começou, a gente desembestou e passou a fazer um monte de música.”

Jungle Kid saiu em março, com cinco faixas produzidas por Cleo em parceria com Guerra (que também é responsável pelos sintetizadores e a bateria), multi-instrumentista carioca conhecido por apresentar o programa do Multishow Música na Mochila. “Eu não toco, então, por exemplo, em ‘Cloud’, fiz uma melodia com a voz, gravei no celular e levei”, explica ela sobre a dinâmica de criação das faixas. “Fazia muito pouco isso, me achava meio ridícula, não sabia se era ‘coisa da minha cabeça’. Mas eu queria fazer e decidi imprimir minha personalidade, tipo: ‘Foda-se que vai ficar ridículo, vou fazer do meu jeito’.” A sonoridade vai de momentos mais dançantes e provocativos (“Bandida” e “Faz o Que Tem Que Fazer”) até a misteriosa “Jungle Kid” (com guitarras soturnas que renderam comparações a Lana Del Rey) e à balada “Cloud”. Ela cita como referências os discos recentes de Rihanna (Anti) e Kanye West (The Life of Pablo) e uma “formação” musical baseada em “Nina Simone, Michael Jackson e rock dos anos 1990”, além de “vários funks nacionais”. “Impulses”, especificamente, foi inspirada nos timbres de “Starboy”, de The Weeknd. “O Guto é perfeito por isso, ele não tem nenhum preconceito.”

Alfabetizada em português e em inglês, Cleo começou a escrever na língua estrangeira. “Se você está cantando na língua-mãe, tem outro peso”, admite. “Sempre escrevi em português, mas não conseguia musicar, achava ridículo.” Ela acabou tendo ajuda de compositores como Yuri Drummond e Rodrigo Gorky (ex-Bonde do Rolê), nomes por trás de hits de Pabllo Vittar, nas faixas em português. Além de desenvolver a escrita na língua nativa, Cleo fez aulas de canto durante as sessões de Jungle Kid. “Sempre foi e ainda é muito instintivo o jeito como eu canto, mas a aula de voz me deu mais domínio.” A artista revisou várias vezes o EP antes de lançá-lo, regravando vozes e mexendo na mixagem. “Você pensa: ‘Poxa, vai ficar gravado para sempre, então quero que esteja o mais perfeito possível, dentro do conceito.”

O título do trabalho musical de Cleo é uma alcunha que ela mesma se deu, uma espécie de autodefinição que fica ainda mais alinhada com a persona assumida pela atriz global recentemente. Ela começou a falar abertamente sobre sexo – a três, com algemas, em lugares públicos – e as polêmicas só fizeram bem à sua imagem. “[É sobre] Ser uma criança selvagem, uma espécie de Mogli”, ela tenta explicar, rindo, mas sem querer se estender. “Criança é quem você é. Você vai agregando defesas à sua forma de lidar com o mundo, mas você é a sua criança.” A postura é uma espécie de fio condutor do EP, desde a capa, em que ela aparece com pouca roupa e pinturas no corpo, até as letras (em “Bandida”, ela diz ser “erva venenosa”, “uma cobra pronta para atacar”; em “Faz o Que Tem Que Fazer”, ela canta: “Seu olhar de detento é um perigo/ Me deixa querendo, me põe de castigo”). “Às vezes, nas relações que eu vi, era dois pesos, duas medidas. Se o cara saía perdido na noite, eu era a ‘chata’, não podia ficar no pé. ‘Ele não pode sair com os amigos?’ Agora, se você sai e não atende, ‘quem você pensa que é?’ Fora que, óbvio, se você pega mais de um cara na noite, você é uma piranha, se o cara pega mais de uma, normal, bacana”, teoriza. “Se viver minha vida, me divertir, ser quem eu sou, não ter preconceitos, ser uma mulher que não é machista... se isso é ser uma ‘bandida’, uma ‘cobra venenosa’, então beleza, eu sou tudo isso.” Cleo está escalada para a próxima novela das 19h da Globo e deve continuar ativa na TV, mas não esconde a empolgação com a recém-lançada carreira musical. “[Como atriz] Você fica refém dessa dinâmica, desse universo, porque não foi você quem criou a personagem. Você está apenas fazendo uma das partes daquele negócio gigantesco, então é muito diferente”, compara. “Ao mesmo tempo, [a música] é uma interpretação, precisa se conectar com o que você está falando, sentindo, como você vai comunicar aquilo. Mas a liberdade é muito maior.” Sobre o futuro nos palcos, a artista admite que “não consegue planejar” muito antes da hora (“me broxa um pouco”) e vai focar em divulgar Jungle Kid até que os compromissos com a TV voltem a tomar a agenda. “Gosto de pensar passo a passo”, diz. “Sei que a música é uma coisa que eu amo, quero continuar fazendo e espero ter muito sucesso.”