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P&R - Al Pacino

O ator fala sobre Phil Spector, Mozart, Scarface e a alegria de usar uma peruca

Mark Binelli Publicado em 12/04/2013, às 11h54 - Atualizado em 25/04/2013, às 11h42

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<b>CABELOS</b> “Perucas são ótimas! Precisei usar porque tive um problema, e gostei” - ARMANDO GALLO/RETNA LTD./CORBIS
<b>CABELOS</b> “Perucas são ótimas! Precisei usar porque tive um problema, e gostei” - ARMANDO GALLO/RETNA LTD./CORBIS

Al Pacino e Phil Spector cresceram no Bronx, em Nova York, têm quatro meses de diferença de idade e foram garotos baixinhos que se tornaram dois dos grandes artistas norte-americanos do século 20. Em Phil Spector, um novo filme da HBO escrito e dirigido por David Mamet, Pacino, de 72 anos, está impressionante no papel principal. O filme, que será exibido no Brasil em 13 de abril, não é uma biografia, mas sim um drama de tribunal. Ele segue o primeiro julgamento de Spector pelo assassinato a tiros da aspirante a atriz Lana Clarkson na mansão dele, em Los Angeles. Embora o lendário produtor tenha sido condenado por assassinato em segundo grau, Mamet diz acreditar que Spector é inocente. Mas o que importa é a performance elétrica de Pacino, que humaniza o homem sob a peruca assustadora.

Você conheceu Spector?

Alguém me mandou uma foto em que eu e Phil estamos perto um do outro em algum evento há uns 20 anos. Só que eu não sabia quem ele era. Tinha ouvido o nome dele, mas não visto como era. Um escritor como David Mamet cria um personagem a partir de sua própria imaginação, então quando as pessoas me perguntam o que sei sobre Phil Spector, tenho de responder que conheço tanto quanto elas. Sei sobre o Phil Spector de David Mamet.

É surpreendente o quanto Mamet pareceu simpatizar com Spector.

David acredita que ele é inocente, mas o filme adota uma abordagem crítica. Fiquei ambivalente, não há dúvida. Você se pergunta se foi um acidente. Gosto do fato de que ficou um pouco no ar.

Você tem de tomar uma decisão quando está fazendo o papel de alguém como Spector, pensando “Ok, acho que ele é culpado ou inocente”?

Tenho sim. Ele realmente falou “Acho que matei alguém” para o chofer de sua limusine. O que pode significar muitas coisas: “Foi um acidente, mas acho que matei essa garota”. No filme, ele afirma que o motorista mal falava inglês e o entendeu mal.

O momento mais simpático é a cena do julgamento, em que você aparece com a peruca louca.

David tem uma fala em que Spector diz: “Muita gente diz que são perucas. Isso se chama preconceito!” Você já usou peruca?

Eu? Não.

Perucas são ótimas! Você não tem de cortar o cabelo, simplesmente coloca aquela coisa, ninguém te incomoda, seu cabelo fica bonito [risos]. Precisei usar uma época porque tive um problema, e gostei.

Qual foi o problema? Você estava se disfarçando?

Não, eu sofri de alopecia areata, quando o cabelo começa a cair. Normalmente, surge por causa de estresse ou algum trauma, e tive de fazer dois 'lmes, então usei várias perucas diferentes.

Os anos 70 agora são vistos como a época de ouro do cinema norte-americano. A sensação era essa naquele tempo?

Bom, eu estava no meio daquilo sem saber [risos]. Só descobri sobre os anos 70 recentemente. “Você fez parte dos anos 70!” “Mesmo? Foi uma época boa?” Não lembro qual era a sensação.

Qual é o filme que as pessoas citam mais ou perguntam mais quando encontram com você?

Scarface. Não sei se é o maior, mas é o filme pelo qual sou mais conhecido.

Filmar Scarface foi mesmo uma loucura?

Foi. Quando você tem um filme escrito por Oliver Stone e dirigido por Brian De Palma, é uma combinação muito interessante. Não se fazem mais filmagens tão longas. Eu fui aquele cara por oito meses.

Você conseguia atuar drogado?

Nunca atuei drogado, jamais. Não conseguia atuar nem depois de alguns drinques. Não combina comigo. Gosto de estar ciente das coisas.

Você já teve um período de músico frustrado? Muitos atores secretamente querem ser astros do rock.

Sim, tive uma obsessão com o piano e sentia que, talvez, fosse Beethoven reencarnado.

Você teve aulas?

Nenhuma. Tocava de ouvido e gravava o que tocava porque não conseguia escrever música. Ficava pensando que talvez estivesse incorporando Mozart, só que soava como [Erik] Satie. Acredite no que digo, era derivativo!