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Sem preconceitos sonoros, o fotógrafo Marcos Hermes é um dos principais cronistas visuais da música brasileira

“Para mim, tudo começou nos anos 1990. Quem poderia imaginar que, décadas depois, a gente conseguiria juntar hip-hop com samba?”, questiona ele

Paulo Cavalcanti Publicado em 24/08/2017, às 16h40 - Atualizado às 17h24

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<b>Saudosa Rebelde</b><br>
Cássia Eller em 2001, relaxando em Teresópolis, Rio de Janeiro. “Cássia era um furacão no palco, mas de total serenidade fora dele”, diz Hermes
 - Marcos Hermes
<b>Saudosa Rebelde</b><br> Cássia Eller em 2001, relaxando em Teresópolis, Rio de Janeiro. “Cássia era um furacão no palco, mas de total serenidade fora dele”, diz Hermes - Marcos Hermes

Ao longo de quase três décadas, o carioca Marcos Hermes, de 43 anos, construiu uma das mais sólidas carreiras dentro da fotografia musical brasileira, clicando grandes nomes da nossa produção e incontáveis shows e festivais internacionais que passaram por aqui. Também é responsável por mais de 700 capas de discos e DVDs. Nessa atuação incansável, Hermes sente que tem a missão de registrar um pouco de tudo o que acontece dentro da música nacional – sem preconceito, trabalha com todas as vertentes. Aproveitando o enorme e diversificado acervo que segue construindo, Hermes agora prepara o livro Brasilerô, focado na diversidade sonora do país. No final de 2016, ele deu início ao projeto com uma exposição de mesmo nome.

Clique na galeria acima para ver algumas das imagens

Apesar de dizer que “não escolhi a fotografia, ela é que me escolheu”, Hermes conseguiu unir a paixão que tem pela música com a atuação profissional. Quando adolescente, começou a tocar bateria. Em seguida, passou a clicar shows para ficar perto dos ídolos. “Esse foi o começo, publicando fotos e escrevendo em fanzines musicais”, relembra. Um ponto de virada foi em 1991, quando fotografou o Rock in Rio II e conseguiu que o material fosse publicado em uma revista argentina.

Nos primórdios, Hermes trabalhou em jornais diários do Rio de Janeiro, como O Dia e Jornal de Hoje, cobrindo de tudo, de crimes a política. A música ainda era o lado B, mas a situação não demorou a mudar – a partir da segunda metade da década de 1990, ele passou a ser visto como referência do registro de shows, sendo requisitado por gravadoras e produtoras. Foi responsável por trabalhos marcantes, como a capa e o material promocional do Acústico MTV de Cássia Eller, de 2001, e Ney Matogrosso Interpreta Cartola (2002), entre muitos outros.

A diversidade presente na música brasileira é refletida na atuação do fotógrafo. Nas imagens que registra, ele procura cruzar referências de todas as tribos e estilos. “Só aqui no Brasil conseguimos fazer essas misturas musicais loucas”, afirma. “Para mim, tudo começou nos anos 1990. Quem poderia imaginar que, décadas depois, a gente conseguiria juntar hip-hop com samba?”

Com base nessa filosofia de geleia geral, ele sempre procurou transitar em todas as frentes e se aproximar dos músicos. “Eu vejo o ato de fotografar como um processo psicológico. É preciso entender o que se passa dentro da cabeça do artista. E, nesse processo, extrair algo exclusivo. Basicamente, saber o que a pessoa quer comunicar. Estou sempre pesquisando, buscando o outro lado. E não me envolvo em nenhum projeto em que não acredite.”

Além do vasto e variado acervo, devidamente organizado e preservado, Hermes é aliado da tecnologia. Foi desde o início um entusiasta da fotografia digital. “Para mim, vale tudo, até foto feita com celular”, afirma. Ele acredita que a modernização e a atualização do profissional são primordiais nos dias atuais. “Hoje, não podemos pensar apenas em foto estática. Com as redes sociais, o profissional precisa ter agilidade. Uma foto pode virar um vídeo ou até mesmo outro formato.”