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Conheça The Bunker Band, que venceu o concurso Rolling Stone RAD

O grupo carioca tem 15 anos de história, mas acaba de registrar o primeiro EP, The Story Hasn’t Been Told Yet, gravado usando guitarras e pedais fabricados pelo pai de dois dos integrantes

Lucas Brêda Publicado em 12/09/2014, às 19h24 - Atualizado às 20h02

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A banda carioca The Bunker Band, vencedora do <i>Rolling Stone RAD</i> - Divulgação
A banda carioca The Bunker Band, vencedora do <i>Rolling Stone RAD</i> - Divulgação

Foram 15 anos de acomodação, trocas de baixistas e ensaios em lajes e salões de festas. Em 2014, The Bunker Band decidiu lançar seis canções gravadas em casa, na forma do EP The Story Hasn’t Been Told Yet – e inscrever uma delas no concurso Rolling Stone RAD. A contagiante “The End” consagrou a banda como vencedora da competição, definindo um novo momento para os cariocas, que iniciaram essa jornada em outubro de 2011 ao resolverem de gravar as músicas há anos inéditas.

Rolling Stone RAD: The Bunker Band é a vencedora do concurso.

“Eu achava que faltava um registro”, conta o baixista Fernando Amaral, que entrou na banda em 2010, e impulsionou os companheiros a gravar as faixas que já faziam parte do repertório do grupo. “Antes a gente sonhava muito e não agia. Agora, estamos fazendo nosso trabalho e deixando as coisas acontecerem”, afirma o vocalista Daniel Gomez. A bateria de The Story Hasn’t Been Told Yet foi gravada em 2011 – primeiro e único instrumento registrado em estúdio –, mas as músicas só foram postadas na internet em julho deste ano, a tempo de “The End” participar do RSRAD.

Produzido em parceria com a West Coast, o RSRAD teve início no dia 18 de junho e foi o maior concurso de bandas independentes realizado pela publicação desde a chegada ao Brasil, há oito anos. Como vencedor, o grupo The Bunker Band será premiado com a gravação de um videoclipe oficial, a participação no programa Estúdio RS, e a chance de se apresentar no mesmo palco de Emicida no RS Live, evento musical realizado na sexta, 12, no Jockey Club de São Paulo.

Em 1999, quando Samuel Oliveira foi chamado para dar início a uma banda cover de Oasis, o guitarrista não imaginava que as semelhanças com o grupo britânico cresceriam tanto com o passar dos anos. Pouco tempo depois de começar a ensaiar, a Bunker Band (que ainda não usava este nome) já contava com Daniel Gomez, irmão de Oliveira, como vocalista.

Além de fazer um som que é descendente direto dos discos do Oasis, Gomez e Oliveira protagonizam pequenas discussões e discordâncias tão facilmente quanto conversam normalmente um com o outro – impossível não lembrar de Liam e Noel Gallagher, os irmãos que viveram brigas históricas e definiram o estilo do Oasis.

Contudo, Gomez e Oliveira citam também Beatles e Crosby, Stills & Nash (& Young) como outras influências passadas a eles pelo pai. É possível dizer que “Seu” Samuel é tão importante para The Bunker Band quanto os filhos, uma vez que ele é o responsável por fabricar todas as guitarras e pedais usados pela banda.

“Sem meu pai a gente não estaria aqui”, confessa o guitarrista, sem conseguir conter as lágrimas. “O que é isso, cara?”, rebate o irmão, dando sequência à entrevista: “Ele deu a oportunidade de termos os instrumentos – algo que, na época, não tínhamos condição financeira para comprar”.

“Ah, e eu fui salvo, né?”, diz o baterista Sérgio Scaramelo, puxando para si o assunto. “Quando você é criado no meio de pessoas que gostam de determinadas coisas, você acaba sendo influenciado”, segue. “Não teve jeito: eu gostava de música eletrônica – para não falar funk”, confessa, brincando, o baterista. “Graças a Deus que eu os conheci, porque passei a gostar de rock”.

Passando quase que por um renascimento, os cariocas do The Bunker Band não escondem a animação com as conquistas recentes, se perdendo com as datas de shows marcados no Rio de Janeiro - após o lançamento do EP, a banda tenta manter a média de uma apresentação por semana). Os integrantes do grupo, porém, preferem manter modestas as expectativas em relação ao futuro.

“Estamos aproveitando para divulgar nosso trabalho, mas sem sonhar muito”, diz Oliveira. “Não queremos ter uma grande frustração”, revela Amaral. “Viemos para São Paulo conversando: ‘Já pensou se alguém lá olha para a gente? Seria demais. Mas não vamos pensar nisso porque, se não acontecer, vamos voltar frustrados. A gente tem que dar o nosso melhor, e se alguma coisa acontecer, é lucro. Essa é a mentalidade”, conclui.

Olhando os arranha-céus de São Paulo pela janela da redação da Rolling Stone Brasil, Samuel indaga: “É longe lá?”, referindo-se ao Jockey Club, local do evento RS Live, onde o The Bunker Band se apresenta na sexta-feira, 12. O guitarrista parecia estar se perguntando sobre o tortuoso caminho para a consolidação como banda de rock no Brasil. Além de longa – e cheia de formas perigosas para cortar caminho –, a trajetória para o sucesso requer talento e suor. O primeiro passo, entretanto, já foi dado.