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Britney Spears é fantoche no show da Femme Fatale Tour

Apesar de ainda ter algum carisma e estar melhor do que há alguns meses, cantora não deu sequer um passo fora do roteiro durante apresentação em São Paulo

Bruna Veloso Publicado em 19/11/2011, às 06h44 - Atualizado em 20/11/2011, às 01h17

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Britney Spears estreou em São Paulo na noite de sexta, 18 de novembro, na Arena Anhembi - MRossi/Divulgação
Britney Spears estreou em São Paulo na noite de sexta, 18 de novembro, na Arena Anhembi - MRossi/Divulgação

Reclamar que Britney Spears não canta, que ela usa abusivamente de playback em seus shows, já virou clichê. Quem vai a uma apresentação daquela que foi um dia considerada a “princesa do pop”, a “herdeira de Madonna”, sabe: Britney tem menos voz hoje do que tinha aos onze anos de idade, quando estreou como artista mirim no Clube do Mickey ao lado de gente como Justin Timberlake e Christina Aguilera. Em sua estreia em São Paulo, na noite fria desta sexta, 18, na Arena Anhembi, Britney não surpreendeu ninguém no fator voz – já que quem conhece a trajetória da "cantora" sabe que esse não é seu forte – mas se mostrou ao menos mais ativa fisicamente do que há alguns meses, dançando com mais energia do que nas primeiras aparições do lançamento do disco Femme Fatale.

Meia hora antes de o show começar, um cronômetro apareceu no telão. Pontualmente às 22h, começou o show de Britney. Não com ela no palco, mas com um vídeo inicial que mostraria o fio condutor da apresentação: primeiro, ela é perseguida pela S.W.A.T; depois, no decorrer do show, um homem é mostrado como uma espécie de stalker; e, no final, ela acaba rendendo-o.

Ao som de “Hold it Against Me”, Britney surgiu no palco. Celas individuais foram elevadas com seus bailarinos, enquanto ela dublava os versos deste que foi o primeiro single de Femme Fatale, álbum lançado em março. Na segunda música, “Up N' Down”, ela falou ao público de 30 mil pessoas pela primeira de poucas vezes: “E aí São Paulo? Como vocês estão se sentindo?”.

É sabido que shows de estrelas pop que se valem da dança como parte principal da apresentação são cronometrados como uma espécie de espetáculo teatral, mas o de Britney é tão milimetricamente ensaiado que nem suas falas variam. Ela não demonstra emoção, não dá um passo fora do previsto e não fala nada fora do script. Nem quando chama o público ao palco há naturalidade (um fã foi escolhido para se juntar à cantora em “Lace & Leather”, depois de ela dizer, como em outros shows: “É hora de achar um voluntário especial”; um grupo de pessoas foi chamado ao palco em “I Wanna Go”).

O set list de 20 músicas que vem sendo apresentado nesta turnê tem, sabiamente, apenas uma balada, “Don’t Let Me the Last to Know”. Mesmo durante a execução desta música (não há banda, diga-se, apenas dois músicos controlando teclados, sintetizadores e uma keytar), na qual ela permanece sentada em um balanço enquanto é alçada ao topo do palco, Britney não canta de fato.

Devido à extensa lista de hits da norte-americana, alguns acabaram ficando de fora, entre eles “Circus” e “Oops!... I Did it Again”. Visualmente, o show até é bem estruturado: ela surge dentro de caixas de som cenográficas em “Big Fat Bass”, que tem participação de Will.i.am nos telões; em “How I Roll”, um carro rosa aparece no palco; “Gimme More”, reduzida, tem fogos; em “...Baby One More Time” ela vem em cima de uma moto. Enquanto tudo isso acontece, os dançarinos seguram a bronca nas coreografias, distraindo o público quando Britney troca de figurino ou quando os passos exigem mais do que ela pode oferecer como bailarina.

Algumas das músicas foram mostradas em versões alteradas, quase sempre piores do que as originais. “If U Seek Amy” veio metida a jazzy, e “Toxic”, já no bis, saiu dos alto-falantes com uma péssima base full on que, no entanto, agradou aos fãs, que transformaram o Anhembi em uma enorme pista de dança. O show terminou logo em seguida, às 23h30, com “Till the World Ends”, com Britney vestida com um corpete de leds, o público segurando folhas de papel com a inscrição “OH” (em referência ao grudento refrão da música), fogos no palco e Britney sendo levantada acima da plateia, com asas.

No final, fica a impressão de que Britney Spears está muito melhor do há alguns anos, quando teve um colapso nervoso e sua imagem explorada à exaustão pelos paparazzi (a cena dela chorando, de cabeça raspada, já é um marco do pop dos anos 2000). Mas, ainda assim, ela está longe de estar em sua melhor forma. Embora ainda tenha algum carisma e o amor incondicional dos fãs, Britney é apenas um mero fantoche em seu espetáculo – e, ao que parece, não deve mais sair dessa condição.