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Meus Quintais

Maria Bethânia

Mauro Ferreira Publicado em 15/07/2014, às 16h39 - Atualizado em 17/07/2014, às 16h11

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Bethânia olha para o interior.
Bethânia olha para o interior.

Bate uma saudade interiorana na memória da pele de Maria Bethânia. Meus Quintais (Biscoito Fino), 51º álbum da cantora, versa em tons plácidos sobre um Brasil rural, caboclo, terra de índios e tribos. Sem ornamentos orquestrais, a intérprete se eleva ao dar voz a um Brasil distante dos centros urbanos, cenário da criação de “Dindi” (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira), cantada ao toque do piano de Wagner Tiso. O repertório dominado pelo compositor baiano Roque Ferreira realimenta a raiz folclórica com “Folia de Reis”. “Uma Iara”, inédita de Adriana Calcanhotto, emerge poderosa. A inserção de um texto de Clarice Lispector na faixa aprofunda o mergulho nessas águas banhadas com o toque contemporâneo da guitarra slide de João Gaspar. Inspirado, Chico César também faz Meus Quintais ir avante, com dois temas sobre o universo indígena, “Xavante” e “Arco da Velha Índia”. Já a sertaneja “Lua Bonita” ilumina a saudade que Bethânia sente da mãe, Dona Canô (1907–2012), evocada também na regravação de “Mãe Maria”. Os quintais de Bethânia continuam a dar frutos.

Fonte: Biscoito Fino