Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

As Palavras Finais

O produtor Rick Rubin fala sobre as canções folk e gospel do último disco de Johnny Cash

Por David Browne Publicado em 11/05/2010, às 05h46

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
<b>RESISTINDO</b> Nos últimos anos, Cash só viveu para gravar - Martyn Atkins
<b>RESISTINDO</b> Nos últimos anos, Cash só viveu para gravar - Martyn Atkins

Nos últimos quatro meses de sua vida, Johnny Cash gravou mais de 60 músicas - uma dezena delas incluídas no álbum American V, de 2006. Agora, o produtor Rick Rubin escolheu mais dez faixas - a maioria gravada no chalé de Cash no Tennessee - para American VI: Ain't No Grave, que vão de baladas de Sheryl Crow e Tom Paxton a clássicos do country como "Satisfied Mind" e "Cool Water". Como seus antecessores, VI consiste de sessões de voz e violão preenchidas por overdubs do guitarrista Mike Campbell e do tecladista Benmont Tench, do Heartbreakers, entre outros. Como o último lançamento da parceria frutífera de mais de uma década entre Cash e Rubin (embora o produtor possa montar um box de faixas extras no futuro), Rubin sente que VI reflete a determinação e a ética de trabalho de Cash no final da vida dele. "Naquele momento, ele sentia que estava vivendo para fazer aquilo", conta Rubin. "Se estivesse vivo, ainda estaríamos gravando álbuns."

"Ain't No Grave"

Os dois falavam sobre gravar um CD de hinos religiosos, para o qual Rubin escolheu esta faixa. As letras decididas da música ("Gabriel, don't you blow that trumpet/Until you hear from me" [Gabriel, não toque a trombeta/ até você me escutar]) refletem o estado de ânimo de Cash. "As músicas em V eram mais tristes", diz Rubin. "Este álbum parece mais como uma fênix ressurgindo das cinzas."

"Redemption Day"

O próprio Cash escolheu esta balada de Sheryl Crow, que tem referência a "um trem rumo aos portões do céu". "Ele sentia que a mensagem era a que ele queria passar", conta Rubin, que não conhecia a música antes. "Ele falou que desistiria de todas as outras músicas por esta."

"Last Night I Had the Strangest Dream"

Rubin sempre quis que Cash cantasse "Imagine", de John Lennon, mas ele a rejeitou: "Não achava que poderia ser honesto cantando coisas como 'imagine que não há céu'". Em vez disso, Cash escolheu esta esperançosa música antiguerra de Ed Mc- Curdy, de 1950. "A saúde dele não estava tão boa quando a gravou, e isso aparece na gravação", diz Rubin.

"I Corinthians 15:15"

A única original do álbum, esta ode de inspiração bíblica à vida e à morte foi uma das últimas que Johnny Cash compôs. Levou três anos para ser concluída. "Normalmente, ele compunha bastante rápido, mas esta foi uma luta", lembra Rubin. "Ele a tocou para mim apenas com o violão. Estava muito orgulhoso dela."

"Aloha Oe"

Esta balada havaiana de despedida - com guitarra havaiana de "Cowboy" Jack Clement - foi escolhida por Cash para fechar o álbum. "Quando estávamos trabalhando no IV, ele queria que 'We'll Meet Again' fosse o final do que ele achava que era o último álbum, então, quando trabalhamos em mais músicas, quis que 'Aloha Oe' fosse a última", diz Rubin. "Ele a achava um encerramento perfeito."