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O Fator White

Animais empalhados, equipamentos vintage, solos de guitarra e outras obsessões: por dentro do que faz de Jack White um dos artistas mais interessantes do rock contemporâneo

Jonah Weiner Publicado em 11/07/2014, às 14h17 - Atualizado às 15h48

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<b>Fase Azul</b><br>
Desde o início da carreira solo, em 2012, Jack White tem vestido roupas com tons azuis. - Mark Seliger
<b>Fase Azul</b><br> Desde o início da carreira solo, em 2012, Jack White tem vestido roupas com tons azuis. - Mark Seliger

Na direção oeste da propriedade de sete acres de Jack White, em Nashville, Estados Unidos, entre a quadra de tênis e o casarão de tijolos brancos e vermelhos onde o músico mora, fica uma fileira de construções onde ele passa a maior parte do tempo. A mais distante delas é o estúdio de gravação, onde há apenas duas salas: uma para os músicos e outra para o engenheiro de som. “Queria que [o espaço] fosse pequeno”, diz White. “Quando estamos trabalhando, quero todos próximos, focados, sentindo que estamos juntos nessa – não dá para ficar vagando por aí ou navegando na internet.” Tudo ali dentro tem uma história exótica. A mesa de som Neve de 16 canais cujas etiquetas estão todas escritas em africâner? “Veio direto de um estúdio de TV da África do Sul”, conta White. Há uma cabeça de um alce branco pendurada na parede – o músico é um entusiasta da taxidermia há muitos anos, mas afirma que “jamais seria capaz de caçar e matar algo”. “Vejo como se eu estivesse resgatando esses animais, dando a eles um lugar digno.” Um globo estroboscópico brilha sobre os chifres do alce como uma espécie de auréola; o objeto também foi resgatado. “Era de Johnny Cash – estava lá jogado em um depósito, todo empoeirado.”

Reuniões: 20 bandas que gostaríamos que voltassem, como o White Stripes.

Em 2012, nos intervalos de sua primeira turnê solo, White se abrigou no estúdio com integrantes das duas bandas que o estavam acompanhando na estrada – Buzzards, composta apenas por homens, e Peacocks, só de mulheres – e gravou as músicas do recém-lançado segundo álbum solo, Lazaretto. Depois, ele passou um ano e meio refinando as faixas. Pareceu uma eternidade para o cara que, como uma das metades do White Stripes – a significativa banda de blues-rock que formava com a ex-esposa, Meg White –, fez o barulhento White Blood Cells (2001) em uma semana e o arrasador disco sucessor, Elephant (2003), em duas. “Pensei: ‘Que tal o desafio de trabalhar em algo por um período mais longo?’”, conta White, de 39 anos. Ideias para novas melodias ocorrem para ele com tanta frequência que, em vez de gravá-las, o compositor passou a sentar ao piano ou a pegar um violão na tentativa de guardá-las na memória. “Isso ajuda a filtrar o que não presta”, ele diz, “porque se não lembro, é sinal de que a ideia não era boa o suficiente.”

Jack White quebra recorde mundial de lançamento mais rápido de single.

A cor preferida de White quando se apresenta em carreira solo é azul, mas agora ele está vestido com uma calça marrom, botas de camurça e uma camisa Henley totalmente abotoada. Com a imponente altura de 1,89 m, ele quase seria capaz de dar uma cabeçada no alce na parede. Lazaretto está pronto, mas a turnê para promovê-lo só começaria algumas semanas depois; enquanto isso, as outras bandas de White – Raconteurs e The Dead Weather – passam por um hiato. Só que ele fica inquieto se não estiver ocupado. Seja mexendo no próprio cabelo, que desce até a altura do queixo, acendendo uma das cigarrilhas Al Capone que ele mantém sempre por perto ou mexendo na guitarra, White gosta de ter algo ocupando as mãos e o cérebro ao mesmo tempo. “Outro dia, vi fotografias dos rádios que tocavam nas prisões nos anos 1930 e comecei a fazer buscas na internet tentando descobrir que tipo de voltagem era capaz de carregar todo aquele volume pelo sistema de som da prisão”, ele detalha. Seis horas depois, ainda estava atrás de informações na rede: “É isso o que uma fotografia é capaz de fazer comigo!”

Jack White toca Led Zeppelin, Raconteurs e White Stripes no primeiro show da turnê Lazaretto.

