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In Utero, último disco do Nirvana, nasceu no Brasil

Edição de agosto da Rolling Stone investiga as origens do álbum, que completa 20 anos, no Rio de Janeiro

Pedro Antunes Publicado em 09/08/2013, às 16h03 - Atualizado em 13/08/2013, às 11h11

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Nirvana na capa da edição de agosto da <i>Rolling Stone Brasil</i>
Nirvana na capa da edição de agosto da <i>Rolling Stone Brasil</i>

A maior banda do mundo em 1993 chegou com uma comitiva relativamente pequena ao estúdio BMG-Ariola, no Rio de Janeiro, naquele dia 19 de janeiro. Dois seguranças brasileiros razoavelmente fluentes em inglês cercavam Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl, o Nirvana. Courtney Love e a recém-empossada baterista do Hole, Patty Schemel, eram constantes apêndices do grupo completado pelos produtores Ian Beveridge e Craig Montgomery. O carioca Dalmo Belloti, hoje também produtor e compositor, foi escalado pela gravadora para ser o engenheiro de som daquelas sessões. Durante três dias, os trabalhos se iniciavam à tarde, às 16h, e duravam até a madrugada. Nos intervalos, enquanto Grohl e Patty conversavam sobre o instrumento que tocavam em comum, Cobain levava Courtney para o estúdio número 1 e deitavam lá por horas. "Talvez estivessem dormindo", sugere Belloti.

Fotos: filha de Kurt Cobain posa para lentes de estilista francês.

A dinâmica do Nirvana é traduzida por três estereótipos: "o quietão, Kurt Cobain, "o cara normal", Krist Novoselic, e "o brincalhão", Dave Grohl. Era Cobain quem comandava o processo, ainda que com frases curtas e pouco espaço para diálogo. "Vamos tocar mais uma?", dizia o vocalista e guitarrista ao ouvir algumas demos registradas ali, sentado no chão em um canto distante da mesa de som Neve 1073. O Nirvana fez questão de gravas as demos em 24 canais, em fitas de 2 polegadas. Belloti lembra de ter estranhado tamanho preciosismo. Ele não sabia que, ao final daqueles três dias de gravações, a banda pediria para levar embora os oito rolos com mais de 20 horas de material. Belloti também não imaginava, mas ali começava a ser gerado In Utero, o derradeiro disco do grupo. Na edição de agosto, nas bancas a partir de segunda, 12, a Rolling Stone Brasil investiga as origens desse trabalho, cujo embrião foi formado no Rio.

Naquela época, o Nirvana passou pelo país para duas apresentações tão lendárias quanto displicentes, nos dias 16 de janeiro, no Estádio do Morumbi, e 23 do mesmo mês, na Praça da Apoteose, dentro do extinto festival Hollywood Rock. "Era como se fosse a Beatlemania˜, conta Patty. ˜Para entrar e sair dos lugares, precisávamos ser escoltados pelos policiais. "

Por dentro do relançamento repleto de raridades do disco In Utero, do Nirvana.

Belloti, que passou aqueles três dias com a banda no estúdio, se lembra claramente da mania de Cobain em beber café preto sem açúcar. “Eu não entendia o que ele falava, ele dizia: ‘Just black’. Eu não conhecia essa expressão”, conta, rindo. O astro também pareceu feliz ao experimentar os biscoitos disponíveis no local. Com exceção disso, Cobain se recolhia a si mesmo. Courtney mal falava durante o período em que a banda esteve gravando. “Se houve o uso de drogas, foi escondido”, diz o produtor. “A bebida era água mineral e café.” O mundo poderia estar atrás deles, mas, naquele estúdio escondido em Copacabana, o Nirvana parecia estar em paz.

Quem também falou à RS Brasil foi Steve Albini, produtor de In Utero, tendo se recusado apenas a citar Courtney Love (“Eu não quero falar sobre Courtney. Não tenho nada para falar sobre ela”).

“O contato inicial foi com Kurt. Ele me ligou. Eu escrevi uma carta para a banda explicando como eu normalmente trabalho, dizendo que se eles quisessem que eu trabalhasse com eles, seria daquela forma, entende?”, relembra Albini. O produtor também conta que “o conceito principal de In Utero era uma gravação de alta qualidade”.

Dez shows de despedida que gostaríamos de ter visto: Nirvana.

Foram cerca de duas semanas de trabalho. Nesse período, Albini teve a oportunidade de conviver com o Nirvana logo após o estrondoso sucesso de Nervemind, lançado em 1991. “Eles me pareceram caras de uma banda normal. Tinham uma postura boa, eram divertidos, sabe? Gostavam uns dos outros, gostavam da música deles, gostavam do que estavam fazendo. Instantaneamente, tivemos uma boa relação.”

Além disso, a reportagem especial conta também com um arquivo de entrevistas com Kurt Cobain, informações sobre a edição especial de 20 anos do disco, que sai em setembro, e detalhes sobre o imbróglio que envolveu a gravadora e o lançamento de In Utero, na época.

A edição 83 da Rolling Stone Brasil chega às bancas, na segunda, 12 de agosto.