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Dossiê Al Green: como o Guru do Amor se tornou a trilha que deveria ser ouvida por todos os apaixonados

Sendo uma das vozes mais reluzentes do soul, o artista dominou a arte de fazer e interpretar hits românticos

Nicolle Cabral Publicado em 27/07/2020, às 07h00

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Al Green posa para a capa de 'I'm Still in Love with You" (Foto: Reprodução)
Al Green posa para a capa de 'I'm Still in Love with You" (Foto: Reprodução)

Se quiser falar de amor, fale com o… Al Green. Afinal, no brilho dos anos 1970, nenhum cantor de soul soube combinar tão bem a explosão energética do ritmo com as linhas românticas escritas por ele.

Durante aquela década, a superprodução de Green também assumiu um papel interessante devido o sucesso comercial. "Let's Stay Together", "Tired Of Being Alone", "Simply Beautiful" e "I'm Still in Love with You" são alguns dos hits que supervalorizam o timbre inigualável do cantor e o colocaram em um patamar memorável que influencia artistas mais de 50 anos depois. 

Antes de chegar às 21 indicações ao Grammy Awards — no qual venceu em 11 categorias —, Al Green (de nome Albert Leornes Greene) começou a se apresentar por volta dos 10 anos ao lado dos irmãos. Ao chegar ao ensino médio, formou um grupo chamado Al Greene & the Creations, cujos dois integrantes Curtis Rodgers e Palmer James montaram a gravadora independente Hot Line Music Journal.

O primeiro lançamento oficial "Back Up Train", alcançou o topo das paradas de R&B. As sequências não chamaram tanto a atenção do público, porém, quando Green conheceu Willie Mitchell, as coisas mudaram. A partir daquele momento, o artista assinou com a Hi Records e a estreia Green is Blues foi o primeiro registro da escalada de sucesso. 

Let's Stay Together, contudo, foi o disco que o alavancou comercialmente. Gravado no Royal Recording Studio, em Memphis, o álbum tem uma qualidade implacável e a faixa que dá nome ao disco é uma das produções mais respeitáveis da carreira do artista. Com o passar dos anos, a cada novo registro, Green ficou notavelmente mais confiante e seguro de si e deu luz a mais de 30 discos.

Com uma figura cativante e compatível com todas as gerações que vieram depois dele, Al Green soube escrever muito bem sobre o imaginário acerca do amor — não é por menos que a figura dele esteja diretamente relacionada a esse assunto. Além das composições autorais, o músico também mostrou flexibilidade artística ao revigorar hits dos Beatles, Marvin Gaye, Bee Gees, The DoorsThe Temptations com batidas sensuais e ainda mais românticas. 

Sendo assim, a Rolling Stone Brasil separou algumas músicas que provam como Al Green se tornou a trilha perfeita quando o assunto é o amor. Veja abaixo: 

"Simply Beautiful" — I'm Still in Love With You (1972) 

Todos os detalhes sonoros captados no estúdio tornam a faixa mágica. Cantada de sussurro em sussurro e acompanhada por dedilhadas pontuais no violão, a música é o ponto alto do disco, ao lado de "Love and Happiness".

Ainda que a composição seja simples, assim como o verso "é simplesmente linda a maneira que você me ama", o falsete crescente de Green deixa a faixa arrepiante e passível de várias repetições. 


"Love and Happiness" — I'm Still in Love With You (1972) 

Como já citada acima, "Love and Happiness" é um dos grandes momentos de Green. Ao longo da faixa, ele reflete sobre o sentido das duas palavras (amor e felicidade) e quais são os elementos necessários para que elas ganhem o sentido que têm. "A felicidade é o momento em que você sente bem com alguém que você ama de verdade", enquanto o amor é sobre se abrir um com o outro e caminhar lado a lado. 


I Can’t Get Next to You — Gets Next to You (1971)

O amor, é claro, não é assunto um assunto resolvido para muitos de nós — inclusive para o próprio Al Green. Às vezes, ele passa corações partidos, idealizações ou até mesmo romances impossíveis. No caso de "I Can't Get Next to You", Green agarra a última opção. 

Lançada logo no início da carreira e repleta da elegância do blues, o músico lista todas as coisas que ele consegue fazer (isso inclui voar como um pássaro ou viver para sempre), exceto ficar com a pessoa que ele ama. 


"How Can You Mend a Broken Heart" —  Let's Stay Together (1972) 

Dono de um dos falsetes mais hipnotizantes da música, Al Green se destacou também pela versatilidade ao reinterpretar canções. A faixa em questão, escrita por Bee Gees, quando interpretada por Green ganha uma embalagem irresistível. 

Em "How Can You Mend a Broken Heart", amparado pela agitação das cordas de guitarra, o artista reflete sobre a solidão e faz com que essa sensação sombria soe incrivelmente bonita.


"Let’s Stay Together"  — Let’s Stay Together (1972)

Como uma das dez músicas mais ouvidas no topo das paradas, "Let's Stay Together" ainda liderou na 8ª posição durante dez semanas. "Eu estou tão apaixonado por você, que você pode fazer o que quiser que por mim, está tudo bem. Você me faz me sentir novo e eu quero passar a minha vida com você", canta em uma balada romântica.

Com o apoio da banda e backing vocals ardentes, Green declara o quão apaixonado ele está por alguém e embarcamos nessa ideia com ele. 


"Your Love Is Like The Morning Sun" — Call Me (1973) 

Faixa que integra o disco Call Me — um dos mais esquecidos da discografia de Green, porém brilhante —, "Your Love Is Like The Morning Sun" segue com o padrão de música soul refinada e deliciosa de ouvir. A brincadeira com o verso "O amor está no ar" aparece e Green anuncia: "eu não ligo". "O amor é o sol da manhã brilhando intensamente e sou eu que sinto falta dele agora".


"I Want to Hold Your Hand" — Cover Me Green (1995)

Em mais uma das interpretações de Green está o clássico dos Beatles, "I Want to Hold Your Hand". A faixa foi originalmente lançada em 1969, mas também ganhou espaço no disco Cover Me Green, de 1995.  Com um groove contagiante e falsetes descontraídos — ainda que perfeitamente encaixados —, a versão feita por Green chegou a ser eleita pela revista Paste como o melhor cover de Beatles. 


"Let's Get Married" — Livin' for You (1973) 

Com o auxílio da grandiosa banda, Green dá urgência ao pedido: "A ideia pode parecer um pouco estranha, mas não há tempo a perder. Vamos nos casar hoje, eu te amo de qualquer maneira". Independente do imaginário romântico que você escolher, Al Green estará lá.


+++ FREJAT: O DESAFIO É FAZER AS PESSOAS SABEREM QUE O DISCO EXISTE