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Primeira parte de Amanhecer esbarra na limitação da obra rasa de Stephenie Meyer

Com cenas rodadas no Brasil, o filme é melhor visualmente do que os anteriores, mas é obrigado a seguir com trama conservadora e embalada por clichês

Stella Rodrigues Publicado em 18/11/2011, às 01h57 - Atualizado às 11h37

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<i>A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1</i> - Foto: Divulgação
<i>A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1</i> - Foto: Divulgação

Atenção: o texto abaixo contém spoilers

Estreia nesta sexta, 18, a primeira parte do capítulo final de A Saga Crepúsculo, o sucesso de bilheteria baseado na obra da escritora Stephenie Meyer. Se os filme anteriores foram gigantes em termos de público, paralelamente, a crítica nunca os considerou obras-primas da sétima arte. E essa também jamais foi a proposta. Como nas partes anteriores, A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1 é limitado pela trama melosa, de ideais conservadores, que prega no subtexto valores puritanos, como o da castidade e a força do amor na superação de qualquer obstáculo. Se até a frase já soa clichê é porque torcendo os livros de Meyer o que derrama – apesar de eles retratarem vampiros sedentos de sangue -, é pura água (benta) com açúcar.

Veja galeria de fotos de Amanhecer - Parte 1

Na primeira parte do encerramento da história, Bella (Kristen Stewart) e Edward (Robert Pattinson) finalmente se casam, para desgosto do sempre devidamente descamisado Jacob (Taylor Lautner), que aceita a rejeição em termos. Após a festança, o casal parte para o Rio de Janeiro, onde acontecerá a lua de mel. Para a surpresa de todos, ela engravida durante a viagem e a mistura das genéticas vampira e humana traz consequências catastróficas, como não poderia deixar de ser. A miscigenação faz com que o feto destrua o corpo de Bella aos poucos, mas a desgraça não fica por aí: a escapulida do protocolo vampiresco desemboca no reinício da guerra entre os sugadores de sangue e os lobisomens.

Recapitulando os longas anteriores - Crepúsculo (dirigido por Catherine Hardwick), Lua Nova (de Chris Weitz) e Eclipse (David Slade) -, há uma clara evolução cinematográfica neste trabalho de Bill Condon. Mais ousado tecnologicamente e com uma fotografia chamativa, ele deixa para trás os ares de filme adolescente qualquer para incorporar a produção milionária que se tornou mais e mais amada pelo público com cada filme, e cujo elenco foi ficando mais afiado com o passar do tempo.

A fotografia se destaca especialmente nas cenas rodadas no Rio de Janeiro, na fictícia ilha de Esme, na costa do estado. Nos cerca de 15 minutos de lua de mel dos personagens principais está também o ponto alto da comédia – pelo menos para os brasileiros. Há tentativas explícitas, e às vezes até bem-sucedidas , de arrancar risos na típica cena dos brindes no casamento, aquela que tem em uma porção de comédias românticas. E também na forma como a energética performance sexual do vampiro Edward pode ser perigosa para a integridade física tanto de Bella, quanto do quarto que eles ocupam. Mas os brasileiros deverão rir mesmo do rápido retrato que é traçado do Rio de Janeiro e das dignas, mas ainda assim divertidas, falas em português proferidas por Pattinson.

Em termos de linguagem, os recursos já são velhos conhecidos do cinema. Flashbacks mostrados com fast-cutting e aquela clássica tecnologia de expor o que acontece dentro do corpo humano que CSI já usou exaustivamente. Mas, lembrando, não há nada de novo sendo desenvolvido em termos de roteiro também. Exceto, talvez, que a mocinha tem a permissão de sentir desejo sexual e ser aquela que faz pressão. Nada que não seja devidamente punido, posteriormente na trama, com um mundo de dor e sofrimento.