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VIDAPOP - A Fórmula Indie

Miguel Sokol Publicado em 09/01/2013, às 17h46 - Atualizado às 17h48

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<b>CALYPSO</b> independente de verdade - Divulgação
<b>CALYPSO</b> independente de verdade - Divulgação

O ano de 2012 acabou – mas o Backstreet Boys não. Enrugados e pais de família, eles anunciaram o lançamento de um disco para este ano, mas o melhor mesmo é que, segundo os próprios, o som do grupo será – abrem-se aspas – indie-pop-rock – fechem-se aspas e rache de rir. Obrigado, Senhor. Esta declaração é o último prego no caixão indie. É o fato que a promotoria precisava para provar ao júri que esse “gênero musical” é uma farsa, mais um rótulo inventado por marqueteiros, criaturas degeneradas que se especializaram em iludir. Como na experiência que testemunhei na TV: reuniram um grupo de pessoas inocentes em uma sala e, durante uma falsa reunião, distribuíram pacotes de biscoitos. Na embalagem de metade deles, o rótulo dizia que o produto era light. Ao fim, os pacotes de biscoito light estavam dois terços mais vazios: quem queria emagrecer engordou mais.

O indie é a mesma armadilha. No fim do ano, o cantor Ben Kweller fez uma turnê pelo Brasil, o pôster anunciava – abrem-se aspas – o ídolo indie-folk pela primeira vez no Brasil – fechem-se as aspas, mas, antes de rir, pergunte-se comigo: que diabos é “indie”, afinal? A resposta mais rápida é o Google, onde acho definições : “O emo sem franja” e, a minha predileta, “O emo que leu dois livros”.

Antes de rir pela terceira vez, tentemos uma definição técnica. Indie é a abreviação de independente, ou seja, se aplica àquela banda ou artista que controla o próprio negócio, não é funcionário de uma gravadora – sim, isso já fez sentido um dia. Mas hoje, Roberto Carlos, que lança seus discos pelo próprio selo, Amigo Records, seria tão indie quanto Calypso ou Black Keys. Felizmente todo suposto estilo musical pressupõe um visual e uma atitude que o diferencie. Visualmente, convenhamos, todo indie tem um pouco da eterna Velma, aquela do Scooby-Doo. Já a atitude indie combinaria o “faça você mesmo” do punk com um sucesso exclusivista, mas é aí que a porca torce o rabo. Quem lança discos e faz shows visando não fazer sucesso não deveria lançar discos e fazer shows. Isso é atitude ou justificativa para a própria incompetência?

Esta é a dúvida que nos faz perguntar por que um Backstreet Boy avisa, de antemão, que seu próximo disco será indie. Essa é a dúvida que faz um metaleiro ou rapper ou grunge perguntar para o outro: sabe o que são cinco pontinhos verdes despenteados e desafinados com camisetas do Sonic Youth? São cinco azeitonas fazendo cover do Tame Impala.