Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Som Torto

Adepta de uma estética “suja”, a intérprete DUDA BRACK investe na criação coletiva para alcançar objetivos particulares

Lucas Brêda Publicado em 23/05/2016, às 18h45 - Atualizado às 18h51

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Duda Brack gosta da desconstrução sonora - Divulgação
Duda Brack gosta da desconstrução sonora - Divulgação

A contemplação do belo é algo que não me seduz”, assume a cantora Duda Brack, tentando explicar alguns dos aspectos de É, disco de estreia dela, lançado há cerca de um ano e que une vocais limpos e harmoniosos a instrumentais tortos e dissonantes. “O álbum reflete muito essa sujeira e subversão, coisas que estão muito enraizadas em mim.”

Aos 22 anos, Duda segue um caminho de desconstrução aberto por Tom Zé, desrinchado pela “turma de São Paulo” (de Kiko Dinucci, que toca guitarra

nos mais recentes álbuns de Juçara Marçal e Elza Soares, Rodrigo Campos, Passo Torto e Metá Metá, entre outros) na última década e que ganhou vertente no Rio de Janeiro com Ava Rocha e o álbum Ava Patrya Yndia Yracema (2015). “Acho que estávamos muito de saco cheio, buscando um pouco dessa subversão”, diz ela.

Duda Brack é de fora do eixo Rio-São Paulo – nasceu no Rio Grande do Sul –, mas só se estabeleceu musicalmente quando foi morar na capital fluminense. “O Rio foi muito importante para esse trabalho”, conta a cantora, cujas influências vão de Tom Jobim a Radiohead, passando por Ave Sangria e Fiona Apple. “Ele foi resultado dessa mudança, porque comecei a conhecer os compositores, fui descobrindo as pessoas e me descobrindo também.”

Em 2013, Duda montou uma banda – com Gabriel Ventura na guitarra, Barbosa na bateria e Yuri Pimentel no baixo – e passou cerca de oito meses ensaiando e desenvolvendo arranjos para, em 2014, gravar o álbum com produção de Bruno Giorgi (que tem trabalhos com Lenine – ele é filho do artista –, Cícero e Baleia no currículo). Além de banda de acompanhamento e produtor, em É Duda teve a ajuda de nomes como Dani Black, Carlos Posada e César Lacerda, que forneceram canções inéditas à cantora.

“É um disco de intérprete, porque orbita em torno de uma essência que é muito minha, mas é completamente coletivo”, explica ela, que canta apenas faixas de outros compositores em É. “Representa o meu encontro com os meninos, tem a assinatura e as referências deles. Por eu ser intérprete, até minha matéria-prima é coletiva.” Diferentemente de Elza Soares, Ava Rocha e Juçara Marçal, Duda não tem tanta ligação com o samba e flerta muito mais com uma sonoridade roqueira, ainda que equivalentemente orgânica. “Peguei canções de compositores que têm uma linha mais tradicional, então eu sentia aquilo como uma roupa que não cabia, precisava buscar algo em outros lugares”, confessa. “Se não tenho nada novo a acrescentar, eu prefiro não fazer.”