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Muy Amigos

Redação Publicado em 07/12/2010, às 12h22 - Atualizado em 08/12/2010, às 17h33

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divulgação
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David Fincher

Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake

A Rede Social

Filme sobre criação do Facebook defi ne a solidão de toda uma geração

“Um filme sobre o nosso tempo” poderia ser o slogan de A Rede Social, versão cinematográfica de Bilionários por Acaso, livro sobre os nada amistosos bastidores da criação do Facebook. Se interpretado de maneira obtusa, a saga do gênio Mark Zuckerberg, o nerd antissocial que desenvolve uma mina de ouro em forma de site, não soa interessante o bastante para render um projeto com a valiosa assinatura de David Fincher. De fato, ninguém morre ou sai ferido, não há perseguições, tiros ou explosões em A Rede Social. O que torna a obra cativante, contudo, é o fato de sua trama também se desenrolar na realidade mundana, praticamente diante de nossos olhos, o que resulta em familiaridade instantânea - afinal, quem aí ainda não está no Facebook? São mais de 500 milhões de usuários e subindo. Fincher permanece como o mais talentoso cineasta de sua geração e continua a provar que cria espetáculo a partir de qualquer tipo de enredo, seja fundamentado em tempo passado, seja no presente, seja na realidade alternativa (Clube da Luta, Vidas em Jogo, Zodíaco, a lista segue). Com ritmo sôfrego típico dos thrillers de tribunal, mas transbordando de alma e diálogos empolgantes, A Rede Social nos conduz ao pensamento de que não há omelete sem ovos desperdiçados, assim como não existe sucesso empresarial sem inimigos acumulados pelo caminho: se a pauta do filme não é demonizar Zuckerberg (interpretado com chocante desembaraço por Jesse Eisenberg), também não é eleger mocinhos e vilões. O resultado é definitivo, uma síntese acurada, impiedosa e nada sutil de uma geração que prioriza a segurança da solidão em detrimento da incerteza dos contatos reais. É deprimente – e também o melhor filme de 2010.

PABLO MIYAZAWA