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Os Imperdoáveis

No Velho Oeste do showbusiness, os maiores traidores são os astros do rock

Miguel Sokol Publicado em 12/05/2014, às 21h07 - Atualizado às 21h10

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Ilustração: - Gabriel Góes
Ilustração: - Gabriel Góes

A hashtag política #nãomerepresenta agora também é musical. Astros do rock tornaram-se desonrados patifes em uma corrida inescrupulosa por ouro. Sim, o showbusiness agora é o Velho Oeste – e está na hora de dar nome aos bois, digo, aos faroestes.

O ano de 2012 foi marcado pelo enorme sucesso de Lana Del Rey e Black Keys. A diferença é que Lana alcançou o estrelato com seu álbum de estreia, enquanto o Black Keys levou sete discos e quase uma década para estourar. Por isso, perguntaram como o duo se sentia ao ver o sucesso repentino da colega. O vocalist Dan Auerbach respondeu o seguinte: “Nós já vimos esse fenômeno, bandas surgiam encabeçando os maiores festivais do mundo, a gente se perguntava como elas conseguiam, e logo depois essas bandas desapareciam tão rapidamente quanto tinham surgido”.

Dois anos após chamar Lana Del Rey de fenômeno inconsistente, como se o povo aqui não tivesse memória, chega a notícia de que o mesmo Auerbach está produzindo o novo disco da cantora. O nome deste filme? Paraíso dos Falsários.

O ex-baterista e o ex-guitarrista do Queen tanto insistem em não ser ex que estrelam não um, mas três faroestes. Em 2009 os dois serviram de banda de apoio para o então calouro Adam Lambert no programa norte-americano American Idol. O nome do filme: Por um Punhado de Dólares. Não bastou, pois Brian May e Roger Taylor ainda se apresentariam com Lambert no MTV Europe Music Awards, em 2011, e na sequência marcaram uma série de shows com ele na Inglaterra. Reconheceu esse western? Fácil: Por uns Dólares a Mais. Não bastou de novo, pois agora eles anunciaram uma turnê norte-americana e ainda tiveram o atrevimento de chamar esse trio mal arranjado de Queen. Por quê? Por um Caixão Cheio de Dólares.

E o que dizer do ódio entre Dave Grohl e Courtney Love? Ele já declarou que ela é uma desequilibrada incapaz de administrar o legado do Nirvana. Ela, em contrapartida, já disse que Grohl tem inveja de Kurt Cobain e quer tudo o que era dele. Pois esse ódio infindável findou-se na cerimônia de indução do Nirvana ao Hall da Fama do Rock and Roll, quando Grohl e Courtney se abraçaram tenra e carinhosamente. O nome do faroeste: Onde Impera a Traição.

Ainda não acabou. Prince vivia em um mundo particular que funcionava sob suas próprias regras: sem nome, sem gravadora e sem internet, que ele chamou de moda passageira antes de proibir a existência das músicas dele no mundo virtual. Praticamente um Frank Zappa black. Mas agora ele voltou a se chamar Prince, tem um site e até conta no Twitter! Isso me faz lembrar de O Preço de um Homem.

Não se apresse em perdoar Os Imperdoáveis – a misericórdia também corrompe.