Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Astro da ficção científica Interstellar, Matthew McConaughey quer manter a boa fase, mas sem deixar a família de lado

Ator texano, casado com a modelo brasileira Camila Alves, completa 45 anos

Stella Rodrigues Publicado em 04/11/2014, às 12h05 - Atualizado às 12h18

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
O ator Matthew McConaughey - Joel Ryan/AP
O ator Matthew McConaughey - Joel Ryan/AP

Matthew McConaughey mal espera o gravador começar a funcionar. “Brasil? Você estava lá durante a Copa?”, pergunta, olhando para baixo, já que, com 1,83m, é mais alto do que todos que estão no cômodo. O ator texano, que completa 45 anos nesta terça-feira, 4, é casado com a modelo brasileira Camila Alves, com quem tem três filhos, e mantém uma curiosidade em relação a tudo que diz respeito ao país. Foi ele quem fez questão de ter jornalistas brasileiros em um evento de divulgação do filme Interstellar, em Los Angeles. A ficção científica, atualmente encoberta em uma névoa de mistérios, estreia em 6 de novembro com direção de Christopher Nolan, conhecido por sempre manter às escondidas os detalhes sobre as produções que comanda.

Coluna Vida Pop – hoje em dia todo mundo já sabe: a televisão superou o cinema.

O ator garante que torceu de perto durante a Copa do Mundo, mas não deixa claro para qual seleção. “Comecei a acompanhar mais o futebol tendo uma esposa brasileira”, diz McConaughey, que tem aprendido um pouco de português com a ajuda de novelas (“Gostei muito de Viver a Vida”) e músicas (ele até se arrisca em alguns versos de “Um Tom”, de Caetano Veloso). Felizmente, o recente fracasso da seleção brasileira logo dá vez ao também recente sucesso dele, que segue em uma temporada gloriosa na carreira: um Oscar (e muitos outros prêmios) de Melhor Ator pelo trabalho brilhante como o portador de HIV Ron Woodroof em Clube de Compras Dallas; um papel no premiado O Lobo de Wall Street; elogios na pele do detetive Rust Cohle, no surpreendente hit televisivo True Detective (que lhe rendeu uma indicação ao Emmy); e, agora, como estrela da ficção científica mais aguardada do ano. McConaughey não tinha uma fase tão boa desde Jovens, Loucos e Rebeldes (1993), de Richard Linklater, quando caiu nas graças do público com o inesquecível bordão “Alright, alright, alright”.

Rust Cohle vira garoto-propaganda de carro em paródia de True Detective.

Em Interstellar o astro encarna Cooper, um engenheiro que viaja pelo espaço usando “buracos de minhoca”, um dos aspectos da ciência preferidos pelos autores de ficção. Segundo a teoria, retratada em filmes como Donnie Darko, os buracos são capazes de conectar regiões distantes de espaço-tempo, tornando possíveis coisas hoje inimagináveis, como viagens para o passado ou para o futuro. Se antigamente o gosto do público ditaria que uma jornada espacial cinematográfica deveria ocorrer para defender a Terra de alienígenas cruéis e gosmentos, a história de Nolan, criada em cima de um roteiro antigo do irmão dele, Jonathan Nolan, segue a atual tendência de motivação ecológica. No longa, a devastação da Terra levou a uma crise de falta de comida e a solução para a sobrevivência da humanidade está no espaço.

Como Jim Morrison inspirou o “All right, all right, all right” de Matthew McConaughey.

“Eu diria que, agora, em 2014, provavelmente esse conceito [do filme] é pessimista”, afirma McConaughey. “Mas, no momento em que estão Cooper e a família dele, é uma verdade dura, e muito real. E é também uma maneira de se pensar: ‘Para preservar o que temos aqui, precisamos nos mudar’. O filme toca nessas questões, mas não fica pregando”, garante o ator, que há anos incentiva a família a ter “hábitos verdes”. “Os humanos vão se dar mal, mas é arrogante achar que realmente vamos matar a mãe natureza. Ela pode se regenerar. Não acho que tenhamos sequer começado a torná-la estéril, ainda que eu já tenha estado em lugares em que as pessoas morrem porque não têm acesso a água limpa. Eles não precisam de uma aspirina, gaze ou penicilina, precisam de água limpa e sabonete.”

Chapéu que Matthew McConaughey usou em Clube de Compras Dallas vai a leilão.

McConaughey revela que nunca tinha sido muito fã de ficção científica ou questões extraplanetária até ter trabalhado em Interstellar. Foi o papel no filme que o fez refletir sobre a possibilidade de vida em outros planetas, por exemplo. “Não acho que haja outro planeta com humanos mamíferos como nós”, afirma. “[Devem ser] outros tipos de formas de vida, que precisam de coisas diferentes para sobreviver. Pensar que existe outro planeta que tenha oxigênio o suficiente e todas as condições para que a gente sobreviva, plante etc.? Não sei. Mas depois de fazer um filme como esse, a ideia de haver outro planeta [com vida] é bem concebível.”

Oscar 2014: Matthew McConaughey e Cate Blanchett são os destaques entre os atores.

Enquanto, segundo previsões mais pessimistas, o futuro da humanidade permanece indefinido, McConaughey já tem alguma ideia de por onde seguir na carreira. O próximo trabalho é em The Sea of Trees, filme de Gus Van Sant previsto para 2015. Na atual curva ascendente, por enquanto, um retorno à televisão depois do papel em True Detective não faz parte dos planos – mesmo que ele se mostre agradecido pelo sucesso da série. O motivo é nobre: o ator (e percussionista – ele chegou a ter uma produtora e um selo musical, que fechou após o nascimento do primeiro filho, Levi, em 2008) está sempre preocupado em ter uma agenda compatível com a “carreira de pai”, o principal foco dele. “Eu não assinaria nada agora que tivesse que me colocar à disposição para muitas temporadas”, ele diz, reiterando a nova importância do mercado televisivo em Hollywood. “Se alguém chegasse para mim com um roteiro de TV bom, eu nem piscaria. Essa ponte entre TV e cinema não é mais como costumava ser.”