Jack White está indo em direção ao estúdio quando ouve uma voz vinda de trás de algumas moitas: “Papaaaaiiii!” Os filhos do cantor e guitarrista, Scarlett, 8 anos, e Hank, 6, vêm correndo da casa dele, seguidos pela babá. Espiando entre a franja de cabelos castanhos e avermelhados, Scarlett me dá um oi tímido e meigo. Hank, cuja cabeça é coberta por uma pilha de cachos vistosos, é mais receptivo, me cumprimentando com um “toca aqui”. Scarlett fez aniversário no dia anterior, evento que foi celebrado com “uma comemoração pequena, só para a família”, segundo White. Quando ele está em turnê, fica duas semanas viajando e duas semanas em casa. “Não é bom para os negócios – com duas semanas você só consegue pagar os caminhões de transporte”, ele afirma. “Mas quero passar o máximo de tempo possível com eles, enquanto são crianças.”

Entenda o lançamento de Lazaretto em Ultra LP.

O artista se mostra apreensivo com a turnê de Lazaretto. Quando caiu na estrada para promover o disco Blunderbuss (2012), White alternou entre as bandas de apoio conforme seu humor – os próprios músicos não sabiam se iam tocar até o dia da performance. Desta vez, será usada “uma combinação dos dois grupos”, em parte por causa de conflitos de agenda, em parte por ele não saber se todo o esforço de viajar com duas bandas completas foi devidamente apreciado pelo público. “Estava ficando um pouco descontente, ou preocupado, com os shows no fim da turnê”, relembra. Ele chegou a diminuir a duração de uma apresentação em Nova York, e comenta a reação muitas vezes “fria” da plateia: “Quando chegamos à Escócia e as pessoas não batiam palmas, pensei: ‘A Escócia é assim agora?’ Eles costumavam agitar tanto! Fiquei pensando depois da turnê, e acho que cheguei a uma resposta: as pessoas não conseguem mais aplaudir, porque estão mandando uma porra de uma mensagem de texto com uma das mãos, e provavelmente segurando uma bebida com a outra!”, brada, enfurecido. “Alguns músicos não ligam para essas coisas, mas eu deixo a plateia me dizer o que fazer. Não há set list. Não digo as mesmas coisas que disse em outra cidade na noite anterior. É uma experiência única. Se eles não me passam essa energia, talvez eu esteja perdendo meu tempo.”

Lazaretto é uma parceria de Jack White com “ele mesmo” aos 19 anos.

Scarlett me mostra um bichinho roxo, um dos presentes de aniversário que ganhou. White é rígido quanto aos brinquedos das crianças. “Só permito jogos mecânicos na minha casa”, revela. Ele gosta do tipo de tecnologia que exalta o ofício físico empregado na confecção do objeto em questão. “Eu os quero envolvidos em coisas que possam usar com as mãos”, impõe. Por outro lado, a dieta de cultura pop das duas crianças é ampla: Scarlett está começando a gostar do grupo de comédia Monty Python, e ela e o irmão “ouvem todo tipo de música”, passando por blues, Ramones e Nicki Minaj. Mas outras incursões pelo mundo moderno estão vetadas. “Não temos videogames, nem telas”, revela White. “Isso pode se tornar um problema quando eles chegarem à adolescência, mas aí eles terão de entender que não vai rolar.”

White divide a guarda dos filhos com a ex-mulher, Karen Elson, modelo e cantora. O casal se conheceu no set do clipe da música “Blue Orchid”, do White Stripes, em 2005, que tinha Karen como estrela. Os dois se casaram naquele mesmo ano em uma cerimônia realizada no Brasil, na Amazônia. Passaram “muitos anos felizes juntos”, como relata Karen. Em 2010, ela lançou um disco produzido por White. Em 2011, entretanto, eles anunciaram o fim do casamento de um jeito bastante singular: prometendo “dança, fotos, memórias e bebidas alcoólicas”, os dois convidaram os amigos para celebrar a separação em uma festa. Mas, em 2013, o divórcio, que inicialmente pareceu tão charmoso, tomou um rumo amargo, e os pormenores mais particulares tornaram-se públicos de um modo nada agradável. Em julho, os advogados de Karen Elson solicitaram uma ordem de restrição contra White, divulgando e-mails pouco elogiosos enviados por ele à ex-esposa, alegando ameaças e citando “temor pela segurança dela e das crianças”. White negou as acusações. Karen, falando sobre o episódio hoje, por e-mail, diz que “já passou, graças a Deus”. Ela afirma que White é “um pai maravilhoso” e atesta o amor “ferrenho” dele pelos filhos.

