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Sexo, drogas e liberdade: Pabllo Vittar perde a vergonha em novo álbum [ENTREVISTA]

Com pegada noturna e eletrônica, quinto disco da cantora traz, nesta quarta-feira (8), seu lado mais sensual e libertário até então

Eduardo do Valle (@duduvalle) Publicado em 08/02/2023, às 08h00 - Atualizado às 08h01

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Pabllo Vittar (Gabriel Renne)
Pabllo Vittar (Gabriel Renne)

Sexo, drogas, liberdade de expressão. Pabllo Vittar está de volta e mais explícita que nunca. Noitada, seu quinto álbum de estúdio, chega nessa quarta-feira (8) com a atitude mais punk de Pabllo até então.

Pabllo Vittar: Noitada (Gabriel Renne/Divulgação)
Pabllo Vittar: Noitada (Gabriel Renne/Divulgação)

Se em Batidão Tropical (2021) a superstar drag lançava mão da memória afetiva dos ritmos da infância entre o Pará e o Maranhão, em Noitada ela conduz para dentro de uma festa quase literal, explícita já na ordem de cada uma das 11 faixas do disco. E, se no conteúdo essa mudança vem com a temática libertária, na forma ela vem com um pé na balada.

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"Eu sempre fui em várias festas de techno e é uma coisa que parece que é bem distante do universo pop, mas para mim não é", disse a cantora de 29 anos em entrevista à Rolling Stone Brasil.

Pabllo, que já adiantara no final do ano passado que o novo material seria mais 'noturno', agora complementa com as outras referências que traz para o disco:

"A gente não pode esquecer que ele é um álbum noturno, mas a gente está no verão. Então quis trazer esse sample de Summer Eletrohits, essa vibe synth pop com funk, com dance music, house... todos os elementos que me remetem a festas de noite festivais."
Pabllo Vittar (Gabriel Renne)
Pabllo Vittar (Gabriel Renne)

Do sadness pop ao electro explícito

Fruto de um ano intenso de trabalho ao lado de nomes como os produtores Rodrigo Gorky e Zeby, Noitada começou como uma proposta diferente para Pabllo, que imaginava um viés mais emocional para o novo disco: "eu tava me sentindo bem triste, então tavam saindo coisas tristes, né? Uma vibe mais sadness pop - que tava bem legal também".

"Noitada surgiu nessa transição de pós-pandemia, onde eu pude voltar a sair e voltar a fazer show, conhecer pessoas novas, refazer laços antigos, e assim eu fui me libertando e nasceu o disco."

Com uma musicalidade mais pesada e ambiência techno, Noitada é um álbum efetivo, no sentido de mostrar um lado mais explícito de Pabllo, clima já antecipado em "DESCONTROLADA", com MC Carol, e "Ameianoite", com Gloria Groove, mas que se expande em momentos como "Derretida" e "Apetitosa". No novo disco, não poupa a poesia, inclui o palavrão e aquele riso sacana que quem sabe, sabe. Se a Pabllo antiga já incomodava muita gente, a nova Pabllo quer incomodar muito mais.

Pabllo Vittar (Gabriel Renne)
Pabllo Vittar (Gabriel Renne)

Parcerias adicionais do disco incluem DJ Ramemes, Tchelinho e DJ Tonias. Dois destaques ficam por conta de O Kannalha, que aparece em "Penetra", e, é claro, de Anitta, que entra com Pabllo no interlúdio "Calma Amiga" e empresta os vocais a "Balinha de Coração". Longe de emular a fórmula de "Sua Cara", feat mega celebrado da dupla com Major Lazer, a nova faixa cumpre com sucesso a função de grudar na cabeça:

"Acho que ["Balinha de Coração"] conta uma história muito muito legal de amizade e de surto, porque toda vez que a gente se encontra é um surto".

Pabllo Vittar (Gabriel Renne)
Pabllo Vittar (Gabriel Renne)

Entre o passado e o futuro

Um "surto", sim, que se estende para o resto de Noitada. Mas um surto calculado e cosmopolita, que reflete o momento de retomada de Pabllo - ainda em 2023, ela segue para uma turnê da Austrália, além de promover seu bloco de Carnaval e se expandir sua festa beneficente de Halloween.

Noitada, nesse sentido, parece uma festa, estranha e esquisita em alguns momentos, mas que celebra a própria independência e a maturidade artística de Pabllo - uma artista que, vale lembrar, cresce com constância desde 2016, acumulando hits de influências variadas e regionais, a despeito das críticas em um país sempre hostil ao criador LGBTQIA+.

E, se nessa festa cabem os fãs da 'Pabllo raiz' - que se encontram em momentos como "Culpa do Cupido" -, ela também traz para a roda seu outro lado, mais sensual, liberto e experimental. A festa de uma Pabllo nada descontrolada, que vai da intro ao "After" sem esquecer nenhum fã.

Veja a entrevista completa com Pabllo Vittar

Pabllo Vittar (Gabriel Renne)
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Rolling Stone Brasil: Pabllo, o próprio nome já entrega: Noitada é um álbum noturno. Mas, além disso, o que mais você traz pra mistura? Vi que usou um sample de Magic Box ali em "Apetitosa", uma coisa meio Summer Eletrohits... o que mais você traz pra esse disco?

Pabllo Vittar: Ai, várias coisas, né? A gente não pode esquecer que ele é um álbum noturno, mas a gente está no verão. Então trazer esse sample de Summer Eletrohits, essa vibe synth pop com funk, com dance music, house... todos os elementos que me remetem a festas de noite festivais. Foi um grande um grande laboratório que eu tive que fazer. Fui em festas de amigos, senti sensações... e nesse álbum também eu tô trazendo várias outras temáticas como sexo, drogas, liberdade de expressão, então tá bem legal.

