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Copa no Brasil: “Dá a impressão de que é uma festa na sua casa e você não foi convidado”, diz Canisso, do Raimundos

Após os xingamentos à presidente Dilma Rousseff durante o show d' O Rappa no João Rock, outros artistas comentaram a realização do evento da FIFA

Lucas Brêda, de Ribeirão Preto Publicado em 02/06/2014, às 11h01 - Atualizado às 13h02

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O Raimundos investe em nova fase
 - Patrick Grosner
O Raimundos investe em nova fase - Patrick Grosner

“Infelizmente, o legado que tem da Copa é um legado muito escroto, muito pequenininho, muito ‘nada a ver’”, disse o frontman do Rappa, Marcelo Falcão, durante a apresentação no festival João Rock, que aconteceu em Ribeirão Preto no último sábado, 31. Em seguida, o público se inquietou e iniciou um grito de “Ei, Dilma [Rousseff], vai tomar no...”, respondido por Falcão: “Eu jamais falaria isso, mas o desabafo não é meu não, é de vocês”.

Além do show do Rappa, que teve a última música interrompida no riff inicial, devido ao tempo usado por Falcão para falar sobre a Copa do Mundo. “É só um desabafo”, ainda disse o cantor da banda carioca. O sentimento iminente de relevância do assunto fez com que, ao longo do evento, outros artistas também expusessem seus pensamentos em relação ao evento da FIFA, que começa no próximo dia 12.

“Eu não estou vendo o Brasil de verde e amarelo. Tá tudo de preto”, disse Digão, do Raimundos, em entrevista à Rolling Stone Brasil. “Faltam poucos dias para a Copa e você não vê as bandeirinhas. O clima é de protestos e de indignação”, comentou o cantor e guitarrista. “Eu sou assim. Falei: 'não quero ganhar e nem gastar nenhum dinheiro com essa Copa. Eu gosto de futebol? Gosto. Vou ver jogo? Vou. Mas acho que o Brasil tem coisas muito mais importantes para fazer”.

O baterista da banda brasiliense, Caio, adicionou: “A gente não é contra a Copa. A gente é contra a corrupção”. O baixista Canisso também endossou. “Está um gosto de coisa rançosa”, disse, “ficou feio”. “Eles gastaram um monte fazendo uns puta de uns estádios bonitos para caramba. Quer dizer, dinheiro tem. Eles poderiam estar consertando o Brasil, consertando os hospitais, as escolas, mas falta vontade política”.

Pelo lado do Nação Zumbi, Jorge du Peixe confessou: “Eu não vou ver Copa. Não estou vendo Copa”. “Você acaba se contagiando, né? No Brasil todo mundo se apega muito a esse sentimento. Mas percebe-se que existe muita coisa acontecendo. Nunca aconteceu isso que está acontecendo no Brasil agora, com a Copa”, comentou. “Uma grande revolta. Uma corda no pescoço, muitas reivindicações. A Copa, de certa forma, virou uma moeda de troca, e eu não vejo como oportunismo, vejo como oportunidade das pessoas cobrarem o que está em falta no país – saúde, educação, tanta coisa”.

“Quantos elefantes brancos vão ficar por aí? Quantas edificações?”, prosseguiu o pernambucano. “É pensado, é tido e é dito como o país do futebol. É de se pensar e repensar essa ideia de país do futebol. É um país com muitos entraves, muitos problemas”. Du Peixe ainda fez referência a uma das músicas recentes do Nação Zumbi, cujo a palavra título – “Cicatriz” – “é muito forte”, segundo ele: “Vamos ver que cicatrizes restarão depois desta Copa aí”.

Canisso ainda afirmou que “adora futebol”, e “vai torcer do mesmo jeito”. Mas, para ele, “dá a impressão de que é uma festa na sua casa e você não foi convidado”.