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Rodrigo Santoro relata como foi a experiência de atuar em Golpe Duplo, que estreia nesta quinta, 12

Ator ainda falou sobre Chris Rock, improviso, automobilismo e os planos de voltar a trabalhar no Brasil

Paulo Mauricio Costa Publicado em 12/03/2015, às 14h01 - Atualizado às 14h10

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Rodrigo Santoro, Margot Robbie e Will Smith - John Salangsang/AP
Rodrigo Santoro, Margot Robbie e Will Smith - John Salangsang/AP

Impressão digital de uma carreira hollywoodiana que já atravessou a barreira de uma década, a versatilidade de Rodrigo Santoro ganha o tempero da capacidade de improvisar a partir da experiência dele em Golpe Duplo, novo filme norte-americano do ator brasileiro, cuja estreia acontece nesta quinta, 12. O tom farsesco do ágil e vertiginoso longa-metragem da dupla Glenn Ficarra e John Requa foi, de acordo com Santoro, alimentado pela permanente liberdade de atuação conferida no set pelos diretores e pelo principal astro do filme, Will Smith.

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"Improvisamos bastante. Foi o Will que começou e os diretores estavam abertos a isso. Às vezes a cena tinha determinado início e o Will começava no meio dela, e em seguida voltava para o início. Muitas vezes os diretores nem cortavam. Foi uma experiência fantástica do começo ao fim. Eu ia feliz para o set", diz o brasileiro, nascido em Petrópolis, região serrana do Rio, para onde escapa para descansar vez ou outra na companhia dos pais.

Ele passou a exercitar a infidelidade parcial ao sagrado roteiro de cinema no set de O que Esperar Quando Você Está Esperando (2012), em que teve a companhia incendiária do comediante Chris Rock. "O Chris é um mestre do stand-up e do improviso. Ali foi a minha primeira vez nesse tiroteio de atuação."

Os riscos da improvisação em cena, segundo ele, são maiores para um ator ainda sem domínio absoluto dos labirintos do idioma de Shakespeare. "A língua inglesa não é a minha primeira língua, claro. Eu me arrisco. Às vezes acerto, às vezes não. Quando estou no set, praticando, eu ganho mais fluência".

Na bagagem para o novo filme, Rodrigo também levou a experiência de já ter trabalhado com Glenn Ficarra e John Requa em O Golpista do Ano, em 2009. Em Golpe Duplo, o brasileiro abraça com garra o papel de Garriga, o inescrupuloso e violento proprietário de uma equipe de automobilismo que, somente na segunda metade do longa, surge no caminho de um casal de ladrões de casaca formado por Nicky (Will Smith) e Jess (a australiana Margot Robbie, de O Lobo de Wall Street).

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O filme põe em xeque a habitual classificação de gêneros do cinema norte-americano e o consagrado manual de roteirização de Syd Field, combinando elementos de suspense e comédia ao narrar, amparado por inúmeros pontos de virada na história, a trajetória do golpista Nicky, cujas certezas são abaladas quando ele se apaixona pela perigosa loira platinada Jess. "A ideia era misturar gêneros", afirma Santoro. "Acho que é um thriller com senso de humor, inteligente, que surpreende o espectador", acrescenta. Golpe Duplo é um filme em que as fronteiras entre bem e mal estão nebulosas e os perfis dos personagens margeiam a ambivalência, na tradição hollywoodiana de ladrões e golpistas sedutores, da qual são figuras de proa o Paul Newman e o Robert Redford de Butch Cassidy and The Sundance Kid (1969, intitulado apenas Butch Cassidy, em português) e Golpe de Mestre (1973), ambos de George Roy Hill.

Para mergulhar no universo de seu personagem, o ator brasileiro fez laboratório sob a orientação da irmã do piloto de Fórmula Indy Hélio Castroneves. "Assisti a uma prova, fui aos boxes e andei em um carro da categoria, adaptado para dois lugares, com um piloto. Eu já havia saltado de paraquedas, mas essa experiência também foi incrível. Acho que estávamos a mais de 200 km/h e o piloto dizendo que não tinha acelerado tudo", recorda.

Outro aspecto que o atraiu no roteiro foi a oportunidade de acrescentar um comentário à vida real de qualquer artista em posição de destaque. "O Garriga é um camarada muito preocupado com a imagem, com sua reputação, e isso é muito pertinente para o mundo em que a gente vive hoje. É preciso estar atento ao ego, à vaidade. Procuro cuidar da minha. Pratico minha ioga, meu surfe, buscando sempre um equilíbrio interno para não me perder no meio disso tudo", diz.

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A agenda do ator, porém, não abre tanto espaço a momentos de lazer e reflexão. No cinema, ele já concluiu as filmagens de The 33, sobre os homens que ficaram presos em uma mina no Chile, em 2010, Pelé, sobre o ex-jogador, e Dominion, no qual contracena com John Malkovich em uma produção que conta a saga do poeta Dylan Thomas. Para a HBO, Santoro já terminou, também, o piloto da série Westworld, de Jonathan Nolan (o irmão caçula de Christopher Nolan, de Interestelar), com produção executiva de J.J Abrams (Lost) e coestrelado por Anthony Hopkins, Ed Harris e Evan Rachel Wood.

A data de seu retorno ao cinema brasileiro ainda está indefinida, embora Santoro revele que tem lido roteiros nacionais e confesse admiração pelo cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho e seu cultuado longa-metragem O Som ao Redor. Ele tem cultivado também o plano de voltar ao teatro - no Brasil -, onde teve somente uma única experiência, no final dos anos 1990, na peça D'artagnan e os Três Mosqueteiros. “Quero muito fazer. Estou lendo umas coisas. É fundamental para o ator. Agora eu me abri para isso".