O estilo de tocar guitarra de Jack White é frequentemente infestado do que ele chama de notas “erradas”: imperfeições e idiossincrasias que dão às melhores músicas dele uma crueza arrepiante. “Quando toco um solo, é como um ataque – é uma luta, um conflito”, ele compara. “Não ligo para ser um virtuose. Se você me interromper no meio de um solo, não vou saber te dizer que nota era.”

Para os versos de Lazaretto White se inspirou nos tempos de adolescente. Há poucos anos, ele encontrou uma caixa contendo textos que escreveu quando tinha 19 anos, época em que abandonou a Wayne State University depois de apenas um semestre de estudos. White diz que a escrita dele era “medíocre”, mas mesmo assim decidiu incorporar frases e personagens dessa fase nas músicas novas. “Foi um modo de me estimular. É como se eu conversasse com a minha versão mais nova e trabalhasse em parceria com ela”, analisa. Como Bob Dylan, o cantor compõe versos que ao mesmo tempo incitam e confundem qualquer tipo de leitura autobiográfica. Ainda assim, os críticos vêm tentando identificar temas constantes no trabalho dele. White já deu entrevistas falando sobre a morte do cavalheirismo e como “ideias e instintos naturais das personalidades masculinas e femininas estão sendo sacrificadas em nome da ideia da igualdade [dos gêneros]”; graças a comentários assim e a versos que fazem pouco de smartphones e desprezam mulheres “sem responsabilidade, culpa ou moral”, é comum ouvir jornalistas dizendo que White tem um lado conservador.

Uma das críticas mais contundentes, intitulada “Jack White’s Women Problem” (O Problema de Jack White com as Mulheres), foi publicada na revista The Atlantic em 2012, atribuindo a White atitudes retrógradas no que diz respeito a gêneros. A acusação ainda o incomoda. “Você tem que se esforçar muito para me transformar em alguém misógino”, decreta. “Havia outro artigo me chamando de feminista! Trabalhei com mais mulheres do que qualquer um que você conheça.” Ele cita uma lista parcial, de Meg White a Alison Mosshart, de Wanda Jackson a Loretta Lynn. “Elas me inspiram demais”, confessa. O texto do The Atlantic ataca White por colocar “retaliações passivo-agressivas” em músicas como “I’m Finding it Harder to Be a Gentleman”, mas ele diz que há uma diferença enorme entre ele na vida real e a voz que usa como narrador. “Você escuta as músicas da Taylor Swift e diz: ‘Essa é a Taylor, compondo do fundo do coração, sobre um namorado que ela teve’”, exemplifica. “Mas não é assim com todos os compositores.”

White traz à conversa a faixa de abertura de Lazaretto, “Three Women”, que atualiza uma velha canção gravada pelo bluesman norte-americano Blind Willie McTell. O narrador na versão de White exalta o harém que tem, mas por trás de tudo isso, segundo ele, está uma música sobre vaidade e solidão na era das mídias sociais. “Há uma frase lá: ‘It took a digital photograph to pick wich one I like’ (‘Foi preciso uma foto digital para eu escolher aquela de quem gosto’). Se você me conhece um pouquinho, acha que eu gosto de fotografia digital? Não. Não gosto. Então, obviamente essa música não é sobre a porra do Jack White. Ou seja: vá se foder! Se você é a ‘menina’ que escreveu aquele texto – e digo menina de propósito – não vai entender nada, porque simplesmente não fez a pesquisa direito.” Apesar de negar toda e qualquer acusação de misoginia, White admite que pode ser difícil conviver com ele por causa do lado incansavelmente crítico que não consegue amenizar. Também afirma ter dificuldades para ficar em silêncio. “Estou lá com a família, amigos, assistindo ao Video Music Awards ou algo assim, e fico falando: ‘Por que estão fazendo isso assim? Na abertura do show eles deveriam ter feito tal e tal coisa’.” Quando está em uma festa e alguém vai fazer um brinde, ele vai até o som, sem que ninguém peça, diminui o volume e depois o aumenta de novo quando o brinde termina, para evitar “aquele silêncio constrangedor no fim”. O impulso se estende a situações sociais mais tensas. “Se alguém conta uma piada superofensiva, sou o único a rir, só para aliviar o ambiente”, diz.

