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Acontece Internacional - Grimes

O synth pop sombrio da ex-bailarina tatuada é a nova obsessão do mundo indie

Jonah Weiner - Tradução J.M. Trevisan Publicado em 09/08/2012, às 17h50 - Atualizado às 17h53

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<b>MUNDO DAS SOMBRAS</b> Grimes mistura melodias pop com barulho futurista - AARON STERN
<b>MUNDO DAS SOMBRAS</b> Grimes mistura melodias pop com barulho futurista - AARON STERN

“Minha voz está totalmente fodida!”, diz Grimes. A cantora e beatmaker canadense de 24 anos (nome de batismo: Claire Boucher) está nos bastidores do Mercury Lounge, em Nova York, depois de terminar uma apresentação. Ela está esgotada por causa da pesada turnê de divulgação de seu novo álbum, Vision, composto de um pop irresistível cheio de sintetizadores e ruídos. Claire gosta de misturar o agradável e o abrasivo, o belo e o perturbador, até que ambos se tornam indistinguíveis. É algo presente até em sua roupa, um conflito elegantemente horrendo de neons e pastéis, e na sua música, em que batidas eletrônicas graves e trêmulas repousam debaixo de vocais adocicados significantemente inspirados, ela explica, por Mariah Carey.

O single “Oblivion” alterna luz e trevas. A música é um synth pop que a deixa devendo ao Soft Cell. As harmonias vocais são etéreas, mas os versos descrevem traumas. “É sobre ser atacada”, diz ela. “Tive uma experiência terrível há alguns anos, que me arrasou enquanto ser humano.” Quando ela começou a compor “Oblivion”, conta, estava “devastada”. No fim, “aquilo simplesmente me curou”. Na infância e adolescência, Claire dançava balé, depois passou a usar maconha e a ler quadrinhos, largou tudo, e entrou para a escola de artes em Vancouver. Também estudou neurosciência em Montreal. “Neurosciência é basicamente questionar: ‘O que é humanidade?’”, diz ela. “Música é a mesma coisa.”

Saímos da casa noturna em direção ao hotel, próximo dali. No quarto abarrotado, ela se joga em uma das camas e mostra a nova tatuagem, erguendo seu rabo de cavalo para revelar três linhas horizontais um pouco acima do pescoço (3 é um de seus números da sorte). As mãos estão cobertas com outras tatuagens – um alienígena, uma onda quadrada, runas de seu filme favorito, O Quinto Elemento. “Acho que todas as tatuagens deveriam ser impulsivas”, diz. Ela usa um anel moldado na forma de uma vagina. “Isso aqui precisa de um ginecologista”, brinca.

A vida na estrada não é glamorosa, mas está de bom tamanho para Grimes. “Acho que seis de nós vão dormir aqui esta noite”, ela diz, então para e pensa. “Ah, merda, esqueci da minha banda. Pode ser que sejam mais de seis. Mas tudo bem – não ligo de dormir no chão.”