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Anthrax promove ode ao mosh pit em São Paulo

Público ficou eufórico com apresentação inédita da formação (quase) clássica da banda nova-iorquina; show teve abertura do Misfits

Cassiano Pereira Publicado em 28/04/2012, às 14h43 - Atualizado às 15h04

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Joey Belladonna em sua primeira passagem pelo Brasil à frente do Anthrax - Thais Azevedo
Joey Belladonna em sua primeira passagem pelo Brasil à frente do Anthrax - Thais Azevedo

O Anthrax encerrou nesta sexta-feira, 27, no HSBC Brasil, em São Paulo, sua terceira passagem pelo Brasil. Entretanto, é possível dizer que esta teve um peso especial, já que Joey Belladonna, o vocalista presente na época em que a banda elevou-se ao nível das quatro principais bandas de thrash metal nos anos 80 (junto a Megadeth, Slayer e Metallica), nunca havia se apresentado no país. A formação é clássica (se não contarmos a ausência menos importante de Dan Spitz na guitarra), portanto o clima pré-show era de ansiedade. O estilo mais dramático de Belladonna, que remete a Dio e Bruce Dickinson, faz a sonoridade da banda mudar radicalmente em relação aos tempos de John Bush, que veio nas últimas vezes para cá.

Clique na galeria à esquerda para ver fotos dos shows do Misfits e do Anthrax.

A veterana banda de punk rock Misfits abriu a noite tocando para muita gente que foi especialmente para vê-los (era grande a quantidade de pessoas com a camiseta da banda). Com o característico visual de tema de terror, o Misfits tocou por mais de uma hora o seu punk rock melódico de “malditos 35 anos”, como disse o fundador Jerry Only antes de tocar “She”, que tem essa mesma idade.

Cantando de maneira similar a Glenn Danzig, Jerry faz a melhor performance possível sem o famoso vocalista, que não está com eles desde o início dos anos 80. Entretanto, a prova de que a banda renovou seu público veio quando eles tiveram uma recepção calorosa a músicas como “American Psycho”, que vieram depois que Glenn saiu. Por ter Dez Cadena, ex-Black Flag, tocando guitarra, eles chegaram até a tocar uma cover da lendária banda de hardcore, “Thirsty and Miserable”. No fim, mostraram que seus refrães podem manter o público interessado por um bom tempo.

O Anthrax foi festejado na casa desde o primeiro instante em que começou a tocar, quando o líder e baterista Charlie Benante soltou os blast beats (rajadas de caixa, prato e bumbo tocadas rapidamente ao mesmo tempo) que abrem o mais recente álbum do grupo, Worship Music (2011), muito bem recebido por crítica e fãs. Vendo a banda afiada e tocando com um som exageradamente alto, o público não demorou para abrir um mosh pit de aproximadamente 20 metros de diâmetro no meio da pista.

O primeiro grande momento veio logo depois, com a nova “Fight ‘Em Till You Can’t”, que mostra a banda na mesma forma que estava no auge do thrash metal, quando lançou o disco Among The Living, em 1987. Desse disco, eles tocaram na sequência a célebre “Caught in a Mosh”, uma homenagem ao mosh pit que só fez o mesmo aumentar e se manter na ativa durante o show inteiro, com os fãs felizes, dançando com largos sorrisos – e sem a violência que às vezes se dá em alguns shows com essa prática.

Alternando músicas novas e clássicos no início do show, o Anthrax comprovou que Worship Music já é adorado pelos fãs, o que fez com que a dinâmica da apresentação funcionasse com excelência. O público, que já estava eufórico, foi desafiado no meio de “Indians” por Scott Ian, quando a banda parou de tocar e ele incitou que todos dançassem e pulassem na parte em que ele grita “war dance”. Ele foi, obviamente, prontamente atendido.

O restante do show foi marcado pela escolha de músicas variadas pré-anos 90, sem nenhuma da fase com John Bush. É só assistir a “Only” sendo cantada por Belladonna no Youtube para ver que foi uma escolha sábia. Vieram também outros hinos old school, como “Among The Living” e “Deathrider”, a ultrarrápida “primeira música do primeiro álbum”, como sempre destaca Scott antes de tocá-la.

A sequência final do bis começou com “I’m The Man”, uma das primeiras fusões entre rap e metal da história, uma cover de “Refuse/Resist”, do Sepultura, em homenagem a Andreas Kisser (que já tocou temporariamente com a banda) e o final com a poderosa “I Am The Law”, outra do clássico Among The Living.

A impressão geral é de que o show do Anthrax promove uma atmosfera mais alegre e positiva do que os outros grandes do thrash metal. Muitos dos temas de músicas da banda giram em torno da celebração de filmes, séries, histórias em quadrinhos e heavy metal, diferente dos temas satânicos, políticos e de angústia humana de seus colegas. Por serem assim, assumidamente bem-humorados e fãs de cultura pop em geral, eles fazem nos notar que são músicos vivendo um sonho e esperando que o público o aproveite junto com eles. São muito bem-sucedidos.

Veja abaixo o set list do Anthrax:

“Earth on Hell”

“Fight 'Em Till You Can't”

“Caught in a Mosh”

“Antisocial”

“I'm Alive”

“Indians”

“In the End”

“Got the Time”

“Deathrider”

“Medusa”

“Among the Living”

Bis:

“Be All, End All”

“Madhouse”

“Metal Thrashing Mad”

Bis 2:

“I'm the Man”

“Refuse/Resist”

“I Am the Law”