Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

“A comédia vai beneficiar o cinema brasileiro”, diz diretor do filme O Concurso

Com situações surreais vividas por quatro protagonistas, longa tem Fábio Porchat, Danton Mello e Sabrina Sato no elenco

Pedro Antunes Publicado em 19/07/2013, às 07h49 - Atualizado às 07h59

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Rodrigo Pandolfo, Anderson Di Rizzi, Pedro Paulo Rangel, Danton Mello e Fabio Porchat - Divulgação / Guilherme Maia
Rodrigo Pandolfo, Anderson Di Rizzi, Pedro Paulo Rangel, Danton Mello e Fabio Porchat - Divulgação / Guilherme Maia

Quatro estranhos disputam o primeiro lugar do concurso público para juiz federal. Somente um ganhará. E, logo nos primeiros cinco minutos de filme, você tem certeza que não será um deles. Comédia de estreia do diretor de televisão e outrora ator Pedro Vasconcelos, O Concurso estreia nesta sexta-feira, 19, apostando em um humor razoavelmente novo no cinema nacional, ancorado por um nome que começa a se popularizar no gênero: Fábio Porchat, do canal de vídeos humorísticos hospedado no YouTube Porta dos Fundos.

Fábio Porchat seleciona seus momentos preferidos do Porta dos Fundos.

Danton Mello, Rodrigo Pandolfo e Anderson Di Rizzi completam o quarteto de protagonistas que faz uma direta referências à franquia de sucesso norte-americana Se Beber Não Case: quatro sujeitos que passam por uma noite daquelas na véspera de algo que pode mudar a vida deles. Uma associação que se sustenta mais no trailer (veja no player abaixo) do que durante o longa. “É um tipo de filme que se assemelha”, diz o diretor Pedro Vasconcelos, durante entrevista para a divulgação do filme. “Mas é um tipo de filme, assim como a comédia romântica. São filmes primos”, completa ele.

O humor de O Concurso tem muito daquele nonsense dos quadros humorísticos populares na internet e um quê de politicamente incorreto ao brincar com os estereótipos de diferentes regiões do país: o carioca malandro (Caio, interpretado por Danton), o cearense religioso (Freitas, por Anderson), o nerd do interior de São Paulo (Bernardo, por Rodrigo) e o gaúcho com tendências homossexuais (Rogério Carlos, por Fábio). Trata-se de uma sátira, obviamente, capaz de cutucar a ferida do moralismo que costuma tomar conta do mainstream da comédia. Tudo não passa de uma piada, oras.

Bom Moço e Sem Inimigos: Espécie rara no humor brasileiro, Fábio Porchat não faz piadas inofensivas – e ainda assim se esquiva de confusão.

O filme chega com um orçamento polpudo para os padrões nacionais, R$ 5 milhões, em 400 salas ao redor do país, o maior lançamento do cinema brasileiro no inverno, de acordo com a produção do longa. A comédia se mostra ainda a grande aposta para popularizar os filmes produzidos por aqui. A invasão humorística blockbuster criticada pela mídia especializada por conta da tática de “terra-arrasada”, ou seja, tomando espaço da produção tida como séria, é defendida pelo diretor. “Isso aconteceu com o teatro no Brasil”, relembra ele. “O Brasil é o país da comédia, até para si próprio. Ela gera uma sinergia benéfica para o cinema brasileiro.”

Pedro elenca filmes recentes, como Somos Tão Jovens e Faroeste Caboclo, que foram bem nas bilheterias, como frutos desse interesse – mesmo que, nestes dois casos, o interesse popular tenha se dado pelo mito do rock nacional Renato Russo. Ele argumenta que até Central do Brasil e Cidade de Deus, produções premiadas após a Retomada, também são frutos de uma indústria em desenvolvimento liderada pela mudança de perspectiva que o público tem do cinema nacional graças ao humor. “A comédia vai beneficiar o cinema brasileiro. O brasileiro não só gosta do humor como isso vem mexendo com o público”, completa.

Se beber, não preste um concurso público

O roteiro de O Concurso tem, nos primeiros três quartos de filme, uma linha coerente dentro de insanidades cotidianas. Dentro do universo destes quatro protagonistas, uma luta de kung fu entre dois anões até faz sentido. Depois, a história se descamba para uma redenção exagerada que desvirtua todo o discurso anterior.

Caio, Freitas, Bernardo e Rogério Carlos são os quatro finalistas do concurso para juiz federal. Resta-lhes a última prova, de perguntas e respostas, no Rio de Janeiro. O carioca interpretado por Danton convence os colegas que, com o gabarito da prova, eles estariam melhor preparados. E dá-se início à saga recheada trapalhadas que envolvem tiroteios, brigas de bar, a polícia, um grupo de drag queens e os já citados anões.

Os protagonistas dividem mais do que o sonho de estabilidade financeira que o cargo desejado oferece. A jornada louca na qual eles embarcam em um fim de semana na capital fluminense envolve também o redescobrimento próprio.

Redescobrimento, este, vivido até mesmo por Danton, que, neste ano, estrela segundo filme humorístico – no começo do ano, ele apareceu nas telonas em outra comédia nonsense Vai Que Dá Certo. “Virei comediante?”, brincou ele. “Fui entrando no humor fazendo teatro em São Paulo. Ainda estou aprendendo o que é fazer comédia.”

Anderson Di Rizzi estreia no cinema em O Concurso. Atualmente na novela das nove da TV Globo Amor à Vida, ele interpreta Carlitos, par de Valdirene (Tatá Wernek). Já Rodrigo Pandolfo é um nome que surgiu bastante nas produções nacionais de 2013. O Concurso é o terceiro filme com o nome dele nos créditos – antes, vieram a também comédia Minha Mãe É Uma Peça e Faroeste Caboclo.

O personagem dele é o interesse, digamos, amoroso de Martinha Pinéu, interpretada pela também estreante no cinema Sabrina Sato. A participação da moça, mais curta do que o trailer dá a entender, limita-se a viver uma ninfomaníaca em cenas de pouca roupa repetindo a mesmas frase de diferentes formas – todas envolvem a escolha entre sexo ou assassinato. Tão surreal quanto coerente com o resto do filme.