Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Técnica e muita garra

Em sua segunda visita ao Brasil, o Rush novamente se mostra irretocável

Por Paulo Cavalcanti Publicado em 09/10/2010, às 13h20

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail

O Rush levou um bom público na sexta-feira, 8, ao Estádio do Morumbi, em São Paulo. Segundo a organização, foram 38 mil pessoas. Um número considerável se levarmos em conta que o show do Rush foi "sanduichado" por dois outros megaeventos - a apresentação do grupo Bon Jovi, ocorrida na quarta-feira, 6, também no Morumbi, e o festival SWU, que começa hoje em Itu. O Rush está viajando com a Time Machine Tour, que repassa seus 40 anos de carreira, sendo que o ponto alto é execução na íntegra do álbum Moving Pictures (1981), até hoje um dos mais populares da banda.

Antes de Geddy Lee (baixo, teclados, vocais), Alex Lifeson (guitarra) e Neil Peart subirem ao palco, foi exibido nos telões um filme no qual os membros da banda, devidamente fantasiados e maquiados, interpretavam personagens grotescos que satirizavam as origens e o conceito musical do Rush. O grupo então se materializou com o maior pique apresentando o grande hino "The Spirit of Radio". Na sequência, "Time Stand Still", "Presto" e "Stick it Out" garantiram um bom começo de show. "Workin' Them Angels", "Leave That Thing Alone" e "Faithless" mantiveram a atenção. O grupo então tocou "BU2B", uma música nova, que deve fazer parte de Clockwork Angels, o CD que o Rush está prometendo para o ano que vem.

A primeira parte da apresentação ainda teve "Free Will", "Marathon" e "Subdivisions". Para justificar o tema "máquina do tempo", o palco era decorado por máquinas antigas e cacarecos que pareciam ter saído de alguma loja de segunda mão. Os telões funcionaram de uma maneira impecável e ninguém reclamou do volume e da fidelidade do som. Depois disso, aconteceu um intervalo. Enquanto as luzes se apagavam, uma voz ecoava nos falantes dizendo algo como: "Este intervalo acontece devido à avançada idade dos membros da banda". Cerca de 20 minutos depois, os telões instalados no palco exibiram mais um filme recheado de humor autodepreciativo. Lee, Lifeson e Peart novamente ironizavam as críticas que sofreram ao longo dos anos. O grupo então entrou arrasando com o mega-hit "Tom Sawyer". Foi um momento catártico: a música, que há muitos anos foi popularizada com a abertura da série Profissão Perigo (MacGyver), foi cantada a plenos pulmões pelo Morumbi inteiro. Era também o começo da execução de Moving Pictures.

Vieram, na ordem, "Red Barchetta", a instrumental "YYZ", "Limelight", "Camera Eye", "Witch Hunt" e "Vital Signs". Foi curioso ver e ouvir o Rush tocando inteiro esse seu álbum clássico. Os fãs se comportaram numa mistura de êxtase e reverência. Assim, quando esta parte acabou e Geddy Lee anunciou a execução de "Caravan", single de Clockwork Angels, foi meio anticlimático. Mas o restante foi apoteótico. É que finalmente tinha chegado a parte do solo de bateria de Neil Peart. Geralmente solos de bateria são recebidos com bocejos e impaciência. Mas no caso de Peart, ninguém tirou os olhos do idolatrado músico enquanto ele espancava seu gigantesco instrumento, exibindo uma técnica impressionante e inigualável. Em um momento, tocou sob uma base pré-gravada que emulava o som de uma big band dos anos 40.

Mal Peart sumiu do palco em meio à ovação da plateia, apareceu Lifeson tocando uma guitarra acústica, fazendo a introdução da power balad "Closer to the Heart", uma das favoritas do público brasileiro. A elaborada "2112", título do álbum lançado pelo Rush em 1976, também foi muito bem recebida. Mas o trio preferiu encerrar com "Far Cry", de Snakes & Arrows, álbum de 2007. Algumas pessoas já estavam indo embora quando Lee, Lifeson e Peart retornaram para o bis. E valeu a pena, já que eles voltaram com a instrumental "La Villa Strangiato", uma das mais poderosas demonstrações do virtuosismo dos integrantes do Rush. Tudo acabou mesmo com "Working Man", canção que fecha o primeiro álbum da banda, chamado apenas Rush e lançado em 1974. Ela serve para mostrar que o Rush nunca esqueceu suas humildes raízes no Canadá e também prova aos fãs que eles nunca quiseram ser nada além de "uma banda trabalhadora". E depois que o Rush saiu do palco de vez, foi exibido mais um divertido filme, que dessa vez tinha como alvo os fãs, dedicados, nerds e, às vezes, um tanto pentelhos.

No domingo, 10, o Rush se apresenta no Rio de Janeiro, na Praça da Apoteose.