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Música / Plágio

Duda Beat e Juliette são acusadas de plagiar Emicida; entenda

Evandro Fióti reconheceu o single de Duda Beat e Juliette como um 'caso de apropriação' do trabalho que envolve Emicida

Heloísa Lisboa (@helocoptero)

por Heloísa Lisboa (@helocoptero)

heloisa.lisboa@rollingstone.com.br

Publicado em 18/10/2023, às 10h02 - Atualizado às 11h37

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Capas de álbum de Emicida e de single de Duda Beat e Juliette (Fotos: Reprodução)
Capas de álbum de Emicida e de single de Duda Beat e Juliette (Fotos: Reprodução)

Evandro Fióti, músico e co-criador da Lab Fantasma, levantou as semelhanças conceituais entre "AmarElo", de Emicida, e "Magia Amarela", lançamento de Duda Beat e Juliette desta quarta-feira, 18. "Tem que falar mais alguma coisa?," escreveu Fióti no Twitter, em resposta a uma captura de tela que mostra trecho da canção do duo nordestino. O verso diz: "A cor da vida é amar elos reais."

A capa do single lembra a do álbum ao vivo de Emicida. Em ambas, vitrais estão em destaque ao fundo da imagem. O cenário é o mesmo usado nos palcos pelo rapper. Evandro pediu, porém, para que fãs não atacassem as cantoras na internet. "Não quero hate em cima da Juliette ou Duda," disse.

"Sabe apropriação e tudo aquilo que a gente discursa sobre ética? Então, esse mercado tem bem pouco," ironizou o artista. Ele elogiou as intérpretes da composição creditada a Daniel Ferrera, Giana Atlhaus e Guga Meyra, mas afirmou que o "jurídico vai trabalhar."

Mais tarde, o irmão de Emicida transmitiu live no Instagram para falar sobre o assunto. Ele argumentou que o trabalho de pessoas negras não recebe o mesmo reconhecimento que aquele produzido por pessoas brancas. Apontou também como o último grupo se apropria de criações de negros sem ética alguma: "A gente tá assistindo um caso de apropriação. A gente tá vendo, mais uma vez, a branquitude se unir, sem ética nenhuma para se apropriar de criações de pessoas negras."

Fióti defende que o projeto de Duda Beat e Juliette passou por uma grande equipe antes de ser gravado e chegar às plataformas de streaming, o que caracteriza um plágio escancarado. "Ninguém teve a capacidade, a decência, de levantar a mão numa mesa de uma reunião, dentro da aprovação de uma música e dizer assim: 'Cara, isso tá errado.'"

"Vai dizer o quê? Que é ignorância? Vai dizer que se apropriou e colocou a música com 'Amar é o elo' na composição e que isso não teve uma fonte de inspiração? Que não teve nenhuma ligação com um dos trabalhos mais relevantes dos últimos tempos da música, uma criação de um artista negro?," continuou.

O sucesso do álbum e faixa-título de Emicida é comemorado, mas Evandro o identifica como uma exceção: "99% dos artistas deprimem e morrem antes, 99% dos artistas desistem antes." Ele lembrou que o Grammy levado pelo trabalho demorou 12 anos para chegar e acaba de "ser roubado conceitualmente."

Tem noção do ódio que isso gera? Tem noção da vontade que dá de botar fogo em tudo? Só que essa não é a arma que a gente vai usar, isso é o que eles esperam da gente. A gente vai usar a diplomacia, como a gente sempre usou. Mas o ódio organizado é um ótimo instrumento de luta, e a gente precisa canalizar o ódio para algo que mude a percepção das pessoas nesse mercado que a gente vive. Não adianta levantar punho cerrado na época do George Floyd. Não adianta colocar hashtag no Twitter se você faz uma p*rra dessa ou é conivente com isso. 

Sem revelar o nome, Evandro Fióti falou de uma marca que estaria por trás da música lançada nesta quarta-feira: "Essa música faz parte de uma estratégia de uma campanha de reposicionamento de uma marca. Amanhã vamos começar outro processo de diálogo com eles. Só que essa marca, ela negociou com a gente, mas não chegamos em um acordo, tanto por cronograma, quanto por prazo, como por questões financeiras também. A verba que eles tinham não justificava a entrega que a gente tinha que fazer."

Juliette e Duda Beat em show promovido pela Bauducco (Foto: Alê Virgílio Lali Moss e Rafa Cusato)
Juliette e Duda Beat em show promovido pela Bauducco (Foto: Alê Virgílio Lali Moss e Rafa Cusato)

"Magia Amarela" é parte da campanha da Bauducco para anunciar sua nova identidade visual. No último dia 5 de outubro, a marca fez evento com show de Duda Beat e Juliette para promover a ação de branding.

Outro lado

A assessoria de Juliette se pronunciou sobre as acusações. Leia comunicado:

Informamos que a música "Magia Amarela" faz parte de uma campanha publicitária e que Juliette foi contratada como uma das intérpretes para este trabalho audiovisual.
A equipe da cantora está em contato com os contratantes responsáveis pela criação e produção da campanha para mais esclarecimentos.

Até a publicação desta matéria, Duda Beat não se pronunciou. A Rolling Stone Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa da Bauducco, responsável pela ação, que não respondeu até o momento. A CANETARIA, responsável pela produção da faixa, também foi contatada e não se pronunciou até o momento.