Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Quinze canções sobre drogas

Redação Publicado em 28/08/2017, às 19h37

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Galeria - Canções sobre drogas - Divulgação
Galeria - Canções sobre drogas - Divulgação

Victoria Spivey & Lonnie Johnson - “Dope Head Blues” (1927)

Droga: Estimulantes, possivelmente cocaína

Embora o termo inglês “dope” fosse comumente associado no século 19 ao uso de ópio, na época em que Victoria Spivey gravou “Dope Head Blues” a expressão poderia se referir ao uso de qualquer tipo de droga, principalmente às injetáveis, como morfina e heroína – bastante populares no pós-Primeira Guerra Mundial e às vésperas da Grande Depressão. Entretanto, ao analisar as letras da composição, é possível perceber que a texana faz menção a algum tipo de estimulante, possivelmente cocaína, devido ao sentimento de onipotência do eu lírico. “Feel like a fighting rooster/Feel better than I ever felt”, ela canta. Em uma tradução livre para o português: “Me sinto como um galo de briga/Me sinto melhor do que eu nunca me senti."


Cab Calloway - “Reefer Man” (1932)

Droga: Maconha

Não foi apenas o carisma e a exímia habilidade no scat – técnica de canto que consiste em vocalizar sílabas aleatórias e sem sentido a fim de simular o solo de um instrumento – de Cab Calloway que o consagraram como um dos cantores de swing e big band mais populares dos anos 1930. Calloway também ganhou notoriedade ao exaltar explicitamente nas composições temas como o uso de ópio, cocaína e, principalmente, maconha. “Reefer Man”, que traduzida livremente para o português seria algo como “maconheiro”, é um exemplo da capacidade criativa do norte-americano.


Harry “The Hipster” Gibson - “Who Put The Benzedrine In Mrs. Murphy’s Ovaltine” (1944)

Droga: Benzedrina

Antes de ser um xingamento amplamente difundido nas redes sociais, o termo “hipster” era utilizado para designar pessoas brancas de classe-média que se interessavam pela cultura negra, principalmente pela música, como o bepop. A expressão ganhou popularidade no efervescente meio artístico beat de Nova York, com escritores como Allen Ginsberg e Jack Kerouac. Na produção musical da época, Harry Gibson refletia algumas das características do movimento literário, como o gosto pelo jazz e pelo uso indiscriminado de anfetaminas, como a benzedrina. Gibson teve uma série de problemas envolvendo uso de drogas ao longo da vida, que o levariam ao suicídio em 1991.


The Rolling Stones - “Mother’s Little Helper” (1966)

Droga: Diazepam

Antes mesmo das experimentações lisérgicas que culminariam em Their Satanic Majesties Request (1967), os Rolling Stones cantaram sobre a popularização do Diazepam, mais conhecido pelo nome comercial Valium. Ao contrário do que acontece com o disco de 1967, “Mother’s Little Helper” não é uma exaltação à busca por outros estados de consciência através do uso de drogas alucinógenas, mas sim uma crítica ao crescente consumo de benzodiazepínicos – mesmo grupo de ansiolíticos que causaram, quatro anos antes, a morte da atriz Marilyn Monroe por overdose.


The Velvet Underground - “White Light/White Heat” (1968)

Droga: Metanfetamina

“White Light/White Heat” não é a primeira nem a única canção da banda capitaneada por Lou Reed a tomar como ponto de partida o uso de drogas. “Heroin”, “I’m Waiting For The Man”, “Run Run Run” e “Sister Ray” são apenas alguns exemplos de canções do grupo de Nova York que fazem menção ao consumo de entorpecentes. Misturando a poesia junkie marginal de William S. Burroughs às guitarras ruidosas que anteciparam o noise rock dos anos 1980 e 1990, Reed canta sobre injetar metanfetamina e os efeitos imediatos que isso causa no corpo.


Os Mutantes - “Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets” (1972)

Droga: Maconha

Uma faixa predominantemente instrumental, “Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets”, do disco autointitulado de 1972, guarda uma referência quase subliminar ao uso de substâncias psicotrópicas no título. “Baurets” ou “baurete” era a gíria que Tim Maia, amigo do trio paulistano, usava para se referir à maconha.