Rolling Stone Brasil: A gente já viu seu lado pop, axé, brega, até gospel, e agora estamos vendo esse techno bem marcado no tempo. Como é sua experiência nesse gênero e quais referências aparecem aqui?

Pabllo Vittar: Olha, eu sempre fui em várias festas de techno e é uma coisa que parece que é bem distante do universo pop, mas para mim não é, não. São geralmente festas à noite, festas underground, com pessoas que se sentem livres para vestir o que quer, para serem o que querem, é muito especial. Então tem muito isso, dá para perceber desde a capa que eu represento com um anjo caído, que caiu na noite para curtir essa noitada, então tem várias referências. E o álbum também conta esse storytelling, se você ler tracklist uma história do começo ao fim.

Rolling Stone Brasil: Falando sobre a produção agora, você já disse que nesse álbum você tava indo por outro caminho, mas que o disco evoluiu pra o que acabou saindo. Que caminho é esse e de que forma ele foi mudando?

Pabllo Vittar: A gente começou a trabalhar nesse disco faz um tempo já. E eu tava me sentindo bem triste, tava perto de reduzir aquela pandemia. Então tavam saindo coisas tristes, né? O álbum estava buscando uma vibe mais sadness pop - que tava bem legal também. Mas noitada noitada surgiu nessa transição de pós-pandemia, onde eu pude voltar a sair e voltar a fazer show, conhecer pessoas novas, refazer laços antigos, e assim eu fui me libertando e nasceu Noitada

Rolling Stone Brasil: E o que aconteceu com as outras composições, elas existem, vão sair?

Pabllo Vittar: E tu acha que a gente ia apagar? "Gente, queima tudo!" [risos] Elas estão guardadas em algum lugar. Quem sabe, um dia, daqui a 50 anos.

Rolling Stone Brasil: Outra coisa que a gente viu também ali na edição do álbum foi foi que vocês resolveram colocar as parcerias em um papel de destaque nesse disco, mais do que em outros, né? Como foi a decisão por esses parceiros, e de dar essa importância toda?

Pabllo Vittar: Ah, porque lá fora a galera já costuma fazer isso, né, trazer os feats para um papel de mais protagonismo. Aqui no Brasil que a gente ainda anda nessa forma enlatada, que a pessoa começa, aí o feat tem seu espaço no meio da música, canta o refrão junto e acaba. Então, quando a gente consegue quebrar essa coisa, eu já consegui. E foi bem legal, porque a gente trouxe bastante gente com quem não tinha trabalhado, produtores também, tem O Kannalha, o Tchelinho, tem o DJ Ramemes, o DJ Tonias... a galera mesmo do Brabo, foi bem legal, agregou muito.

Rolling Stone Brasil: Falando especificamente da Anitta, essa é uma parceria que o pessoal não supera, pede mais, pede bis... como é essa relação entre vocês?

Pabllo Vittar: A gente conversa muito. Eu chamei ela para participar desse projeto ano passado e ainda não tinha nada pronto. Eu falei: 'mona, quando tiver um bafo eu te mando e aí a gente vai trocando ideia'. E aí surgiu "Calma Amiga", que virou interlúdio, que é uma história muito engraçadinha aqueles áudios ali, mas aí veio "Balinha de Coração" para a gente poder dividir os vocais. E eu acho que conta uma história muito muito legal de amizade e de surto, porque toda vez que a gente se encontra é um surto. Eu tô muito honrada de ter ela nesse trabalho.

Rolling Stone Brasil: Você começou lançando o disco lá no Halloween e quando viu já tá aqui, pá, Carnaval. Falando da sua expectativa, qual faixa você acredita que vai estourar nas festas, nos blocos, entre os seus fãs?

Pabllo Vittar: Ai, bloco de carnaval, do jeito que as minhas são safadas, todas vão estourar. "Descontrolada" já toca muito, que foi a abertura do álbum... "Ameianoite" também, já toca muito. "Culpa do Cupido" elas vão gritar aos pulmões, tenho certeza. Mas não dá para falar. Acho que cada um que ouvir vai ter uma percepção, sabe?

Rolling Stone Brasil: Nenhuma aposta?

Pabllo Vittar: Eu gosto do álbum como um todo, é um neném, acabou de sair do forno. Eu não consigo escutar uma só, quando vou ouvir, eu escuto ele desde o começo, da intro até a "After".

Rolling Stone Brasil: Falando de visual, como você pretende trabalhar o álbum conceitualmente, daqui pra frente? Já temos dois vídeos lançados junto com as músicas que já conhecemos...

Pabllo Vittar: Sim, sim. Por isso que é muito importante a opinião dos fãs. A gente vai lançar o álbum, vai deixar eles digerirem o álbum, vai ver o que que eles pensam, e aí sim a gente vai partir para alguma coisa. Eu não Vou empurrar um single na garganta deles e falar 'é isso aqui, é o single, vamos lá'. Não, eu preciso saber o eles acham, entendeu? Então a gente tá indo dessa forma bem orgânica, dessa forma que eu tô trabalhando agora.

Rolling Stone Brasil: Por fim, o Gorky, seu produtor, comentou que "After" já aponta para um futuro de Pabllo. Sabemos que você ainda nem saiu pra Noitada, mas queria saber se já consegue ver o que tem no horizonte, um próximo projeto...?

Pabllo Vittar: Meu sexto álbum, que a gente já tá trabalhando. Mas não vou falar nada, agora é a vez de Noitada, que ainda nem saiu.