Nascido John Anthony Gillis, em 1975, ele é o mais jovem de um grupo de dez irmãos (adotou o sobrenome de Meg quando os dois se casaram). Quando era criança, os pais dele – “católicos linha dura” – já eram “cidadãos de respeito”, ambos empregados pela arquidiocese de Detroit; o pai, Gorman, fazendo reparos, e a mãe, Teresa, em trabalhos clericais. Teresa ainda está viva. “Ela vai fazer 83 anos, mas parece que tem 40”, conta White. Gorman morreu em 2006, aos 79 anos, com White ao lado dele. “Minha família estava toda lá, e eu me senti egoísta ao pensar o que pensei, mas disse em voz alta mesmo assim: ‘Quando eu morrer, nenhum de vocês estará aqui. Estarei sozinho, e

todos vocês já terão partido’.”

Fã de hard rock, White gostava de Helmet, AC/DC e Led Zeppelin na época do ensino médio. No começo dos anos 1990, tocou bateria e guitarra, e virou figurinha carimbada no circuito underground de Detroit. A cena era marcada principalmente pela teatralidade – uma banda de country-punk em que White tocava, chamada Goober and the Peas, se apresentava com fardos de feno no palco. Ele raspou um lado da cabeça e tingiu o cabelo, alternadamente, de vermelho e loiro. Ao formar o White Stripes, inicialmente alegando que ele e Meg eram irmãos e restringindo a paleta de cores usada pela banda a apenas três opções, White queria demolir qualquer dúvida sobre autenticidade, uma vez que a banda pendia para o blues. “O fato de nos apresentarmos vestidos de vermelho, branco e preto foi o maior ‘foda-se’ que podíamos dar aos puristas”, ele diz.

White sempre presta atenção na música pop, e muitos artistas pouco prováveis o agradam. Ele acha Daft Punk “incrível” e adora Jay Z, com quem trabalhou em várias faixas inacabadas. Diz que Kanye West pediu a colaboração dele para o disco Yeezus, mas que depois o rapper não tocou mais no assunto. Ele viu uma apresentação de West em Nashville no ano passado e ficou embasbacado. “Deve ter sido o maior show que já vi na vida”, afirma. “Foi mais punk e mais arrasador que qualquer outra coisa a que eu já tenha assistido. O ego é tão enorme que não há dúvida na minha cabeça de que tudo o que acontece ali é 100% honesto. Você pode dizer o mesmo de quantos outros artistas?”

Quando Jack White não está em casa, o mais provável é que esteja na gravadora e loja dele, a Third Man. Ele comprou o espaço para guardar equipamentos musicais, mas acabou transformando-o em um estabelecimento comercial. Cada parede é pintada de vermelho, preto, amarelo ou azul, dependendo da direção para a qual está voltada. Os empregados vestem uniformes em preto, amarelo e branco. Há um palco para apresentações, com espaço para uma plateia de 300 pessoas; ali, os shows são gravados diretamente em vinil com um equipamento antigo no qual um dia foram gravados os singles de James Brown. Há uma pequena cabine onde os visitantes podem gravar seus próprios vinis por US$ 15, e em que Neil Young, amigo de White, gravou seu álbum mais recente, A Letter Home. Se todo esse clima já não fosse o suficiente para lembrar Willy Wonka, White conta que o lugar já foi uma fábrica de doces e chocolates.

O ramo principal da Third Man é a produção de vinis – “lançamos 300 discos em cinco anos”, conta o agora empresário musical –, o que atrai tanto colecionadores quanto compradores casuais. O músico vê discos como objetos ao mesmo tempo lindos e estranhos, e a Third Man trabalha para torná-los ainda mais esquisitos: escondendo faixas debaixo dos selos, inserindo hologramas e líquidos coloridos dentro do vinil, produzindo edições limitadas que tocam a três rotações por segundo. O negócio todo pode parecer um capricho capaz de desperdiçar grandes quantias de dinheiro, mas White diz que é “incrivelmente lucrativo”. “E isso acontece porque não me importo. Se eu tivesse montado tudo isso para ganhar dinheiro, teria falhado”, acredita.

