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Música / Entrevista

Wallows admite ter conquistado experiência e revela que novo álbum tem diversas declarações de amor

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, a banda confessou ainda que 'Model' teve influência de New Order e que espera visitar os brasileiros em 2025

Wallows (Foto: Natalie Hewitt)
Wallows (Foto: Natalie Hewitt)

O Wallows apertou o passo e lançou seu terceiro álbum de estúdio, Model, nesta sexta-feira, 24. Assim como nos outros discos, o título desse faz referência ao verso de uma das faixas — "She's an Actress" —, em que Dylan Minnette assume os vocais. 

Apesar do trio não ter atribuído um tema específico ao projeto mais recente, o amor parece estar no ar. Enquanto "Canada" foi escrita por Minnette para sua namorada, a direção do videoclipe de "Your Apartment" ficou por conta de Nina Ljeti, parceira de Cole Preston. Ela também roteirizou e dirigiu um vídeo promocional de turnê que faz referências a diversos clássicos do cinema enquanto revisita a trajetória do Wallows.

"É muito reconfortante, especialmente para mim, porque não tenho as habilidades de atuação que esses caras têm. Quando ela está me dirigindo, é mais confortável", comentou Preston em entrevista à Rolling Stone Brasil. Minnette assumiu o papel do primeiro loiro a morrer em Pânico 6 (2023), por exemplo. Já Braeden Lemasters fez uma ponta em A Mentira (2010), protagonizado por Emma Stone.

Os três membros do grupo citaram "Going Under", interpretada por Lemasters, como uma de suas faixas favoritas. O músico revelou que New Order e Phoenix são algumas das inspirações por trás do novo disco. No caso da banda liderada por Bernard Sumner, sua influência reflete diretamente em "Only Ecstasy".

Lemasters acrescentou: "Na maior parte do tempo, fazer música é ter uma inspiração básica... Como em 'You' [(Show Me Where My Days Went)], por exemplo, metade dessa música só aconteceu por causa de ideias que foram improvisadas, e é isso o que torna as canções únicas". 

Minnette, Preston e Lemasters iniciaram o grupo musical quando ainda eram adolescentes, por volta de 2011, e chegaram a lançar composições sob outros nomes. Quando divulgaram o primeiro álbum de estúdio do Wallows, em 2019, Preston argumentou que tinham "todo o tempo do mundo". Desde então, a banda tem andado cada vez mais rápido: bastaram três anos para dar vida a Tell Me That It's Over (2022) e apenas dois para criar Model. "Fomos forçados a fazer músicas com mais rapidez, e sinto que muita coisa aconteceu com a gente como banda", relatou Cole.

Com novos discos, vêm novas turnês. Em 2023, o Wallows fez sua estreia no Brasil. Eles foram incluídos no line-up do Lollapalooza e afirmaram que querem retornar para os braços da plateia do país o mais rápido possível. "Não vemos a hora de voltar ao Brasil. Esperamos voltar no ano que vem", adiantou Minnette.

Leia entrevista na íntegra:

Rolling Stone Brasil: Seu primeiro álbum saiu em 2019, o segundo veio em 2022, e aqui estamos: vocês estão prestes a lançar mais um. Vocês acham que estão evoluindo mais rápido, de alguma forma?
Cole Preston: Essa é uma boa pergunta. Eu diria que no nosso primeiro álbum, que saiu em 2019, Nothing Happens, nós tínhamos todo o tempo do mundo para fazer aquelas músicas. Acho que foi uma evolução mais lenta, porque era uma coleção de canções com a qual estávamos vivendo há um bom tempo. Desde então, fomos forçados a fazer músicas com mais rapidez, e sinto que muita coisa aconteceu com a gente como banda. Depois que saímos em turnê e fizemos outro álbum — você meio que se torna mais experiente —, acho que afinamos melhor quem somos e como trabalhamos. Então, eu diria que sim, nós evoluímos muito rápido.

Rolling Stone Brasil: Acredito que a maioria das letras nesse álbum falam sobre relacionamentos. "Your Apartment" é sobre um encontro com um ex, "Only Ecstasy" tem versos românticos, eu acho... Por favor, me corrijam se eu estiver errada. Vocês diriam que esse álbum tem um tema pelo qual suas músicas são conectadas? Como descreveriam Model?
Dylan Minnette: Sabe, não acho que o álbum, necessariamente, tem um tema ou uma conexão entre todas as músicas. Todas as letras se juntaram muito naturalmente, em momentos diferentes. "Your Apartment", eu escrevi a letra dessa quando estava em outro período da minha vida. Quando escrevi a maioria das letras, estava demonstrando amor. Sinto que não queria pensar em temas para esse álbum, queria que as palavras encontrassem seu caminho naturalmente.

Terminamos a maioria das músicas no estúdio, enquanto gravávamos. Pareceram muito frescas e honestas. Nós meio que trabalhamos melhor sob pressão. Posso pensar em qual seria a melhor palavra para sempre, mas se eu tiver que cantar essa música em uma hora, aí consigo pensar bem rápido — essa é a melhor maneira de se comprometer com algo.

Mas, no fim, acabou sendo sobre relacionamentos, porque isso estava na minha cabeça. Eu estava feliz, e isso nos ajudou a alcançar o que queríamos para esse álbum. Queríamos que Model fosse um disco bem fácil de ouvir, e acho que o conteúdo das letras nos ajudou a conquistar isso e a afinar a tracklist de uma forma que o projeto fizesse sentido por inteiro. 

