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Alexandre Orion criou o grafite inverso ao transformar a poluição dos carros em impactantes obras de arte

Um dos precursores do estilo conhecido como “reverse graffiti”, o artista encontra a beleza na fuligem

Luciana Rabassallo Publicado em 08/04/2015, às 18h46 - Atualizado em 15/04/2015, às 17h59

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<b>Retratos</b><br>
“Eu estou sempre criando e posso dizer que o meu trabalho é um ciclo. Tem começo, meio e fi m, mas nunca é encerrado. Gosto de retomar alguns projetos e isso não me impede de trabalhar em outras coisas.” - ANA MURAD
<b>Retratos</b><br> “Eu estou sempre criando e posso dizer que o meu trabalho é um ciclo. Tem começo, meio e fi m, mas nunca é encerrado. Gosto de retomar alguns projetos e isso não me impede de trabalhar em outras coisas.” - ANA MURAD

Por Luciana Rabassallo

A trajetória de Alexandre Orion, um dos precursores do estilo conhecido como “reverse graffiti”, não é diferente da de outros artistas urbanos. O skate, o hip-hop e a paixão pela cidade de São Paulo, onde ele nasceu, faziam parte da rotina dele. Aos 13 anos, Orion, como é conhecido, pegou uma lata de spray e fez a primeira intervenção artística na rua. “Foi como se eu tivesse pintado uma tela na minha cabeça e a tivesse pendurado ali”, ele relata sobre essa experiência inicial. “Quando ficou pronto, percebi que o desenho não tinha conexão com o lugar e isso me fez refletir.”

Como o fotógrafo nova-iorquino Jamel Shabazz retratou os primórdios do movimento hip-hop.

O episódio serviu para nortear o trabalho que o multiartista realizaria posteriormente. “Nos anos seguintes experimentei de tudo. Fiz incontáveis grafites e explorei a fotografia”, relembra. Em 2002, Orion criou o projeto Metabiótica, série de fotos que registrou pinturas dele em muros – a intenção era retratar a relação visual entre os transeuntes e o espaço urbano. “Desde então, trabalho com os significados da cidade”, explica.

Avenida 23 de maio terá o maior mural de grafite a céu aberto da América Latina.

O resultado positivo desse trabalho o levou a um projeto que revolucionou a arte de rua: “Ossário”, considerado um dos pioneiros do grafite inverso, técnica em que o artista utiliza apenas um pano para remover a fuligem impregnada nas paredes e criar diferentes imagens. A obra é resultado da poluição produzida na megalópole. Durante 17 madrugadas consecutivas em 2006, Orion “pintou” caveiras nas paredes do Túnel Max Feffer.

Alexandre Orion fala sobre a concepção de algumas das obras dele

“A passagem tinha sido inaugurada havia três meses e as chapas de ferro que a revestiam eram amarelas. Algum tempo depois, ficaram escuras e aquilo instigou minha curiosidade”, conta Orion. “Quando percebi que tudo estava coberto por camada grossa de fuligem, me senti apenas uma partícula.”

Você ainda não entendeu a mensagem de Cores & Valores? A detenção de Mano Brown é o exemplo perfeito.

A mesma fuligem recolhida enquanto “limpava” as caveiras hoje serve de material para a pintura de murais. Na série Poluição sobre Muro, ele usa uma mistura do pó com tinta acrílica incolor para pintar grandes intervenções urbanas. A maior delas é “Apreensão”, feita na parede do CEU Navegantes. “Eu reorganizo as partículas que retirei de um lugar e as transformo em outra imagem.”

Parceria musical

Alexandre Orion colabora com arte do novo disco do grupo Instituto

Amigo e parceiro dos membros do Instituto, formado por Rica Amabis, Tejo Damasceno e Daniel Ganjaman, Orion colaborou com a capa do novo álbum do coletivo, Violar, previsto para chegar às lojas no primeiro semestre de 2015. Uma intervenção do multiartista pelas ruas de São Paulo foi registrada em vídeo e serão retirados frames do material para que essas imagens ilustrem a versão física do disco. “É uma ação sobre violação”, adianta ele. “Não posso revelar muito para não estragar a surpresa, mas ela trata da ilegalidade e questiona esse conceito”, finaliza.