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Com apoio de grupo instrumental, cantora resgata a obra do baiano Roque Ferreira

Redação Publicado em 06/08/2010, às 04h32 - Atualizado às 04h33

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Ilustração: Nestor Jr.
Ilustração: Nestor Jr.

Roberta Sá & Trio Madeira Brasil

Quando o Canto É Reza

Universal Music

A potiguar de 29 anos tem dois álbuns de estúdio e um CD/ DVD ao vivo. E com essa ainda curta carreira já coleciona algumas conquistas importantes. Antes mesmo do primeiro trabalho, Braseiro, de 2005, Roberta Sá já ganhava exposição nacional, cantando “A Vizinha do Lado”, de Dorival Caymmi, na novela Celebridade,. O DVD Pra se Ter Alegria ao Vivo (2009) conseguiu bons números para os dias atuais. Da cesta que mistura todas as atuais cantoras de MPB – ou novo samba, como preferir –, é possível facilmente destacar Roberta Sá pela voz firme, madura e segura, que consegue ao vivo reproduzir a mesma qualidade, tons e notas do trabalho realizado em estúdio. Agora, neste mais recente CD, Quando o Canto É Reza, Roberta Sá homenageia Roque Ferreira, compositor baiano que já havia aparecido na carreira da cantora com a faixa “Laranjeira”, em Que Belo Estranho Dia Pra se Ter Alegria, de 2007. Para ajudar a cantora nessa missão, surge o Trio Madeira Brasil, com seu apurado instrumental que transita pelo choro e samba. Outra ajuda chega em “Tô Fora”, num dueto bonito de se ouvir na única participação vocal externa do disco: Sá divide o microfone com Moyséis Marques, sambista mineiro- carioca (fundador do grupo Casuarina, em 2001, mas que se desligou do conjunto dois anos depois) de voz forte e marcante. O resultado final consegue mostrar a entrega de Roberta Sá e seu produtor (e marido), Pedro Luis, ao disco e à história do compositor homenageado. Das 13 faixas, oito são inéditas. Não contentes em ter as letras, Marcello Gonçalves, diretor musical, e a cantora foram ao encontro de Roque em Salvador e o levaram à sua terra natal, a cidade de Nazaré das Farinhas. E, antes das gravações, quatro ensaios abertos foram feitos no Rio de Janeiro, a fim de ajustar o repertório. Essa peregrinação até o recluso Roque Ferreira foi registrada em imagens e deverá aparecer num documentário sobre o baiano. Um oportuno mergulho na obra e no universo desse compósito que já foi gravado por Martinho da Vila, Clara Nunes, Alcione e Zeca Pagodinho. Por falar em Zeca, duas canções de Roque eternizadas pelo sambista carioca aparecem em Quando o Canto É Reza: “Água da Minha Sede” vem de mansinho, quase como uma ciranda, chegada num maracatu, valorizando a melodia, a percussão e a afiada dupla bandolim-viola. Já na última faixa, “Festejo”, vem a citação a “Samba pras Moças”, cantada em qualquer roda de samba que se preze. Mas, antes disso, você passa pelo samba-choro “Orixá de Frente”, em que o Roque baiano mostra que poderia muito bem ser um Roque carioca e frequentar a Lapa diariamente. De “Água Doce” vem o verso que dá nome ao disco: “Quando o canto é reza, todo o toque é santo/toda estrela é guia, todo o mar, encanto”. A natureza é um dos principais materiais de trabalho no repertório do autor. A faixa seguinte, “Menino”, uma das mais dançantes, é um afoxé com influências da música cubana. A música latina aparece na divertida e dançante “A Mão do Amor”, que personifica esse sentimento e pede para sua mão trançar os fios do destino de dois amantes com uma “bordadeira fazendo tricô (...) feito quem faz um crochê, uma renda, um filó”. O fato de ser um tributo não inibe a descontração. Em diversos momentos é possível flagrar brincadeiras entre os partcipantes, nesta celebração a obra de um dos principais compositores do samba baiano.

Marcos Lauro