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Cultura high tech

Creators Project São Paulo, realizado neste sábado, 14, levou criatividade e tecnologia a público seleto

Por Patrícia Colombo Publicado em 16/08/2010, às 13h40

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O rapper Emicida durante apresentação no Creators Project São Paulo - Reprodução/ Site oficial
O rapper Emicida durante apresentação no Creators Project São Paulo - Reprodução/ Site oficial

Atualizada em 16 de agosto, às 13h40

A Galeria Baró, neste sábado, 14, certamente não era um local adequado aos avessos ao uso da tecnologia como meio de produção de arte. Foi lá que rolou a versão brasuca do Creators Project, evento internacional fruto da união de forças entre a fabricante de microprocessadores Intel e a revista Vice, que apresentou em uma só noite, como a proposta inicial sustenta, a junção entre o high tech e a cultura em geral, destacando novos talentos das artes em suas mais plurais manifestações. Emicida, Zegon, Gang Gang Dance e Mark Ronson deram as caras na noite que misturou das levadas do hip-hop à interatividade das obras expostas por nomes como Muti Randolph e Ricardo Carioba.

O espaço localizado na Barra Funda, em São Paulo, foi ocupado por uma exposição diferenciada, representada por peças que se valiam de variadas formas de tecnologia como maneira de expressar seu conteúdo e fazer com que o visitante - no caso, convidados ou quem ganhou ingressos em sorteios e concursos, já que o Creators, infelizmente, não se trata de um evento aberto ao público em geral - se encontrasse envolvido em todo um universo sensorial. Na mostra, era possível achar itens dos mais variados: espelho com sensor ultrassônico captador de movimento (Espelho, de Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti), projeção a partir de painel de leds que magnetiza olhares graças aos movimentos de sua própria luz (Lusco-Fluxo, de Ricardo Carioba), seleções de fotos registradas pelo guitarrista do Yeah Yeah Yeahs, Nick Zinner, durante as turnês da banda, ao som de um áudio tridimensional (A.D.A.B.A), e um "tubo" iluminado - instalação cilíndrica compostas por inúmeros leds coloridos, com três espelhos (um no piso e os outros dois nas extremidades da peça), que em movimento rotatório davam a sensação de se estar dentro de uma imensa onda "clubber" (Tubo, de Muti Randolph). Um dos problemas, no entanto, era que algumas instalações possuíam sua própria trilha e, não havendo isolamento acústico, a sonoridade do que rolava no hall do lugar se misturava com a música de alguns dos espaços das obras - como no caso de A.D.A.B.A.

Na área dedicada às produções cinematográficas, mais reservada e um pouco afastada do palco, foi exibido o mais recente curta-metragem de Spike Jonze, intitulado I'm Here. Na trama, dois robôs, Sheldon e Francesca, aparecem como protagonistas em uma história que aborda o amor e a presença dele em um contexto de questionamento político e social. Além deste, ODDSAC, o soturno filme de Danny Perez feito em colaboração ao Animal Collective, também foi transmitido - com imagens que se entrelaçam à trilha, onde o visual se altera constantemente, sem a presença de narrativa, provocando até certas sensações de desconforto e caos.

O som dos criadores

Na parte musical do Creators Project São Paulo, Emicida se uniu ao DJ Zegon, MC Kamau e Daniel Ganjaman no desafio de compor uma faixa em 60 minutos. Tarefa realizada, contando com a participação de uma garota do público que auxiliou no vocal. Posteriormente, Emicida e Kamau versaram suas faixas, e Zegon seguiu com a discotecagem, aquecendo a pista para a sonoridade experimental dos nova-iorquinos do Gang Gang Dance, que estava por vir - valendo-se a banda de marcante percussão e uso de sintetizadores ao longo do show.

Com atraso, Mark Ronson (confira entrevista com o produtor) subiu ao palco e o que deveria ser a apresentação de peso para fechar o evento, acabou aparentando um pouco aquele fim de balada cansado com a pista se esvaziando aos poucos. Apesar de ter tocado faixas de seu próximo álbum, Record Collection, como "Bang Bang Bang", com a participação de Amanda Warner (conhecida como MNDR), músicas de Amy Winehouse como "Valerie" e clássicos da Motown do calibre de "Sir Duke", de Stevie Wonder, o volume baixo do som acabou aparentemente contribuindo para a realização de um show não muito expressivo - o próprio Ronson pediu diversas vezes para que os técnicos aumentassem o volume. Contudo, mesmo com o problemas enfrentados ao longo do setlist, para encerrar, o produtor e músico executou a ótima faixa "Somebody to Love me", com levada afrobeat, que gravou com Boy George para Record Collection.