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Uma Visão Positiva

Com Will Smith, Beleza Oculta, que estreia nesta quinta, 26, busca olhar menos dolorido sobre a ideia da morte

Bruna Veloso Publicado em 21/01/2017, às 11h44 - Atualizado em 26/01/2017, às 15h48

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(Acima) Will Smith conversa com a “morte”(Helen Mirren). - Barry Wetcher
(Acima) Will Smith conversa com a “morte”(Helen Mirren). - Barry Wetcher

Em Beleza Oculta, o diretor David Frankel (O Diabo Veste Prada, Marley & Eu) quis falar sobre a morte. Mas não de um jeito trágico. “Em conversas que tive com Will [Smith, protagonista do filme], ele me falou sobre o desejo que tem de levar alegria ao mundo. Acho que todos nós temos essa capacidade. Espero que as pessoas saiam do cinema se sentindo inspiradas a dividir um pouco disso”, diz o cineasta sobre o longa, que estreia este mês no Brasil.

Na tela, Smith interpreta Howard, publicitário brilhante e bem-sucedido que perde a filha pequena. Ele passa de uma rotina ativa e cheia de inventividade a anos de dias arrastados em depressão, em um ciclo do qual não consegue sair. Preocupados com a situação de Howard no trabalho e fora dele, seus sócios na agência de publicidade – interpretados por Edward Norton, Kate Winslet e Michael Peña – resolvem tomar uma atitude pouco usual. Ao descobrirem que o amigo escreve cartas endereçadas à Morte, ao Amor e ao Tempo, eles contratam atores para representar cada uma das “entidades” (Helen Mirren, Keira Knightley e Jacob Latimore, respectivamente).

Helen buscou uma alternativa mais solar à ideia comum de “ceifadora soturna” para dar cara à sua personagem. “Não queria usar preto. Ironicamente, a morte tinha que ter mais vivacidade”, comenta a atriz britânica. “Então, eu e o figurinista descobrimos que em certas culturas a morte é representada por um pássaro azul, e achei isso lindo. Foi aí que escolhemos a cor para as roupas.” Mais do que pela ideia de brincar com o figurino da Morte, a veterana (ganhadora do Oscar em 2007 pelo papel principal em A Rainha) conta que decidiu fazer parte do projeto justamente pelo fato de o roteirista, Allan Loeb (Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme, Rock of Ages: O Filme), tratar do tema “perda” com um viés mais positivo. “A parte central que me fez querer entrar para o elenco foi o tratamento do conceito de luz e trevas. A essência do filme é a habilidade do ser humano de fazer belas conexões, mesmo nos momentos mais sombrios. Uma das coisas que amo nele é que pessoas religiosas podem se ver representadas ali, e se você não é religioso – eu não sou – pode sentir isso da mesma forma.”

Naomie Harris dá vida à integrante de um grupo de apoio para pais que perderam filhos. Para lidar com o tema, a atriz que até então não havia passado pelo processo de luto de ninguém próximo na vida real – buscou ajuda na história de uma amiga que experienciou a mesma situação que Howard, além de contar com uma inspiração especial de dentro da própria equipe nos bastidores. “A assistente de figurino do Will perdeu um filho pequeno, então ela também nos ajudou muito a entender isso”, conta.

Já Smith passava por um paralelo na vida pessoal quando se iniciaram as gravações. “Logo antes de começarmos a rodar o filme, deram seis semanas de vida para o meu pai. Foi uma experiência muito bonita para mim, como ator, mergulhar no universo do personagem, e em Elizabeth Kubler-Ross [psiquiatra autora do livro Sobre a Morte e o Morrer], no Livro Tibetano do Viver e do Morrer. Foi interessante ter que lidar com isso na minha vida e depois expandir essa dor e esse crescimento para o personagem. O filme veio em um timing perfeito.” À época da entrevista, em outubro de 2016, o pai de Smith, Willard Carroll Smith, havia ultrapassado em 11 semanas o diagnóstico dos médicos; ele morreu em novembro, de câncer.

Segundo David Frankel, as plateias para quem Beleza Oculta foi mostrado antes da estreia tinham uma coisa em comum: choravam em diversos trechos do filme, ainda que a mensagem final seja positiva. O diretor conta que “tenta não deixar a sala de edição até ter chorado” quando trabalha em uma obra como essa, mas que não costuma verter lágrimas nos cinemas. “Sabe quando costumo chorar mais? Em comerciais. Sinto que esses pequenos vídeos, às vezes clichês, me atingem em cheio.”