Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Performance conceitual em museu norte-americano reforça o amargor musical e existencial do The National

Jon Dolan Publicado em 16/07/2013, às 18h26 - Atualizado às 18h28

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
<b>PROBLEMAS</b> (Da esq.) Aaron Dessner, Scott Devendorf, Bryan Devendorf, Matt Berninger e Bryce Dessner no Brooklyn - Danny Clinch
<b>PROBLEMAS</b> (Da esq.) Aaron Dessner, Scott Devendorf, Bryan Devendorf, Matt Berninger e Bryce Dessner no Brooklyn - Danny Clinch

Passe um minuto ouvindo o melancólico rock indie do National e você entenderá que os membros da banda do Brooklyn, Nova York, estão bem familiarizados com a angústia. Mas nem a pior das noites seria capaz de prepará-los para o fosso de dor em que estão se enfiando no momento. É o primeiro domingo de maio, e o National – prestes a lançar o sexto álbum, Trouble Will Find Me – está para se apresentar em um show especial no anexo avant-garde do Museu de Arte Moderna do Queens, o PS1. Legal, certo? Mas há uma pegadinha: eles só podem tocar uma música, a triste “Sorrow”, do sucesso High Violet (2010). E terão de tocá-la por seis horas seguidas. O evento (intitulado “A Lot of Sorrow”) foi concebido pelo artista performático islandês Ragnar Kjartansson. Quando ele acabar, o National terá tocado a música mais de 100 vezes. “O negócio do Ragnar é pegar coisas bem sombrias da vida e encontrar o humor oculto dentro delas”, diz Matt Berninger, o alto e barbudo líder do National. “Uma vez Ragnar fez a própria mãe cuspir na cara dele para um projeto.”

Quando a performance começa, centenas de fãs lotam o espaço austero, coberto por um domo branco, onde a banda – vestindo preto – foi instalada. Muitos pegam lugar bem na frente e ficam o show inteiro. Eles passam as duas horas seguintes vibrando como loucos depois de cada performance, batendo palmas e cantando junto enquanto Berninger geme “Sorrow found me when I was young / Sorrow waited, sorrow won” (“O sofrimento me encontrou quando eu era jovem / O sofrimento esperou, o sofrimento venceu”), em sua característica voz de barítono regada a vinho merlot. Na marca de 45 minutos, ele dá mais um gole na taça de vinho, e a galera vai à loucura. “Foi como no filme Rocky”, diz o baterista Bryan Devendorf. “Toda a vibração fez com que a adrenalina corresse no sangue, e eu esquecesse toda a dor. E aí pensei: ‘Estou fazendo isso pelo meu filho. Só mais cinco só mais três’.”

Uns dias depois da overdose de “Sorrow”, o National está jantando em um restaurante local, apesar do tempo de carreira, eles dizem que nunca acham o processo de fazer música juntos muito fácil. “Criativamente, conseguimos muitas coisas sendo rudes uns com os outros”, diz o guitarrista Aaron Dessner. “Somos cínicos e autocríticos, por isso se temos algum som que parece forçado demais, normalmente odiamos.”