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Saudade de Casa

Estrela do Skol Beats, Afrika Bambaataa não vê a hora de tocar no Brasil

Rodrigo Brandão Publicado em 02/08/2007, às 13h50 - Atualizado em 01/09/2007, às 18h48

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Bambaataa, em Nova York: jeitinho brasileiro - Divulgação
Bambaataa, em Nova York: jeitinho brasileiro - Divulgação

Afrika Bambaataa é uma das mais importantes entidades que a música negra pariu no milênio passado. Papa do hip-hop, monolito da cultura DJ, fundador da Zulu Nation (organização precursora na associação entre a cultura de rua e a questão social), seu poder é largo como sua presença. Sua lista de parceiros inclui ícones dos mais variados campos sonoros: o sex pistol Johnny Rotten, o duo Leftfield, o baixista Bootsy Collins, o mestre de estúdio Bill Laswell, UB-40, Nina Hagen, e até James Brown. O DJ nova-iorquino de 47 anos retorna ao Brasil como uma das atrações do Skol Beats, que acontece em São Paulo, em 4 e 5 de maio.

A música "Planet Rock" comemora agora 25 anos de idade, no status de clássico absoluto. Quais são suas impressões sobre essa canção e o impacto dela na história?

Este é um disco especial, mudou os rumos da música quando foi lançado. Nós pegamos a atmosfera futurista que rolava na época, com grupos como Gary Numan, Eletric Light Orchestra e, principalmente, o Kraftwerk, e levamos tudo aquilo pro ambiente do gueto. A mistura desses dois estilos, até então conflitantes, deu tão certo que juntou diferentes tribos na mesma pista. E mesmo hoje, quando alguém busca um balanço matador, acaba usando algum elemento dela. Só este ano, Black Eyed Peas e Janet Jackson fizeram isso. A partir de "Planet Rock", muitos gêneros surgiram: electro-funk, techno, big beat, miami bass e até o funk do Rio.

Por falar nisso, você foi o primeiro DJ estrangeiro a reconhecer o pancadão dos morros cariocas. Hoje, o som dos bailes funk é hype no primeiro mundo. O que acha disso?

Eu adoro todo tipo de balanço, quero vê-los se propagando o máximo possível e unindo pessoas de diversas raças, crenças e idades. E não podia ser diferente com o groove das favelas daí do Brasil, que é meu segundo lar. Aliás, estou precisando voltar pra casa! Mas é isso, tanto que gravei há pouco, na Alemanha, uma versão de "Renegades Of Funk" usando o beat do "Funk Do Motel", do Mr. Catra. Chama-se simplesmente "Rio Funk".

Em 1984, você gravou "Unity" ao lado de James Brown. Como foi a experiência?

Em uma palavra? Eletricidade! Furacão! Ele é o rei do soul, o pai do funk, o Poderoso Chefão da parada, e fim de papo. Sem ele, a música hoje em dia seria uma bosta, do começo ao fim! Ele é o artista mais influente e revolucionário dos nossos tempos. Foi o primeiro a colocar o ritmo, o groove, como principal elemento da música, em vez da melodia - que até então era, de longe, a coisa mais importante da canção. E ele abençoou esse irmão aqui com uma porção de sua energia, talento e luz.

Outra parceria marcante nessa época foi a que você fez com John Lydon (Sex Pistols, P.I.L.), sob a alcunha de Time Zone. Punk funk de raiz?

Eu vi um clipe no YouTube esses dias, com um remix incrível da "World Destruction"! Essa nasceu quando eu vi um filme sobre o Nostradamus narrado pelo Orson Welles, O Homem Que Viu O Amanhã, e pensei: "Tenho que fazer uma música a respeito disso". Depois, comentei com Bill Laswell que precisava de alguém pra cantar comigo, e ele falou de cara: "Johnny Rotten é a pessoa perfeita!". Esse foi o primeiro disco de rock com hip-hop, antes mesmo do Run DMC e o Aerosmith refazerem "Walk This Way".

Diferente das outras visitas ao Brasil, em sua maioria em eventos de hip-hop, dessa vez você vai tocar num festival de eletrônica. O que vai rolar?

Tudo que for funk, balanço& grooves de todos os tipos, sem discriminação. Vai ser uma genuína "block party", e todos os meus queridos b-boys, b-girls e MCs daí, meus afilhados da Zulu Nation brasileira, estão convocados!