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O fato que comprova como a música de hoje ‘é um lixo’, segundo Nasi

Vocalista do Ira! não poupou críticas ao momento artístico atual no Brasil - e um reflexo específico do mercado seria a prova disso

Nasi (por Carina Zaratin)
Nasi (por Carina Zaratin)

Aqueles fãs de música com mais idade repetem diversas vezes por aí que não há qualidade no cenário artístico atual. Nasi, vocalista da lendária banda Ira!, engrossou este coro ao ser convidado a abordar o assunto.

Em entrevista ao site Igor Miranda, o cantor foi convidado a refletir sobre os motivos pelos quais tantas bandas brasileiras das décadas de 1980 e 1990 seguem lotando seus shows. Três empreitadas específicas foram destacadas, todas elas envolvendo algum saudosismo: a turnê de despedida do Skank, a reunião da formação original dos Titãs e o giro que celebra os 25 anos do Jota Quest.

Sem papas na língua, Nasi apontou o que significa tudo isso:

“Que a música de hoje está uma m#rda! [Risos] Está um lixo, cara!”

Ou seja: o interesse do público em canções antigas seria a prova de que o momento atual não é nada bom.

Na sequência, o cantor ainda comentou que o rock brasileiro da década de 1980 recebeu muitas críticas por sua alegada falta de qualidade. Para ele, o jogo acabou virando de forma bastante visível.

“Sabe aquela piada, ‘Antigamente era pior’? Porque criticavam muito o rock nacional nos anos 1980. Ouvi do Nelson Motta que ‘o rock nacional é a aids da música brasileira’. Então eu digo para você, antigamente era pior, depois foi piorando [Risos.]”

Ira! na onda das celebrações?

Ainda que o Ira! também possa ser incluído na categoria de banda clássica do rock brasileiro, Nasi não quer fazer turnês com a mesma temática que seus colegas de cena. Seu grupo, cuja liderança é compartilhada com o guitarrista Edgard Scandurra, lançou em 2020 um novo álbum, Ira - o primeiro em 13 anos. Até por isso, não há planos de fazer shows em clima de retrospectiva.

A própria carreira da banda indica isso, já que mesmo em outras ocasiões, isso não foi feito. Uma exceção deve ser feita ao Psicoacústica, disco lançado em 1988 que rendeu em 2018 uma tour celebrativa de 30 anos.

“Foi eleito um dos cem discos mais importantes da história da música brasileira pela Rolling Stone Brasil. Então, isso teve um peso para a gente.”

Ainda em sua reflexão, Nasi lembrou que Psicoacústica pode ser considerado um trabalho injustiçado, ao menos considerando as reações do período em que chegou ao mercado. Mesmo apresentando músicas como “Rubro Zorro”, “Manhãs de Domingo”, “Receita para se fazer um herói” e “Pegue essa arma”, o álbum levou algum tempo até ser compreendido em sua plenitude.

“Foi um disco que todo mundo menosprezou na época; boa parte do público não entendeu, a crítica falou que estávamos sendo pretensiosos com esse negócio de [incluir] maracatu, pandeiro etc. E não vendeu bem. Vendeu menos da metade do anterior [Vivendo e Não Aprendendo, de 1986]. Precisou o tempo passar para a gente colher os frutos. Hoje, é um disco cultuado, e isso para um artista é muito legal.”