A Third Man regularmente convida bandas escolares e corais para visitar a loja e gravar discos – uma espécie de serviço comunitário, sem contar a boa propaganda que esses eventos fazem do vinil. Hoje, é a vez de um coral escolar

vindo de New Bethlehem, Pensilvânia. Consiste majoritariamente de meninas com botas de caubói e saias jeans, mas há um punhado de garotos perdidos no meio delas. Eles olham para White com uma animação incontrolável; dão risadinhas e sorriem nervosamente quando ele diz “oi”. “Acho que 1% deles sabia quem eu sou antes de vir aqui”, brinca. Como parte da visita, os estudantes recebem uma cópia em vinil do que gravaram. “Eles podem comprar mais cópias também”, explica White. “Custam só US$ 5. Mas ninguém nunca compra. O mais engraçado é que, se comprassem, poderiam vendê-las por uns US$ 100 na internet, porque há colecionadores querendo comprar tudo que a

Third Man lança.”

Os jovens de New Bethlehem ensaiam uma balada inspiradora sobre mudar o mundo para melhor. White, sempre interessado, entra na sala de mixagem para falar com o engenheiro de som sobre a melhor configuração de gravação para o coral. Ele os ouve cantando por um segundo. “Peça que parem”, ordena. “Temos que colocar os tenores mais perto do microfone.” O engenheiro passa a mensagem por um alto-falante, e o ensaio continua. Seguro, White balança a cabeça em aprovação: “Agora sim”.

Vinil do Futuro

O ultra LP de Lazaretto inova em todos aspectos

A íntima relação de Jack White com a música analógica ganhou novos capítulos em 2014. Durante o Record Store Day, o guitarrista promoveu o lançamento mais rápido de um single de 7’ na história. Todo o processo de gravação,

prensagem e venda de “Lazaretto”, a faixa, durou menos de quatro horas. Com a versão em vinil do álbum homônimo, White foi ainda mais ousado. No lado A, o disco, chamado “Ultra LP”, é tocado com a agulha indo do centro à borda, não o contrário, como acontece nos LPs comuns. Na última faixa do primeiro lado, a agulha fica rodando sem parar, criando som infinito. Há também duas músicas escondidas bem no meio do LP. As rotações das faixas escondidas diferentes em cada lado – 78 rpm no e 45 no B, sendo que ficam nas usuais 33 no resto do álbum. No lado B, a primeira faixa tem duas introduções: uma acústica e uma elétrica, dependendo do relevo onde a agulha

for colocada. Em relação à aparência, mais ineditismo: o lado A é brilhante, como a maioria dos vinis mais recentes, enquanto o lado B tem acabamento fosco. Além disso, os anjos da capa de Lazaretto surgem como hologramas enquanto o disco é rodado.

Mudando de Ideia

Depois de causar mal-entendidos com declarações sobre Meg White e Black Kyes, Jack pede desculpas

Na entrevista à Rolling Stone, Jack White descreveu Meg, ex-esposa e ex-parceira dele no White Stripes, como uma pessoa reservada ao extremo do ponto de vista emocional. Embora ele tenha se recusado a discutir o casamento dos dois, disse que esse aspecto pessoal de Meg o frustrava no âmbito da banda. “Ela sempre foi eremita. Quando morávamos em Detroit, eu tinha que ir até a casa dela se quisesse conversar, então atualmente isso praticamente não acontece”, contou. “Meg é uma daquelas pessoas que não retornam o ‘toca aqui’ quando você acerta algo. Ela me olhava com aquela cara de ‘Oh, grande coisa, você conseguiu, e daí?’ Praticamente todos os momentos do White Stripes foram assim. A gente trabalhava no estúdio e se algo incrível acontecia, eu ficava, tipo: ‘Caramba, a gente acabou de descobrir um mundo inteiramente novo!’ E Meg ficava lá sentada sem falar nada. Lembro-me de ouvir Ringo dizer: ‘Sempre senti pena de Elvis, porque nos Beatles tínhamos um ao outro para conversar sobre como eram as coisas. Elvis era sozinho’. E eu pensando: ‘Merda, imagine como é estar em uma dupla em que a outra pessoa não fala!’” Na ocasião, White disse crer que, no fundo, ele gostava mais de estar na banda do que Meg. “Frequentemente eu olhava para ela no palco e dizia: ‘Não acredito que ela esteja aqui’. Não acho que ela entendia o quão importante era para a banda, para mim e para a música. Ela era a antítese do baterista moderno. Meio como uma criança, incrível e inspiradora.” Depois da entrevista, White divulgou uma carta aberta em seu site oficial pedindo desculpas por qualquer mal-entendido que suas declarações pudessem ter gerado a respeito de Meg. Ele também tentou apaziguar a longa rixa que tem com o Black Keys – por diversas vezes, White insinuou que o duo era uma cópia do White Stripes. “Desejo a eles todo o sucesso possível”, afirmou.