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Os Paralamas do Sucesso - Brasil Afora

Redação Publicado em 10/02/2009, às 13h06

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Ilustração: Fido Nesti
Ilustração: Fido Nesti

Os Paralamas do Sucesso

Brasil Afora

EMI

Ano Novo, Velho Astral

Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone revisitam o som que ajudou a moldar o pop brasileiro das duas últimas décadas

Foi um longo intervalo. Um pouco mais de três anos desde o lançamento de Hoje, o último álbum gravado em estúdio com faixas completamente inéditas – e o primeiro com composições surgidas depois do trágico acidente de Herbert Vianna –, Os Paralamas do Sucesso apresentam Brasil Afora, seu 12º rebento. Na carreira da banda, isso não significou um hiato. A turnê junto com os Titãs para celebrar um arredondado quarto de século de existência dos dois grupos – além de promover Juntos e ao Vivo, o trabalho que marcou as bodas de prata – não deu descanso ao trio. O verdadeiro momento de relax parece que aconteceu em Salvador, ao lado de velhos parceiros: Carlinhos Brown, dono da Ilha dos Sapos, estúdio em que foi gravada quase a totalidade do disco; e Liminha, responsável pela produção de todas as faixas. Segundo João Barone, o local de gravação foi essencial na procura da “vibe perfeita”. Foi um clima de descontração tal que fez de Brasil Afora o álbum mais leve e descompromissado dos Paralamas. Isso fica expresso logo nas três primeiras músicas, que parecem ter sido criadas por encomenda para festas de praia: “Meu Sonho”; “Sem Mais Adeus”, com a participação de Carlinhos Brown; e a primeira faixa do disco a ser conhecida, “A Lhe Esperar”, composta pela parceria de Arnaldo Antunes e Liminha. Cada qual traz um pouco da raiz musical jamaicana, há mais de duas décadas quicada do outro lado do Atlântico direto para o campo do trio que melhor soube decifrá-la e torná-la nacional. Depois do inicial embalo de rocksteady brasileiro, fica claro que Herbert, Bi e Barone não querem se aprofundar tanto em detalhes regionais da música do Brasil afora para montar seu novo repertório. Eles já passaram por isso. Quem ouviu pelo menos uma amostra da obra dos Novos Baianos sabe que Os Paralamas do Sucesso não foram os donos dessa receita, mas a inauguraram para o grande público do rock brasileiro nos anos 80 com “Alagados”. No novo trabalho, há momentos em que isso acontece, como no encontro com Zé Ramalho na excelente “Mormaço”, e na alternância do hard rock com o baião da faixa que dá título ao álbum e faz imaginar como seriam os Raimundos com letras sérias e um tanto reflexivas. Quando seguem na direção contrária às brasilidades, ganham em peso, mas nem tanto em inovação. Apesar da boa letra, “Tempero Zen”, a faixa mais curta do álbum, pula do jazz-funk já bem trilhado pelos Beastie Boys e Money Mark para um romantismo meio exagerado, mas sem conseguir muita liga. E bastante calcada em The Who dos anos 70 (“Baba O’Riley” é a senha), “Aposte em Mim” aposta num rock salpicado de clichês. Não comprometem o trabalho, mas ficam aquém de faixas como “El Amor”, releitura de Herbert Vianna da música do hermano e parceiro Fito Paez, “El Amor Después del Amor”. A versão dos Paralamas parece emergir de algum lugar profundo, ganhando novos timbres – de um simples violão a exóticos instrumentos de percussão – conforme a música avança até um final beirando a psicodelia com uma tambura sintetizada. Com mais de duas dezenas de álbuns lançados e mais de 5 milhões de cópias vendidas, os Paralamas do Sucesso parecem não estar mais a fim de reinventar a roda musical a cada novo disco. O que vale agora é divertir e se divertir Brasil afora. Com direito a repetir a si mesmo, mas sempre em prol da “vibe perfeita”.

José Julio do Espírito Santo