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Espírito Cigano: Bob Dylan na turnê Rolling Thunder Revue, iniciada em 1975

O fotógrafo KEN REGAN registrou o lado teatral de Dylan na excursão que tinha uma atmosfera meio cigana, meio circense

Paulo Cavalcanti Publicado em 23/05/2018, às 19h08 - Atualizado às 19h20

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“Eu queria que as pessoas vissem os meus olhos”, contou Dylan ao fotógrafo Ken Regan sobre ter maquiado o rosto de branco  - Ken Regan
“Eu queria que as pessoas vissem os meus olhos”, contou Dylan ao fotógrafo Ken Regan sobre ter maquiado o rosto de branco - Ken Regan

A Rolling Thunder Revue, turnê de Bob Dylan iniciada em 1975, tinha uma atmosfera meio cigana, meio circense. Para participar da série de shows, o astro convidou Joan Baez, Roger McGuinn (The Byrds), Ramblin’ Jack Elliott e Bob Neuwirth, que ficou encarregado de liderar a banda de apoio. Uma peça indispensável para a excursão, porém, não era músico. Dylan trouxe a bordo o fotógrafo Ken Regan, conhecido pelo trabalho junto a grandes nomes das esferas política, musical e esportiva, para registrar as apresentações. Regan, que morreu em 2012, se juntou à trupe para clicar não só os palcos mas também o clima sui generis dos bastidores, onde Dylan recebia amigos e celebridades. São de Regan as fotos impressas nestas páginas.

A primeira parte da Rolling Thunder Revue começou no War Memorial Auditorium, em Plymouth, Massachusetts, em 30 de outubro de 1975, terminando no dia 8 de dezembro, no Madison Square Garden, em Nova York. Houve ainda um segundo segmento, que rodou os Estados Unidos entre abril (Lakeland Civic Center, Lakeland) e maio de 1976 (Salt Palace, Salt Lake City). No geral, Dylan optou por locais pequenos – muitas vezes nem havia um aviso prévio de que ele estaria naquele determinado lugar.

Havia todo um elemento teatral: o bardo aparecia maquiado, com o rosto branco, echarpes e um chapéu adornado por flores. Uma das razões para esse lado mais performático era que, paralelamente à turnê, Dylan dirigia Renaldo and Clara, um filme com trechos das apresentações misturadas a partes dramatizadas e improvisadas. Dele participaram Sara, na época esposa de 1 Dylan, o poeta beat Allen Ginsberg e o ator Harry Dean Stanton, entre outros. Com quatro horas de duração, o longa só estreou dois anos depois, em 1978, e foi massacrado pela crítica. Mais tarde, Dylan editou a produção para duas horas e a tornou mais palatável, concentrando-se nos segmentos musicais.

Se a aventura paralela de Renaldo and Clara se revelou como uma decepção, ninguém reclamou do que rolou no palco. No começo de 1975, Dylan havia lançado o visceral Blood on the Tracks. Ele executou várias canções do álbum, a exemplo de “Tangled Up in Blue”, “Idiot Wind” e “Simple Twist of Fate”. Além disso, preparou versões totalmente renovadas para clássicos como “Blowing in the Wind” e “It’s All Over Now, Baby Blue”. No hiato entre o primeiro e o segundo segmento da Thunder Rolling Revue, Dylan lançou ainda o aclamado Desire (janeiro de 1976). Era mais um capítulo incomparável na história do artista, que em 24 de maio de 2016 completa 75 anos.