James Booker - “Junco Partner” (1976)

Droga: Álcool, cocaína e heroína

“O melhor e mais genial pianista negro, gay, de um olho só, drogado que Nova Orleans já produziu”, declarou o músico Dr. John. Dono de uma personalidade intensa e extravagante, James Booker registrava a própria vida – bem como o consumo em doses industriais de toda sorte de entorpecentes – em suas canções, como é o caso de “Junco Partner” (gravada posteriormente pelo The Clash) em que ele exalta o desejo de consumir “whisky, heroína e só um pouquinho de cocaína”. O pianista morreria de falência renal, em decorrência dos anos de vício em heroína e álcool.


Tim Maia - “Sossego” (1978)

Droga: Maconha

Antes de cada show, durante os anos 1980, Tim Maia praticava uma espécie de ritual que ele chamava de “triátlon”. Nele, o autor de “Imunização Racional” consumia quantidades cavalares de whisky, cocaína e maconha. Em “Sossego”, lançada originalmente em 1978 no disco Tim Maia Disco Club, a canção passou pela mão da censura e teve um dos versos retirados. A versão original, em que Maia canta: “O que eu quero é sossego e um quilo do bom!” sairia apenas quase uma década depois.


Baby Consuelo - “O Mal é O Que Sai da Boca do Homem” (1980)

Droga: Maconha

Escrita por Pepeu Gomes e imortalizada na voz de Baby Consuelo, a música brinca com o verso bíblico “Não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto sim, contamina o homem” e com o ato de “fumar um baseado”. Censurada, a canção foi boicotada e os compositores enquadrados no artigo doze da lei de tóxicos da Polícia Federal.


Daniel Johnston - “Pothead” (1980)

Droga: Maconha

Daniel Johnston é um dos artistas mais emblemáticos da atualidade. Gravando em um estúdio improvisado na garagem da casa dos pais, Johnston lançou de maneira independente ao menos dez discos caseiros nos anos 1980. Diagnosticado com transtorno maníaco-depressivo bipolar, possivelmente agravado pelo uso de LSD durante um show do Butthole Surfers, o músico originário da Califórnia passou a ter um comportamento cada vez mais errático, o que levou a compulsivas internações em clínicas psiquiátricas pelo resto da vida. Em “Pothead”, cuja tradução livre do inglês para o português é “maconheiro”, Johnston faz uma análise do uso de maconha por meio dos conselhos absurdos de uma terceira pessoa.


Sabotage - “Cocaína” (1999)

Droga: Cocaína

Lançada em Rap É Compromisso!, último disco antes da morte trágica e prematura de Sabotage, “Cocaína” traça um retrato cru e despido de qualquer glamurização sobre o uso do entorpecente nas regiões periféricas e menos favorecidas de São Paulo.


Modest Mouse - “The Good Times Are Killing Me” (2007)

Droga: Álcool, Cocaína, Metanfetamina e LSD

“Cheio de tanto LSD/Preciso de mais horas de sono do que cocaína e metanfetaminas”, canta Isaac Brock, vocalista do Modest Mouse. Última faixa do disco Good News for People Who Love Bad News (2007), o cantor e compositor enfrenta seus demônios e explora o próprio inferno pessoal com os vícios em um trabalho altamente confessional e pungente. Apesar de não ser a primeira canção do grupo a fazer referência ao uso de drogas, é a primeira em que Brock confessa que os “bons momentos o estão matando”.


The Brian Jonestown Massacre - “Gaz Hilarant” (2010)

Droga: Gás hilariante

O Brian Jonestown Massacre faz parte da seara de bandas que consomem drogas para criarem músicas sobre drogas. Com uma extensa discografia de mais de dez álbuns lançados de maneira independente desde os anos 1990, o BJM une elementos característicos da lisergia dos anos sessenta às guitarras etéreas e ruidosas da cena shoegaze, dos anos 1980. O grupo californiano é liderado por Anton Newcombe, que já foi preso por porte de heroína e é conhecido pelas apresentações explosivas e inebriadas, em que discute com membros da própria banda e com pessoas na plateia.


Elza Soares - “Benedita” (2015)

Droga: Crack

Em uma espécie de “Sister Ray” (do disco White Light/White Heat, do Velvet Underground) brasileira e contemporânea, “Benedita” expõe a insalubridade a que muitos indivíduos estão submetidos nas “cracolândias” pelo país. A canção, que pertence ao aclamado A Mulher do Fim do Mundo, eleito pela Rolling Stone Brasil o melhor disco nacional de 2015, surge ao mesmo tempo como voz de resistência contra a violência policial aos dependentes químicos, e como grito de protesto contra a negligência do Estado em relação a esses indivíduos em situação de vulnerabilidade.