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Especial Skate: O Futuro é Dele

Aos 17 anos, o catarinense Pedro Barros é apontado como o mais provável protagonista brasileiro na elite mundial do skate. Mas ele pode sonhar com mais

Pedro Antunes Publicado em 12/11/2012, às 13h57 - Atualizado às 13h58

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<b>MADURO</b> Pedro Barros, em Florianópolis: talento incomum - FABIO BITÃO
<b>MADURO</b> Pedro Barros, em Florianópolis: talento incomum - FABIO BITÃO

Naquela noite de setembro, o garoto acostumado a encantar multidões sentiu borboletas dançando em seu estômago diante das 70 pessoas da plateia. Aos 17 anos, Pedro Barros se sentia como um animal fora de seu habitat, perdido por alguns instantes antes de subir no palco de uma casa de shows de Criciúma, em Santa Catarina. Faltavam-lhe as rampas, os corrimãos e, claro, aquela prancha com quatro rodinhas.

Adolescente ainda com resquícios de puberdade no rosto, Pedro é o mais promissor atleta do skate nacional, mas se viu nervoso na função de figura central no palco, como vocalista no primeiro e único show do Pistols Division, grupo formado com amigos. “Era tão perto das pessoas”, ele relembra, falando de sua casa, em Florianópolis, onde nasceu. “Na pista, é diferente, tem uma certa distância, estou acostumado.”

A sensação de ser o centro das atenções não é de todo estranha ao skatista que desde os 10 anos circula entre lendas do esporte, como Tony Hawk e outros com os quais a maioria dos meninos da mesma idade só convive nos videogames. “Foi quando passei dez dias na casa do [skatista brasileiro] Lincoln Ueda, na Califórnia”, conta Pedro. “Foi lá que conheci todos os grandes skatistas, visitei os caras, andei com eles. Voltei para o Brasil sabendo o que eu queria.” A timidez, pelo menos no skate, se foi.

Pelo status adquirido ainda criança, Pedro pode ser apontado como uma espécie de Neymar das rodinhas – só que mais discreto, sem visual espalhafatoso. Amigo dos principais medalhões do skate, ele é equilibrado e evita declarações polêmicas. “Conheço esses caras há sete anos. Não existe rivalidade, porque eles sabem quem eu sou desde garoto”, diz. A maturidade exibida nas pistas street, vertical ou bowl é a mesma que demonstra falando sobre o que faz da vida – Pedro Barros faz questão de reforçar que o skate é uma profissão. A estreia no circuito profissional foi há dois anos, quando ele ainda tinha 15. “O dinheiro cai na conta todo mês e é aí que você entende que isso é um trabalho”, diz. “Se não treinar, não vai ganhar, vai deixar de ter a sua renda.”

Filho de um surfista nascido em Brasília, Pedro tinha 1 ano quando esteve diante de um skate pela primeira vez. O pai, André Barros, recebeu a visita do skatista e surfista Léo Kakinho. Os dois saíram para surfar e deixaram um skate na casa. Quando voltaram da praia, encontraram um bebê grudado nele. “É a história que contam, né? Nunca mais larguei”, explica Pedro, que é dono de uma pista particular no jardim de casa. Combinando a atitude reservada e a responsabilidade incomum com um talento igualmente raro e espontâneo, Pedro se tornou um adversário duro para os veteranos: já foram quatro medalhas no torneio X Games. A primeira foi em 2009, ainda como amador. Na segunda, aos 15, enfrentou os profissionais e ficou com o ouro na categoria Streetpark, derrotando o lendário Andy Macdonald (então com 37 anos de vida e 21 de skate profissional).

Atualmente, Pedro Barros é agenciado pela 9ine, empresa de marketing esportivo do Ronaldo Fenômeno, também responsável pela imagem de gente como Neymar (além do campeão de MMA Anderson Silva e até do cantor sertanejo Luan Santana). Mas ele não é dado a sair de sua própria proposta visual e costuma recusar propagandas que escapam do que ele diz acreditar. Até por isso, seu nome ainda engatinha para fora do circuito dos esportes radicais. “Não vou fazer propaganda com cabelinho de um jeito, roupa diferente, não”, diz. “Se for fazer, vai ser do meu jeito.” E nada disso impede que ele seja apontado como sucessor de Bob Burnquist na posição de maior representante brasileiro na elite do skate mundial. Sobre uma prancha, ele se sente no próprio habitat. É quando está sozinho, rodopiando no ar, que as borboletas no estômago o deixam em paz.