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Pixies volta ao Brasil com lançamento e avisa: 'Precisam aturar as músicas novas' [ENTREVISTA]

Guitarrista Joey Santiago falou com a Rolling Stone Brasil sobre volta do Pixies ao país e revelou que banda está na melhor fase para compor

Pixies (Foto: Tom Oxley)
Pixies (Foto: Tom Oxley)

Pixies está de volta ao Brasil, e vai jogar para os fãs. A banda responsável por grandes sucessos do rock alternativo - que inspiraram nomes do grunge, indie e pop - traz um disco novo na bagagem e mais tranquilidade para explorar próprio material durante os shows. Pelo menos é assim que o guitarrista Joey Santiago encara, conforme explicou em entrevista à Rolling Stone Brasil.

Doggerel, lançado no final de setembro, esbarrou em sonoridades conhecidas pelo público, mas isso aconteceu por acidente. Afinal, para os músicos, seria impossível utilizar uma fórmula parecida com a dos anos 1980 e 1990 para refazer hits como “Debaser” e “Where Is My Mind?”. Banda é “sortuda” o suficiente por ainda manter uma identidade única, mesmo com mudanças de formação e longo período de inatividade.

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“Entendemos que as pessoas querem, mas simplesmente não conseguimos voltar, sabe? Conseguimos apenas se for por acidente, mas se as bandas não crescessem, não seria bom. Qual é a maior banda de todas? Os Beatles. E se eles continuassem compondo algo como ‘Love me Do’ até o fim, não existiria Abbey Road,”  explicou antes de ressaltar que não estava comparando a própria banda com os Beatles, apenas mencionado o quarteto de Liverpool como o exemplo ideal. 

Joey, inclusive, ainda renova próprias referências, embora admita não ser grande conhecedor do cenário pop atual. Entre artistas descobertos pelo “algorítimo do Spotify,” ele citou The XX e Wet Leg.

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No Rio de Janeiro no dia 11 de outubro e em São Paulo, no Popload Festival, no dia 12, Pixies quer apresentar as novas faixas aos fãs, mas com moderação. A banda sabe como conquistar o público, e setlist deve contemplar todos os gostos. “Não se preocupem! Vocês vão ouvir “Where Is My Mind?”, ouvirão “Crackity Jones,” “Debaser,” com certeza. Mas vocês vão precisar aturar as músicas novas.”

Confira entrevista completa de Joey Santigo do Pixies à Rolling Stone Brasil:


Os últimos shows do Pixies têm sido bem longos. De onde surgiu a ideia ou necessidade de incluir cerca de 30 músicas nos setlists?
Isso é porque nos dão duas horas. Depende da hora que definem. Às vezes, tocamos 90 minutos. Para o meu gosto, como espectador, esse é o tempo ideal, embora as pessoas gostem de ver mais. 

Por que demorou tanto para a banda voltar ao Brasil?
Não sei porque não vamos com mais frequência. Não tenho ideia, é apenas a forma como aconteceu.

O que você espera dos shows? Você concorda com o que a maioria dos artistas fala sobre o público na América do Sul ser um dos melhores do mundo?
Sim, definitivamente. Tem muita paixão. Um sentimento diferente por lá.

Um dos singles do novo disco dos Pixies, “Dregs of the Wine,” foi escrito por você enquanto visitava uma loja de instrumentos. Como foi esse processo?
Eu estava na loja e comprei uma guitarra nova, uma boa guitarra acústica - a primeira desse tipo que compro. Então, comecei a tocar com ela e criei uma estrutura de acordes. 

Você admitiu não gostar muito da faixa de primeira. Você sente pressão enquanto compõe? 
Eu não gostei porque não achava bom. É assim que eu sou. Até que ouvi novamente - minha namorada gravou enquanto eu tocava. Prestei atenção na música como se fosse uma outra pessoa e pensei: ‘Vale a pena correr atrás dessa.’ Não era tão ruim, então, continuei trabalhando.

A banda está junta a um tempo considerável. Como se sentem ao se reunirem para compor um disco novo?
Agora é melhor que antes, principalmente porque estamos mais velhos e apreciamos mais o que fazemos, temos mais paixão.

Vocês tentam emular algumas das sonoridades dos seus hits dos anos 1980?
Não tentamos isso. Entendemos que as pessoas querem, mas simplesmente não conseguimos voltar, sabe? Conseguimos apenas se for por acidente, mas se as bandas não crescessem, não seria bom. Qual é a maior banda de todas? Os Beatles. E se eles continuassem compondo algo como “Love me Do” até o fim, não existiria Abbey Road (1969). A propósito, não estou nos comparando com os Beatles. Não, não, não. É apenas um exemplo ideal.

Você mencionou que, por acidente, podem replicar sonoridades passadas. Isso aconteceu em Doggerel?
Sim! Somos sortudos de ter uma identidade única. Poderíamos escolher qualquer música por aí e fazer soar como nós. Fizemos alguns covers e ‘Pixieficamos.’ Músicas de The Jesus and Mary Chain, Neil Young, Leonard Cohen - todas acabaram soando como se fossem do Pixies.

Pixies está acompanhado de outras bandas alternativas, algumas de gerações diferentes. Como você enxerga esse gênero de música atualmente? Há algum artista jovem que você admira ou se sente inspirado ao ouvir?
De artistas recentes, gosto de The XX, gosto do que ouvi do Wet Leg, sabe? Ao mesmo tempo, não tenho tanta familiaridade com a maioria das músicas novas. Tem muita música por aí, eu prefiro ir pela história. 

Como conheceu Wet Leg?
Meu algorítimo mostrou para mim no Spotify. Não fazia ideia sobre o lançamento deles, mas quando ouvi, pensei "Isso é muito bom.”

Já pensaram em vender o catálogo de músicas do Pixies?
Nunca falamos sobre. Quero dizer, parece estranho abrir mão de algo, não ter mais o controle. Não me sinto confortável com a ideia. Mas depende de quanto eles nos oferecerem [Risos].

Alguma mensagem para os fãs brasileiros? O que podemos esperar dos shows?
Não se preocupem! Vocês vão ouvir “Where Is My Mind?”, ouvirão “Crackity Jones,” “Debaser,” com certeza. Mas vocês vão precisar aturar as músicas novas.

Vocês vão tocar muitas faixas do disco novo?
Vamos tocar o que quer que lancemos. Só três ou quatro músicas. Sabemos o que as pessoas querem. Também somos fãs.