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Robert Plant sobre possível biografia: “O que guardo na minha cabeça não tem preço”

O vocalista fala sobre a relação com os ex-Led Zeppelin e de sua nova “irmandade” musical

Patrick Doyle Publicado em 04/12/2017, às 19h28

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<b>Misterioso</b><br>
Plant não pensa em fazer revelações em livro - RMV/REX/Shutterstock/AP
<b>Misterioso</b><br> Plant não pensa em fazer revelações em livro - RMV/REX/Shutterstock/AP

‘‘Espera um pouco, o cachorro está quase fugindo”, Robert Plant diz enquanto deixa o telefone de lado em sua casa na Inglaterra, na fronteira com o País de Gales. Depois de férias no Marrocos, Plant parece inquieto enquanto se prepara para lançar um novo álbum, Carry Fire. Ele o gravou com um grupo de músicos que atuava sob o nome Sensational Space Shifters, depois de trabalhar com muitos deles em 2002 e em 2014. “É um pouco selvagem, um pouco maluco conceitualmente”, afirma o cantor e compositor de 69 anos, que planeja fazer uma turnê mundial com o Space Shifters em 2018. “Temos uma espécie de devaneio comunal que tem permanecido conosco independentemente de outros projetos nossos. É como uma irmandade, mesmo.”

Muitos contemporâneos seus ainda estão na estrada, mas a maioria não lança músicas novas frequentemente.

Qualquer um que se envolva em música e em performance quer continuar fazendo isso, mas de que jeito? Enfiando as coisas na mala novamente e tocando ao vivo? Ou com criatividade, outra aventura e tentando impressionar pessoas que frequentemente querem ouvir sobre como foi e não sobre como é? É o que tenho tentado fazer. Depois de perdermos John [Bonham], em 1980, esperei dois álbuns antes de sair em turnê e, quando saí, não toquei nada do Zeppelin.

Qual foi a sensação de excursionar sem o Zeppelin pela primeira vez?

Foi como se meu mundo tivesse desabado, mas o que acontece, para começo de conversa, quando você não tem algo? Você precisa sair e inventar. Então, mudei algumas coisas ao longo dos anos. Assim, continuei interessado e empolgado com o que faço.

Você morou em Austin, nos Estados Unidos, antes de voltar para o Reino Unido há três anos. Como foi esse período?

Maravilhoso. Fui adotado pela comunidade dali e exposto a muitos grandes músicos. Fiz muitos shows ótimos. Patty Griffin e eu começamos uma banda chamada Crown Vic. Comprei uma antiga viatura de polícia e dirigimos para tocar em um festival em Marfa, no Texas, ouvindo todas as músicas adequadas. Mas acho que estava um pouco velho demais para me mudar. Precisei voltar a Gales com o coração despedaçado. A sensação foi a de uma grande derrota.

Então, por que você foi embora?

Senti saudade da família e queria um pouco de paz. Sem querer parecer piegas, senti falta das montanhas com névoa, da umidade galesa. Gosto do clima do qual as pessoas fogem.

Como é a vida em Gales?

Tenho ótimos amigos e um cachorro muito bom. Jogo tênis. Jogo futebol toda quarta, às 19h. Jogo até alguém falar “vá para o gol – você parece que vai morrer”. Então, alguém traz o desfibrilador.

No ano passado, você passou duas semanas com seus antigos companheiros de banda em uma disputa com um compositor pelos créditos de “Stairway to Heaven”. Foi como nos velhos tempos?

[Risos] Ahn, bom, o que um dia foi algo sólido se tornou uma xícara de café. O resultado foi este, uma xícara de café de vez em quando, mas nada mais.

Está chegando o 10º aniversário de Celebration Day, que marcou a reunião do Zeppelin. Como vê aquela noite?

Foi magnífica. Acertamos em cheio, e todos tínhamos medo de não dar certo. Provavelmente houve mais ansiedade quanto àquilo do que queríamos acreditar. Pudemos reproduzir sons de uma forma mais confiável, então soamos incríveis. Alguns shows do passado eram horríveis.

Recentemente, Gene Simmons afirmou que o rock morreu. Você concorda?

Não tenho ideia de onde o rock começa e termina. Começou com [o guitarrista] Link Wray? Começou com “Rocket 88”, de Jackie Brenston? Começou com o Black Flag? Acho que ainda está vivo, mas se metamorfoseando. E vai se metamorfosear por muito tempo.

Praticamente todos os astros de rock escreveram uma autobiografia, menos você. Escreveria?

Nunca. O que guardo na minha cabeça não tem preço. É magnífico, às vezes triste, mas na maior parte do tempo animado. Houve altos e baixos e mantenho tudo em segredo.