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P&R - Dira Paes

Destaque da minissérie Amores Roubados, atriz não quer ser elogiada pela idade

Bruna Veloso Publicado em 11/02/2014, às 10h11 - Atualizado em 13/03/2014, às 14h40

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DEDICADA
Dira viveu cenas intensas ao lado de Cauã Reymond e Osmar Prado  - GLOBO/ESTEVAM AVELLAR/DIVULGAÇÃO
DEDICADA Dira viveu cenas intensas ao lado de Cauã Reymond e Osmar Prado - GLOBO/ESTEVAM AVELLAR/DIVULGAÇÃO

Dira Paes tem uma vasta gama de papéis no currículo – da ingênua Solineuza, do seriado A Diarista, à prostituta do filme Baixio das Bestas –, mas nada a havia preparado para a explosão da personagem Celeste, que interpretou na minissérie Amores Roubados (Rede Globo). Em meio a cenas de nudez, sexo e humilhação, Dira se viu retratada na mídia como uma espécie de “furacão de sensualidade” – o que não seria um problema para a atriz paraense, não fosse essa descrição sempre atrelada à idade dela (44 anos).

Amores Roubados teve um cuidado com a qualidade como um todo. Esse tipo de trabalho mais minucioso é o caminho para se fazer TV hoje?

Acho que sempre foi o caminho para qualquer área. O que eu penso é que realmente dá trabalho, tem elaboração, não é só chegar e fazer. E acredito que fizemos uma minissérie que não deixa a desejar em nenhum aspecto em comparação a nenhuma outra feita no mundo, pelo menos das que conheço.

Dira Paes: cinema, TV e ativismo.

O que é mais difícil: fazer cenas de sexo ou cenas de forte carga emocional?

As duas são bem difíceis. Nas cenas de amor, é difícil combinar coisas tão friamente, você tem que ter uma espontaneidade cênica de mostrar que está muito à vontade ali. As cenas dramáticas te pedem uma concentração muito forte. Em ambas você tem que ter uma conexão muito grande com o parceiro, mas acho que o peso das cenas dramáticas dói no rosto, com as lágrimas.

Depois de uma cena pesada, você volta para casa um pouco abalada?

Não diria abalada, mas cansada, exaurida, meio congestionada de tanto chorar. Você leva um tempo se desfazendo da sensação física.

Lá fora, as séries competem cada vez mais com o cinema. Vê isso acontecendo um dia no Brasil?

Acho que já estamos chegando nesse mercado. Está havendo um diálogo muito grande entre o cinema brasileiro e a TV brasileira. O que imagino que está sendo descoberto é um novo formato do que o público gosta de ver. Ele gosta de minissérie. São novos olhares que permitem, por serem mais curtos, ter mais qualidade mesmo.

Existe um mito de que o ser humano passa por crises pessoais quando completa décadas de vida: 30, 40. Você passou por essas crises?

Olha, eu diria que não, porque tive no meu amadurecimento um dos momentos mais felizes da minha vida, que foi ter um filho. E acho que antes disso nunca me senti contando o tempo a partir da minha idade. Sempre contei meu tempo com as coisas que eu quero fazer e que ainda não consegui. Confesso que não tive crise, mas lógico que não fico muito à vontade de ter a minha idade estampada em todos os jornais, dizendo: “Nossa, como ela está legal para essa idade”. Isso não é uma coisa que eu entendo como elogio; eu entendo meio como uma invasão de privacidade.

Faz ou já fez terapia?

Fiz terapia e análise durante um tempo. Mas sou uma pessoa muito ativa fisicamente. Meu cotidiano não é num apartamento, é numa casa, com criança, sobe e desce escada. Tenho uma atividade cotidiana que deixa o meu corpo em alerta, minha mente em alerta. Sinceramente, essa tem sido a minha maior terapia. O jardim também é uma grande terapia. A gente acha que é uma coisa clichê, mas é totalmente importante.

Por que, nas novelas, o beijo gay sempre foi um tabu difícil de transpor?

Acho que os adolescentes de hoje já têm precocemente tudo isso muito discutido. Acho que nós adultos é que não conseguimos definir de fato o que é que o Brasil pensa, o que o governo pensa em relação a isso. Mas a questão de gênero está com os dias contados, porque o gênero não é só homem, mulher e gay. Acho que isso está sendo discutido no mundo inteiro. É um tabu ultrapassado.

Você já comentou que a abordagem do público é diferente quando se está em um papel de comédia ou em um drama.

Olha, assédio é assédio. É a pessoa estabelecendo uma comunicação com você, dando opinião, pedindo pra guardar uma lembrança. Sei levar bem, porque às vezes é muito mais rápido você aceitar, tirar a foto, do que falar “não” e ter uma má interpretação do momento. E não deixo de fazer nada por ser atriz, nada. Desde ir ao centro da cidade fazer compras até acompanhar o círio de Nazaré, em Belém, com milhões de pessoas na rua. Às vezes, você fica muito mais incógnito no meio da multidão.