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P&R - Marcelo Tas

Apresentador fala sobre as críticas ao CQC e sobre a rusga com Rafinha Bastos

Stella Rodrigues Publicado em 16/10/2012, às 09h35 - Atualizado em 17/10/2012, às 13h42

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<b>FAMÍLIA</b> Tas se diz caipira e ressalta seu lado pai - RAFAEL KENT
<b>FAMÍLIA</b> Tas se diz caipira e ressalta seu lado pai - RAFAEL KENT

A frente do CQC, na Band, desde 2008, Marcelo Tas está sempre às voltas com polêmicas. Acostumado a “apanhar” das perguntas das crianças em atrações que fez para o público infantil, e dos adultos, em papéis como o do repórter inconveniente Ernesto Varela, Tas admite as falhas do programa que comanda, mas diz que sente falta de críticas mais contundentes e menos sensacionalistas. Ele também fala sobre a crise envolvendo Rafinha Bastos, no ano passado, e a pecha de machista do CQC .

Clique aqui para ler os extras da matéria, com perguntas e respostas que não foram publicadas na versão impressa.

Uma das críticas mais frequentes ao CQC é com a forma como as mulheres são tratadas. Acredito que a entrada da repórter Monica Iozzi tenha sido uma tentativa até de apaziguar isso. Mas o tratamento continua igual. Isso te incomoda?

O tempo todo isso me incomoda muito. Mas eu não tenho esperança de mudar isso nesta encarnação [risos ]. É uma coisa dos seres humanos. Esses meninos são totalmente metidos a machinhos e bobinhos, como eles aparecem na televisão, não é truque de maquiagem. Vai mudar isso? Demora. Creio que a gente avançou um pouquinho. Eu falo bastante, fui uma das mãos mais fortes na hora de contratar a Monica.

Você declarou que acha que Rafinha Bastos foi ingrato com o CQC. Ainda mantém essa opinião? Tiveram algum contato ou algum atrito?

Eu não tive atrito. Adoraria ter um. Não tive contato, cheguei a procurar e não tive resposta. A imagem que tenho do Rafinha é a de um garoto. Criativo, talentoso. E creio que acontece um momento de imaturidade. Não tenho nenhum rancor, não quero mal ao Rafinha, ao contrário. Aquela divulgação dele de “agora vou falar o que quero, ao contrário do que era na Band”… quebrou a cara. Ele tem essa dificuldade de trabalhar em equipe. Creio que ele tomou um rumo em que só valia o que ele pensava. Foi ficando cada vez mais só. E agora o vejo como um cara muito só, isso que me entristece. Posso estar equivocado, gostaria de estar equivocado, mas, quando olho para ele e as atitudes dele, vejo um cara só, falando sozinho.

Onde o humor e o jornalismo se cruzam e onde têm que ficar separados?

Eles não se cruzam [risos ]. Esse atrito é a chave do CQC e do meu trabalho. Quando eles se cruzam, sai faísca, porque são absolutamente antagônicos. O jornalismo precisa de equilíbrio, imparcialidade, ponderação, bom senso, precisão. O humor é justamente o oposto: imprecisão, improviso, total parcialidade, deformação da realidade. É ver a realidade com essa lente torta. E o jornalismo tem pretensão de ver a verdade, com uma lente que não altera a realidade. O que é uma luta inglória, porque não existe essa lente.

Uma das críticas mais frequentes ao CQC é com a forma como as mulheres são tratadas. Acredito que a entrada da repórter Monica Iozzi tenha sido uma tentativa até de apaziguar isso. Mas o tratamento continua igual. Isso te incomoda?

O tempo todo isso me incomoda muito. Mas eu não tenho esperança de mudar isso nesta encarnação [risos ]. É uma coisa dos seres humanos. Esses meninos são totalmente metidos a machinhos e bobinhos, como eles aparecem na televisão, não é truque de maquiagem. Vai mudar isso? Demora. Creio que a gente avançou um pouquinho. Eu falo bastante, fui uma das mãos mais fortes na hora de contratar a Monica.

Mas isso não muda o fato de que os meninos agem de forma machista.

Ela dá uns trocos neles, sabe fazer isso. A escolha dela foi muito intencional, porque ela não é a típica humorista de stand-up. Ela dá a volta nos meninos na inteligência. Essa é uma crítica que sempre ouço e dou toda a razão. É um programa com uma visão de machinho, de machinho inseguro, inclusive.

Recebem também reclamações dos gays?

Temos um respeito enorme na comunidade gay, porque a gente veicula conteúdos que ninguém assume, compramos brigas muito importantes. Isso gera até uma coisa dúbia: “Como pode, aquele programa que defende os gays ser machista”. Enfim, fica uma coisa confusa e eu gosto disso. Porque adoro confundir as cabeças. As pessoas procuram coerência, às vezes, em mim e no CQC . Essas pessoas estão gastando energia à toa, eu sou altamente incoerente. A natureza humana é incoerente. Nós não somos um programa jornalístico profissional, fazemos essa mistura proibida.

Você se vê mais quanto tempo no CQC?

O contrato vai até 2013. Não sou de fazer previsões. Tenho que estar estimulado, essa cadeira em que eu sento é dificílima, levo muita pancada. E muitos créditos que não são meus. É uma equipe de 40 pessoas e as pessoas acham que faço tudo. Por outro lado, levo os cacetes de todo mundo! Mas não estou reclamando, já sabia que meu papel seria esse. Isso tem um gasto energético que tem uma validade. Sou um senhor, preciso me cuidar.

No livro Nunca Antes na História Desse País, com frases marcantes do Lula, você divide a personalidade dele em dez: filósofo, turista etc. Se você tivesse que dividir Marcelo Tas em cinco personalidades, como faria?

[Risos ] Vou ter que ligar para um psicanalista! A de que mais gosto é a do professor. Mas tem o engenheiro. O pai, que é um pai muito presente e até rigoroso, eu diria. O palhaço – descobri que quando meus filhos me definem na escola falam “meu pai é um palhaço”. Achei uma medalha fantástica, um filho que define o pai assim. E caipira! Sou absolutamente caipira, na origem e na maneira como gosto de cultivar plantas e amigos.