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Abraços Partidos

Redação Publicado em 05/11/2009, às 14h13 - Atualizado às 14h13

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Divulgação
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Pedro Almodóvar

Penélope Cruz, Lluís Romar

Em fase de transição, diretor corre atrás de seu próprio status

O espanhol Pedro Almodóvar assegurou lugar entre os grandes do cinema. Desde então, tenta fazer jus a esse status, provar que é mesmo grande, com dramas de sensibilidade refinada, mas que se comunicam bem com um grande público. Em Abraços Partidos, os símbolos de seu universo voltam mais explícitos: as cores fortes dos cenários e figurinos, a música realçada nos momentos melodramáticos, um personagem dúbio com um mistério. Mateo Blanco, escritor e roteirista de cinema, perde a visão e a mulher que ama, Lena, em um acidente de carro. Desiludido, passa a viver sob o pseudônimo de Harry Caine, isolado do mundo e com poucos amigos. Até descobrir que há uma última imagem de Lena momentos antes do acidente. Mesmo cego, Mateo vai fazer de tudo para encontrar essa última imagem. As referências ao próprio cinema – e aos filmes caros ao diretor, como Viagem à Itália, de Rossellini – agora estão mais explícitas nos diálogos e menos exploradas nas próprias imagens. Uma boa ideia – a de um filme de comédia dentro do filme dramático – não funciona. Enfim, falta uma alma mais instintiva a um trabalho muito desenvolvido no plano intelectual. Se a estrela de Almodóvar anda em crise, a de Penélope Cruz só faz subir. Ela é o ponto alto do filme, com sua personagem mostrada apenas em flashbacks, um fantasma a habitar a mente de Mateo. De loira a morena, de vítima a mulher fatal, de Anna Magnani a Marilyn Monroe, ela passeia à vontade pelas várias nuances da figura feminina no cinema.

POR THIAGO STIVALETTI