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Sobrevivente do Soul

Depois de tratar um câncer, Sharon Jones ressurge com novo álbum e turnê

Andy Greene | Tradução: Lígia Fonseca Publicado em 13/03/2014, às 07h43 - Atualizado às 07h49

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O ano de 2013 foi terrível para Sharon Jones. A cantora de soul foi diagnosticada com câncer no pâncreas logo depois de concluir seu novo álbum, Give the People What They Want. Isso a forçou a adiar o lançamento do trabalho, cancelar a turnê com sua banda de longa data, a The Dap-Kings, e passar por uma cirurgia altamente invasiva, seguida por ciclos pavorosos de quimioterapia. “Fiz minha última sessão de quimio na véspera do Ano-Novo”, conta a artista de 57 anos. “Ela mata cada célula boa junto com a ruim, e ainda estou fraca, mas me sinto mais forte a cada dia.”

O câncer foi embora, o cabelo de Sharon está voltando lentamente a crescer e o novo disco dela – excelente, cheio de groove soul com sonoridade vintage – finalmente surgiu no último mês de janeiro. Ela agendou uma turnê longa pelos Estados Unidos e praticamente não tem medo de não conseguir cumpri-la. No entanto, Sharon ainda sente certa amargura por não ser totalmente aceita. “Toda vez que há um Grammy ou qualquer premiação de música, o que a Sharon está fazendo?”, ela pergunta. “Estou sentada em meu sofá. Por que não sou reconhecida? Você vê um prêmio para a música soul? Não. Essas pessoas são ótimas, mas como é que Justin Timberlake e Taylor Swift sempre ganham prêmios nas categorias R&B e funk? Eles são pop!”

A estrada até o sucesso tem sido longa para a cantora. Ela passou anos trabalhando como caixa de banco e guarda na prisão de Rikers Island (para acalmar os presos, cantava músicas de Whitney Houston antes de trancá-los). Só conseguiu sua grande chance com o selo musical Daptone quando tinha bem mais de 40 anos. “Nos anos 1990, uma gravadora me disse que eu era negra demais!”, revela, espantada. “Eles me falaram para eu clarear a minha pele. Pensei: ‘Como é que é?’”

Sharon sente que as coisas teriam sido mais fáceis se ela tivesse sido revelada mais cedo. “As pessoas teriam dito: ‘Olha essa garota fazendo soul e funk’”, afirma. “Agora, sou chamada de retrô! Não tenho nada de retrô, só estou cantando soul. Não estou imitando ninguém!”