Rolling Stone Brasil: Tem uma guitarra em "Calling After Me" que me lembra algumas das linhas de baido de Peter Hook. Podem me falar mais sobre as referências por trás do álbum? Eu li que são fãs de Arcade Fire, Beatles e algumas outras bandas...
Braeden Lemasters: É bem engraçado você ter perguntado isso, porque New Order realmente inspirou muito desse álbum, na verdade. Tipo, "Only Ecstasy" é totalmente inspirada em New Order em termos de ideias básicas. "Calling After Me"... Isso é interessante. Talvez realmente role algo do tipo Peter Hook nela, o que é legal. Mas, sim... Citando outras influências para o álbum, tem Beatles, com certeza...

Dylan Minnette: Phoenix!

Braeden Lemasters: Sim, Phoenix! Estou tentando pensar...

Também é algo esquisito quando não tem direção, inspiração ou influência para as coisas que está escrevendo. Tipo, quando você está no estúdio, apenas nesse mundo, é engraçado — acho que estou percebendo isso agora —, é como se você se inspirasse em si e nada mais. É apenas você improvisando, entende? Você não sabe o que vai obter, o que é incrível. Na maior parte do tempo, fazer música é ter uma inspiração básica... Como em "You" [(Show Me Where My Days Went)], por exemplo, metade dessa música só aconteceu por causa de ideias que foram improvisadas, e é isso o que torna as canções únicas. 

Rolling Stone Brasil: Podem me falar mais sobre "Canada"? Por que decidiram chamá-la assim?
Dylan Minnette: A história por trás dessa música começa quando gravamos a demo dela. Estávamos fazendo referência a uma frase que precisávamos gravar para uma rádio, como antigamente. Era uma estação do Canadá. Zoamos o Braeden pela forma como ele pronunciou "Canadá". Então, isso não está incluído na letra dessa faixa, mas nomeamos a demo como "Canada".

Isso ficou preso em nossas mentes, e não podíamos nomear a música de outra maneira. Por alguma razão, esse título encapsula como essa canção soa para a gente. A letra é para minha namorada, que curiosamente é do Canadá. Então, funciona perfeitamente. Também tem um verso — é a primeira vez que digo isso em voz alta — que eu canto: "Take me back to where you're from, all the way back to the day one". Tecnicamente, isso é uma referência ao Canadá. 

Rolling Stone Brasil:De onde vem o título do álbum?
Cole Preston: Na música "She's an Actress", a letra repete: "She's a model / She's an actress / she's a dancer". Quando estamos decidindo o título, é sempre algo que está nas letras — "nothing happens" está nas letras, "tell me that it's over" está nas letras — e "model" foi algo que o Dylan trouxe.

Acho que, dessa vez, preferimos ficar longe de um título muito longo. Queríamos que fosse uma única palavra memorável. E "Model" fez sentido. Um deles também percebeu que não existem projetos — talvez existam coisas aleatórias das quais não nos demos conta —, mas se você buscar por "Model" nos álbuns do Spotify, você não encontra nada. É o tipo de título que você imagina que já foi usado. Uma vez que decidimos isso, pudemos atribuir vários significados para a gente e de uma forma que conversa com o conteúdo do disco. 

Rolling Stone Brasil: Quais são suas músicas favoritas do novo álbum?
Cole Preston: Sem uma ordem: "Going Under", "She's an Actress" e "Calling After Me", sinceramente.

Braeden Lemasters: As minhas favoritas são: "Anytime, Always", "Only Ecstasy" e "Going Under" também. 

Dylan Minnette: "She's an Actress", "I Wouldn't Mind" e "Going Under". Essas são as minhas três favoritas — mas "You (Show Me Where My Days Went)" está logo atrás.

Rolling Stone Brasil: Como foi trabalhar com Nina no vídeo promocional da turnê e no videoclipe de "Your Apartment"? De onde vieram aquelas referências? Tenho quase certeza que tem até mesmo uma cena inspirada em Twin Peaks...
Cole Preston: Nina, minha amada namorada, é uma diretora, e estávamos discutindo ideias para o vídeo promocional. A Live Nation queria que fizessemos algo... A principal referência é O Iluminado. O personagem do Braeden era para literalmente se parecer com o Jack Nicholson em O Iluminado. Queríamos que a primeira parte do vídeo fizesse o espectador acreditar que se trataria de um daqueles vídeos entediantes. E aí passamos a ser assombrados pelo passado, o presente e o futuro do Wallows. São todos os nossos amigos, Nina dirigindo... Muita diversão. É ótimo trabalhar com ela, porque, além dela se minha namorada e de todos sermos amigos há tanto tempo, ela nos faz nos sentirmos confortáveis e sempre garante que está tudo nos conformes antes de começarmos a filmar. É muito reconfortante, especialmente para mim, porque não tenho as habilidades de atuação que esses caras têm. Quando ela está me dirigindo, é mais confortável. 

Rolling Stone Brasil: Como foi se apresentar no Brasil? Eu vi o Dylan no show do Tame Impala, a propósito... Vocês vêm ao Brasil no ano que vem?
Dylan Minnette: Foi incrível! Foi nossa primeira vez aí, a plateia era muito maior do que imaginávamos, super responsiva e animada. Não vemos a hora de voltar ao Brasil. Esperamos voltar no ano que vem. 

Braeden Lemasters: Eu amei! Foi um show ótimo.