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É músico e ganha pouco do Spotify? Grave mais discos, sugere CEO

Embora plataforma pague, em média, menos de meio centavo de dólar a cada reprodução, Daniel Ek acredita que artistas precisam trabalhar ainda mais

(Foto: Pexels)
(Foto: Pexels)

Com a ascensão das plataformas de streaming de música, com destaque ao Spotify, o debate relacionado ao pagamento que os artistas recebem se tornou amplo e frequente. Os músicos acreditam não receber os valores devidos por seus trabalhos - e pelos valores que temos conhecimento, eles têm razão.

Em 2020, um relatório divulgado pelo site Business Insider apontou que os artistas recebiam apenas US$ 0,0033 a cada reprodução de sua música no Spotify. É menos da metade de um centavo de dólar. Assim, você precisa de 300 de reproduções/streams para receber um dólar por sua obra.

Ao USA Today, uma cantora de 22 anos chamada Mackenzie Miller disse que seu single “Peach Lemonade” recebeu quase 14 mil reproduções nas primeiras semanas de seu lançamento. Porém, seu pagamento mal chegava a US$ 5. Isso ocorre porque não significa que você vai receber US$ 0,0033 por reprodução de música (este é um valor médio) e porque detentores de direitos e distribuidores também são pagos.

A empresa se defendeu ao explicar que os artistas não são pagos por stream, mas por um sistema chamado de “streamshare”, que pode variar dependendo de como a faixa é transmitida ou acordos com licenciadores.

“Todo mês, em cada país em que operamos, calculamos o streamshare somando quantas vezes a música pertencente ou controlada por um determinado detentor de direitos foi transmitida e dividindo pelo número total de streams naquele mercado.”

Spotify
Spotify (Foto: Divulgação)

Grave mais, diz CEO do Spotify

A explicação sobre o “streamshare” foi um tanto política e moderada, vinda de assessores do Spotify. Se depender do CEO da plataforma, Daniel Ek, a resposta para o dilema é bem mais direta: ele acredita que os artistas estão reclamando sem oferecer muito em troca.

Em entrevista ao MusicAlly, em 2020, Ek declarou que, na verdade, não existem reclamações que demonstrem insatisfação real dos músicos com os valores de remuneração.

“Privadamente, eles elogiam o Spotify. Porém, eles não são incentivados a fazer isso em público. Existem cada vez mais artistas que conseguem viver somente da renda vinda do streaming.”

Na sequência, veio a declaração de que os músicos precisam, mesmo, trabalhar mais. Uma fala surpreendente, tendo em vista a quantidade de reclamações em torno dos valores.

“Alguns artistas ganhavam mais no passado e hoje em dia podem não ganhar tanto, pois hoje em dia não dá para alguém gravar música a cada 3 ou 4 anos e achar que isso será o bastante. Os artistas que estão conquistando seus lugares hoje em dia sabem que é necessário criar um engajamento com os fãs de forma contínua. Ao lançar um álbum, é preciso ter uma história a respeito dele e continuar a se comunicar com os fãs. Aqueles que não estão indo bem nas plataformas de streaming são, em maior parte, aqueles que querem lançar música do jeito que era antes.”

Revolta de músicos

A entrevista de Daniel Ek, como era de se esperar, não foi bem recebida por outros músicos à época. Membro de dezenas de bandas, o baterista Mike Portnoy (The Winery Dogs, ex-Dream Theater) chamou o executivo de “p*tinha gananciosa” em uma publicação no Instagram.

“Já é ruim que ele ganhe bilhões baseado no roubo e distribuição gratuita de músicas, mas agora ele sugere que a gente faça mais música para ele ganhar mais dinheiro. Para constar, lancei 8 álbuns completos em 2020 e vou ganhar migalhas deles. F*da-se esse cara e f*da-se o Spotify. Apoie os artistas diretamente se você quer que eles continuem a fazer música.”

Falecido neste mês de janeiro aos 81 anos, David Crosby também rebateu Ek. Na época da entrevista do CEO, era o início da pandemia - e o músico chegou a dizer no período que poderia perder sua casa se fosse impedido de fazer shows.

Você é um m*rda desagradável e ganancioso, Daniel Ek.

O comentário de Crosby compartilhava uma mensagem do ex-baixista do R.E.M., Mike Mills, que também dizia:

Música = produto, e deve ser produzido regularmente, diz o bilionário Daniel Ek. Vá se fo***.